terça-feira, 11 de outubro de 2011

São Bento Biscop


Nasceu em 628 em  Northumbria, Inglaterra como Benet Biscop, da nobreza Anglo-saxônica, cresceu na corte do Rei Oswy de Northumbria e ocupou postos oficiais no reino.Seguindo a uma peregrinação a Roma ele renunciou a sua fortuna e posição e dedicou aos estudos das escrituras e as orações. Foi monge no Monastério de São Honorato perto de Canes, França em 666 tomando o nome de Benedito (no Brasil Bento) e ali ficou por dois anos observando estritamente as rígidas regras da Ordem.
A sua terceira peregrinação a Roma em 69 coincidiu com a visita do Arcebispo eleito Wuighart de Canterbury que veio a falecer logo após a sua consagração. Teodoro foi selecionado para ser o novo Arcebispo de Canterbury e o Papa Vitalian ordenou que Biscop acompanhasse Teododo e São Adriano a Inglaterra como missionários. São Bento viajou entre a Inglaterra e Roma retornando sempre com livros e trazendo também mão de obra especializada para construir e enriquecer as igrejas da Grã-bretanha. Sua quarta jornada foi feita com vistas em se aperfeiçoar nas Regras Beneditinas e praticar uma vida monástica e quando ele ficava em Roma e visitava vários outros monastérios da Ordem.

Em 674 ele foi agraciado com vários acres de terra do filho de Oswy, Egfrid na foz do rio Wear em Wearmouth onde ele construiu uma grande igreja de pedra e um Monastério dedicado a São Pedro.
Ele foi o primeiro a introduzir janelas de vidro na Inglaterra, que ele trouxe da França junto com pedras e outros materiais. Seus pedreiros, vidraceiros e carpinteiros ensinaram suas especialidades aos Anglo-saxões. Ele não mediu esforços no sentido de buscar o melhor e o mais belo para embelezar a sua igreja em Wearmouth.
Da viajem em Roma em 679 ele trouxe o Abade John de Sanmartin, o cantor da Basílica de São Pedro em Roma.Para isso ele persuadiu o Papa Agatho que o Abade John instruiria os monges ingleses de modo que as músicas e as cerimônias em Wearmouth seguissem o modelo romano.
Depois de seu retorno a Roma John treinou sua classe no uso e na pratica da musica religiosa, liturgia hinos e cânticos. John também ensinou aos monges ler e escrever manuscritos e escreveu várias instruções litúrgicas romanas para eles.
Biscop principalmente trouxe muitos livros como um colecionar apaixonado, e os traduzia para língua inglesa. Ele desejava construir uma grande livraria no Monastério de Wearmouth. Ele também importou quadros e pinturas de Roma e de Viena bem como imagens coloridas e músicas.Entre os tesouros importados de Roma havia uma serie de pinturas das cenas dos Evangelhos, de Nossa Senhora dos Apóstolos, dos incidentes descritos no Livro das Revelações, tudo isto para ser colocado em sua igreja, um privilegio que assegurou a Wearmouth uma especial proteção da Santa Sé.
Bento também fez sua regra baseada na Regra de São Benedito, aperfeiçoando-a e com as dos 17 monastérios que havia visitado.Sem dúvida ele organizou um "escritorium" no qual foi escrito o manuscrito da Bíblia para o seu sucessor como Prior em Wearmouth que recebeu em 716 de presente do Papa Gregório II.
O livro foi identificado e certificado na Biblioteca Laurenciana em Florença em 1887, o famoso "Codex Amiantinus". Isto enriqueceu em muito a Igreja Inglesa. 
Por causa de seu monastério e sua igreja em Wearmouth, em 682 Egfrid deu a ele mais 400 agres de terra desta vez no rio Tyne. Ali ele construiu um segundo monastério a oito kilometros do Monasterio de São Pedro, e dedicado a São Paulo (hoje chamado Jarrow). Terminado em 685 ele se tornou um grande centro de ensino no Ocidente e o lar do Venerável Bede.
Por que São Bento estava sempre muito ocupado com seus afazeres ele delegava um pouco de sua autoridade. Em primeiro lugar, ele levou para ajudá-lo o seu sobrinho e em Jarrow ele colocou Ceofrid como encarregado. Enquanto Bento chefiava os mosteiros ele fez desses monges uma espécie de sub abades, na direção de duas fundações de modo que os monastérios não ficavam sem liderança durante sua ausência. Este procedimento foi copiado por muitos e é muito utilizado hoje em dia.  
Bento fez sua ultima viagem a Roma em 685 retornando com muito livros, imagens sacras e sedas para roupas finas as quais ele trocou na corte, por mais terras para seus monastérios.
Devido a São Bento é que muito material pode ser estudado por Bede e outros escolares e um sólido alicerce foi erigido para a gloria da Igreja Inglesa. Após sua morte só em Jarrow 600 escolares estudavam os livros, sem contar as centenas de visitantes. É também graças a ele que a Igreja de Northumbia passou do rito Céltico ao rito Romano.
No final de sua vida ele sofreu uma dolorosa paralisia de seus membros inferiores, mas durante os anos de seu confinamento em sua cama ele continuou seus trabalhos de traduzir varias obras importantes, antes de falecer aos 62 anos de idade no dia 12 de janeiro de 690.

Alguns historiadores insistem que a civilização aprendeu muito no século 18, graças aos monasterios fundado por São Bento Briscop.
A prova do culto bem cedo a São Bento Biscop vem de um sermão de Bede sobre ele (Homilia 17) para a sua festa, mas o culto tornou-se mais difundido quando do traslado de suas relíquias em 980.
As relíquias de São Bento Biscop estão atualmente a Abadia de Thorney, embora Glastonbury tambem insise que as possui.
Na arte litúrgica São Bento Biscop é mostrado como um abade em vestimentas episcopais com dois monastérios ao seu lado. As vezes ele é mostrado com o venerável Bede. Ele é o patrono dos beneditinos ingleses, pintores e músicos.
Sua festa é celebrada no dia 12 de janeiro.

Santa Amélia

Amélia viveu no século IV e seu nome tem uma origem incerta. Pode ter vindo do germânico Amelberga, que significa amiga protetora; ou derivar do grego Amalh (amále), cujo sinônimo é terna, delicada, sensível. E se nos deixarmos levar apenas pelo som do nome, veremos nos remete ao amor.

Amélia pertence a um numeroso grupo de mártires cristãos, que são fervorosamente lembrados pela Igreja. De sua vida não se sabe praticamente nada. Ela morreu no dia 5 de janeiro na cidade de Gerona, na Catalunha, Espanha.

Esta notícia foi trazida para a tradição católica, de um antigo Breviário de Gerona que possibilitou sua localização no período entre os anos de 243 a 313, do governo do imperador romano Diocleciano, que patrocinou a implacável perseguição aos cristãos.

Em 1336, o bispo de Gerona, descobriu as relíquias mortais dos mártires e dedicou à eles um altar na catedral da cidade. Depois através dos séculos estes mártires, elencados naquela longa lista conhecida como Martirológio Geronimiano, passaram a ser celebrados em vários grupos e em datas diferentes.

Isto porque, de alguns deles, além do referido Martirológio, outros documentos e as inscrições das lápides, revelaram o nome e mais alguma informação. Ao que parece todos seriam africanos, mas também não se tem certeza. A exceção de São Paolino e Sicio, com festa no dia 31 de maio, que eram antíoques.

Assim, o nome de Santa Amélia, nos reporta em todos os sentidos ao amor. Ela serve de exemplo para todos os peregrinos que procuram a igreja da catedral de Gerona, para reverenciar sua memória, agradecendo as graças alcançadas por sua intercessão. Aos devotos, ela lembra que na vocação cristã o martírio aparece como uma possibilidade pré anunciada na Revelação, que nunca deve ser esquecida durante a própria vida.

O mártir, sem dúvida, é o sinal daquele amor maior que contém em si todos os outros valores. A sua existência reflete a palavra suprema, pronunciada por Cristo na cruz: "Perdoa-lhes, ó Pai, porque não sabem o que fazem" (Lc 23, 34).

O culto litúrgico à Santa Amélia, no dia 5 de janeiro, foi mantido como indica o Martirológio. Ela que com o seu testemunho mostrou o que é o verdadeiro amor cristão, pois anunciou o Evangelho, dando a vida por amor.

São Francisco de Sales; Bispo, Doutor da Igreja


Príncipe de Genebra - Padroeiro dos jornalistas Católicos
Fundador da Congregação da Visitação
(21/08/1567 - 28/12/1622)
Francisco de Sales, tão conhecido e tão amado de todos, nasceu em 21 de agosto de 1567, no castelo de Sales, a três léguas de Annecy. Teve por pai Francisco conde de Sales, e por mãe Francisca de Sionas ambos de ilustre nascimento, mas muito menos recomendáveis pela nobreza do sangue do que pela piedade que professavam. Desde os primeiros meses de gravidez, a condessa de Sales ofereceu ao Senhor a criança que trazia, rogando-lhe, com os sentimentos da mais terna devoção, que a preservasse da corrupção do século e a privasse, antes, do prazer de se ver mãe a permitir que desse à luz uma criança bastante infeliz para tornar-se, um dia, seu inimigo pelo pecado.

"Nasceu Francisco ao cabo de sete meses, apesar das precauções tomadas pela mãe, o que fez com que nos primeiros anos fosse extremamente fraco. Houve muito trabalho para criá-lo, e várias vezes desesperaram os médicos de salvar-lhe a vida. Escapou, entretanto, aos perigos

Da infância e tornou-se grande e robusto. Descobriu-se nele, à medida que as feições se lhe iam formando, um; uma beleza e um encanto que não permitiam que se visse, sem amá-lo. Ao exterior tão vantajoso, unia uma natureza excelente uma grande penetração de espírito, uma rara modéstia, uma singular doçura e absoluta submissão aos pais e mestres.

A condessa, cuidadosa em afastar do filho tudo quanto tivesse até a aparência do vício, não o perdia um instante de vista. Levava-o à igreja e inspirava-lhe um profundo respeito pela casa de Deus e por todas as coisas da religião; lia-lhe a vida dos santos e aliava a tal leitura reflexões. Quis, até, que a acompanhasse quando visitava os pobres, que lhes prestasse os pequenos serviços de que era capaz e distribuísse esmolas. O menino correspondeu perfeitamente aos cuidados tomados pela virtuosa mãe para formá-lo aos exercícios da piedade cristã. Fazia as orações com um recolhimento e uma devoção que não eram próprios da sua idade. Amava ternamente os pobres, e quando já não tinha o que lhes dar, solicitava em favor deles a liberalidade de todos os parentes; poupava uma parte da nutrição para melhor assistir a eles. Tinha a sua sinceridade alguma coisa de extraordinário; todas às vezes, em que lhe acontecia tombar nos erros costumeiros dos meninos, preferia ser castigado a evitar o castigo por uma mentira. A condessa de Sales, conhecedora dos perigos tão comuns nas escolas públicas, pretendia que a elas não fosse enviado o filho, e que, pelo contrário, se contratassem mestres capazes, de lhe ensinar as letras humanas; mas o conde, sabendo que a emulação não contribuiu pouco para o progresso dos meninos nas ciências divergiu, e persuadiu-a de que Deus conservaria disposições de que era autor. O jovem conde, que ainda não contava seis anos, foi enviado ao colégio da Roche, de onde se transferiu, em seguida, para o de Annecy. Os progressos distinguiram-no, em breve, dos coetâneos. Unia a maior aplicação a uma excelente memória, viva concepção, sólido julgamento; as lições dos mestres não bastavam para ocupá-lo, e ele as completava com outros exercícios adequados a lhe ampliar os conhecimentos; mas o seu amor ao estudo não prejudicava os deveres da piedade. Na distribuição dos momentos, sabia arranjar intervalos para nutrir o coração com a leitura de bons livros, sobretudo com a da vida dos santos. Disposições tão raras num menino fizeram com que o conde de Sales julgasse perder o filho o tempo em Annecy; resolveu, pois, em 1578, mandá-lo a Paris para lá terminar os estudos. Tinha então Francisco onze anos.

A condessa, que ia perder o filho por longo tempo, redobrou de zelo para firmá-lo na virtude. Recomendava-lhe, sobretudo o amor de Deus e da prece, a fuga do pecado e das ocasiões que a ele conduzem. Repetia-lhe freqüentemente estas palavras que a rainha Branca costumava dizer a São Luís: "Meu filho, preferiria ver-vos morto a saber que cometestes um único pecado mortal”. No dia marcado para a partida, rumou para Paris, sob a guia de um sacerdote hábil e virtuoso. Cursou retórica e filosofia no colégio dos jesuítas com o mais brilhante êxito; enviaram-no, em seguida, à academia, para que aprendesse a montar a cavalo, a manejar as armas, a dançar, enfim tudo quanto não podia ignorar um gentil homem da sua qualidade. Não sentia o menor interesse por tais exercícios; mas por ser-lhe lei nviolável cumprir a vontade dos pais, não deixou de ter êxito e adquirir aquele aspecto à vontade que sempre conservou. Não se aplicando a tais exercícios senão à guisa de diversão, cultivou sempre os primeiros estudos e aprendeu também hebraico, grego e teologia positiva de fama, então, em Paris. Passaram-se seis anos.

Entretanto, os estudos de que acabamos de falar não constituíam a única ocupação de Francisco. Despendia grande parte do tempo nos exercícios de piedade, a fim de animar todos os seus atos de um espírito de cristianismo. O Seu maior prazer era ler e meditar a Sagrada Escritura; depois do divino livro, não havia outro cuja leitura mais o encantasse do que o Combate espiritual, do qual nunca se separava. Procurava a companhia dos virtuosos, e comprazia-se acima de tudo com a do padre Ange de Joyeuse. o qual, de duque e marechal da Franca, se fizera capuchinho. As conversações do santo varão sobre a necessidade de mortificação levaram o jovem conde a acrescentar às suas devoções comuns a de usar o cilício três vezes por semana. Fez, ao mesmo tempo, voto de castidade perpétua na igreja de Santo Estêvão des Grés, aonde ia freqüentemente orar, por se tratar de lugar retirado e afastado do tumulto; colocou-se, em seguida, sob a proteção particular da Santa Virgem, a quem rogou fosse sua advogada ao pé de Deus, e lhe obtivesse a graça da continência. Chegou, então, o momento determinado por Deus para provar o servidor. Densas trevas se lhe espalharam no espírito, uma violenta agitação substituiu a profunda paz de que desfrutara até então e o jovem caiu numa secura e melancolia de desesperar; finalmente, persuadiu-se que Deus, a quem tanto amava, o incluirá no número dos reprovados. A medonha idéia o lançou em temores que não podem ser conhecidos senão dos que sofreram a mesma tentação, Francisco transcorria os dias e às noites chorando e lamentando-se. Espalhou-se-lhe pelo corpo a icterícia, e ele não lograva comer nem beber nem dormir. O seu preceptor, que ternamente o amava, afligia-se com o estado em que o via tanto mais que lhe buscava inutilmente a causa. Deus, enfim, permitiu que a calma se sucedesse à tormenta. Tendo Francisco regressado à igreja de Santo Estêvão des Grés, sentiu que lhe renascia a confiança à vista de um quadro da Santa Virgem. Prosternou-se diante da mãe de Deus, e, reconhecendo-se indigno de dirigir-se diretamente ao Pai de toda consolação, suplicou-lhe intercedesse em seu favor e lhe obtivesse, ao menos, a graça de amar de todo o coração, sobre a terra, um Deus que ele teria a desventura de odiar eternamente após a morte. Mal estava feita a prece, que a perturbação desapareceu; pareceu-lhe que lhe tiravam um peso enorme do coração, e recobrou imediatamente a tranqüilidade de que antes gozava.

Tendo terminado os estudos acadêmicos aos dezessete anos de idade, foi chamado de volta pelo pai, o qual em 1584, o mandou estudar em Pádua, sob a guia do famoso Guido Pancirola. Nessa cidade, ligou-se o jovem ao padre Antônio Possevin, a quem incumbiu de lhe dirigir a consciência e os estudos teológicos. O piedoso e sábio jesuíta explicava-lhe a Suma de Tomás de Aquino, e com ele lia as controvérsias do cardeal Belarmino; mas tratava menos de torná-lo sábio do que firmá-lo nos caminhos da perfeição onde caminhava a largos passos. Francisco preparou uma regra de vida que nos foi, conservada pelo sobrinho, e nela se nota, entre outras coisas, que se mantinha sempre na presença de Deus, que a tudo fazia para lhe agradar, e que lhe implorava o auxílio da graça no começo de cada um dos seus atos. Soube conservar uma castidade inviolável no meio da corrupção reinante em Pádua. As armadilhas preparadas pelos libertinos contra a sua inocência não serviram senão para multiplicar-lhe os triunfos e fazer rebrilhar a fidelidade votada ao Senhor.

Uma perigosa enfermidade, que o atacou na mesma cidade lhe ministrou a ocasião de mostrar como estava separado do mundo e submetido aos decretos da divina providência. Chamaram-se os mais hábeis médicos, e eles, após esgotarem inutilmente todos os recursos da arte, declararam que o jovem conde era incurável. Somente ele não se alarmou com o seu estado; esperava com resignação, e até com júbilo, o momento em que a alma, livre dos laços do corpo, se abismaria no seio da Divindade. O seu preceptor, acabrunhado pela mais amarga das dores, perguntou-lhe banhado em lágrimas, o que desejava que fizessem do seu corpo depois da morte. "Seja dado, respondeu Francisco, aos estudantes de medicina, para que o dissequem. Considerar-me-ei feliz se, após ter sido inútil na vida, for de alguma utilidade depois da morte; com isso, impedirei também algumas das disputas que se erguem entre os estudantes de medicina e os parentes dos mortos que eles desenterram". Deus, porém, que tinha os seus planos quanto ao servidor, devolveu-lhe a saúde, contra toda e qualquer esperança, e em pouco tempo o repôs em condições de reiniciar os estudos. Terminado o curso, recebeu o qrau de doutor, apôs sair-se das provas comuns com uma superioridade de inteligência tal que fez com que o admirassem todos os sábios de Pádua.

Enquanto o jovem conde, que tinha então vinte e quatro anos, se preparava para regressar para a família, recebeu uma missiva do pai, pela qual se lhe ordenava viajasse è Itália. Partiu, pois, para Ferrara de onde se transferiu para Roma. Quando se viu nesta cidade, o seu primeiro cuidado foi visitar os santos lugares. Enternecido à vista do túmulo dos mártires, não conseguiu refrear as lágrimas. Os restos da magnificência da antiga Roma lhe lembravam o nada das grandezas humanas, e cada vez mais apertavam os laços sagrados que o ligavam a Deus. De Roma, foi a Nossa Senhora de Loreto, após o que percorreu as mais famosas cidades da Itália. Finalmente, terminada a viagem, retomou o caminho da pátria. Toda a família o acolheu com as maiores demonstrações de júbilo. Fundava nele as mais lindas esperanças, vendo-o reunir no grau mais eminente todas as qualidades de espírito e coração. Com efeito o jovem conde encantava quantos o conheciam. Cláudio de Granier, bispo de Genebra, e Antônio Faure ou Fabre, que mais tarde foi primeiro presidente do senado de Chambéry, mal o conheceram, por ele conceberam os mais sinceros sentimentos de estima e amizade, e, embora o nosso santo ainda fosse apenas leigo, o bispo chegava a consultá-lo sobre questões eclesiásticas.

Sendo Francisco o filho mais velho da família, o pai havia-lhe arranjado um rico partido, e obtivera-lhe do duque de Sabóia as provisões de um cargo de conselheiro no senado de Chambéry. Mas o jovem recusou uma e outra coisa, sem ousar entretanto declarar o projeto que nutria de adotar o estado eclesiástico; abriu-se apenas com o preceptor, a quem rogou conversasse com o pai. Não quis o mestre incumbir-se de missão tão delicada, e até empregou todo o prestígio de que dispunha no espírito do aluno para fazê-lo abandonar tal resolução. Francisco dirigiu-se, então, a Luís de Sales, seu primo, cônego da catedral de Genebra, para obter o consentimento do pai, e tão bem o colocou nos seus interesses, que conseguiu êxito, mas após grandes dificuldades.

O prebostado da igreja de Genebra estava vago na época. Luís de Sales pediu-o ao papa para o seu parente, e obteve-o. O jovem conde, que ignorara inteiramente os passos do primo, recebeu com grande surpresa a nova da sua nomeação a tal dignidade; protestou que a não aceitaria, e só à custa de muito trabalho puderam determiná-lo a tomar posse. Mal recebeu o diaconato, incumbiu-o o seu bispo do ministério da palavra. Os primeiros sermões lhe atraíram grande reputação e produziram os maiores frutos. Efetivamente, possuía todas as qualidades exigidas para ter êxito em tal gênero, tinha aspecto grave e modesto, voz forte e agradável, ação viva e animada, mas sem pompa e sem ostentação; falava com uma unção que demonstrava dar ele aos outros um pouco da abundância e plenitude do seu coração Antes de pregar, cuidava de se renovar perante Deus por meio de gemidos secretos e preces fervorosas Estudava aos pés do crucifixo mais ainda que nos livros, persuadido de que nenhum pregador é capaz de produzir frutos, se não é homem de oração.

Quando viu aproximar-se o dia em que seria elevado ao sacerdócio, preparou com fervor celestial, e recebeu, com a imposição das mãos, a plenitude do espírito sacerdotal. Obrigou-se a oferecer todos os dias o santo sacrifício da missa, e fazia-o com piedade verdadeiramente angelical. Todos se sentiam penetrados da mais terna devoção, ao vê-lo no altar. Os olhos e o rosto brilhavam-lhe vivamente, tão grande era a atividade do fogo divino que lhe ardia no coracão. Após a missa, que costumava dizer de manhãzinha, ouvia as confissões de quantos se lhe apresentassem. Gostava de percorrer as aldeias, para instruir aquela parte do rebanho de Jesus Cristo que vive, geralmente, numa profunda ignorância dos seus deveres; a sua piedade, o desinteresse, a caridade para com os enfermos e os pobres o faziam querido nos lugares pelos quais passava, e lhe atraiam a confiança do povo. Os pobres aldeões, cuja rudeza repugna às almas comuns, considerava-os filhos; vivia com eles, como se lhes fora pai, compadecia-se das suas necessidades, e a todos dispensava auxílio. Nada, porém, lhes conquistava os corações como a inalterável doçura. Nascera vivo e colérico. A força de estudar a doçura na escola de Jesus Cristo, tornou-se o mais meigo dos homens. O remédio melhor que conheço contra as súbitas emoções de impaciência, disse ele, é o silêncio doce e sem fel. Por poucas que sejam as palavras proferidas, esgueira-se nelas o amor próprio, e escapam coisas que lançam por vinte e quatro horas o coração na amargura. Quando não dizemos uma palavra, e sorrimos de coração despreocupado, passa a tormenta; afasta-se a cólera e a indiscrição e desfruta-se uma alegria pura e duradoura. Foi particularmente por tal doçura sobrenatural que ele converteu setenta e dois mil hereges.

Um ano depois de ter sido ordenado sacerdote, erigiu em Annecy a confraria da Cruz. Empenhavam-se os confrades em instruir os ignorantes, consolar os enfermos e prisioneiros, evitar qualquer processo. Um ministro calvinista valeu-se da oportunidade para escrever um libelo, sem nome de autor nem de impressor contra a honra que os católicos prestavam a Cruz. Francisco de Sales refutou-o com a primeira das suas obras O ESTANDARTE DA CRUZ, dividida em quatro livros: Da honra e virtude da Cruz, Da honra e virtude da imagem da Cruz, Da honra e virtude do sinal da Cruz, Da qualidade da honra que se deve à Cruz.

Havia cinco ou seis séculos que a cidade de Genebra vivia, católica e feliz, sob o governo espiritual e temporal dos seus bispos. Pela metade do século dezesseis, a apostasia de Lutero foi nela introduzida à força pelos tiranos municipais de Berna, e definitivamente organizada pelo apóstata Calvino, de Noyon. As melhores famílias de Genebra, para permanecerem fiéis à fé dos pais, preferiram o exílio à apostasia e servidão; a nova população de Genebra apóstata formou-se do refugo da antiga e talvez mais ainda da canalha bastarda dos padres e monges apóstatas, a pior espécie entre a pior gente. A nova Genebra chamava-se a Roma protestante: era como se o inferno se chamasse o céu invertido.

Tendo-se Genebra tornado apóstata, de mêdo a Berna, os dois cantões se valeram da guerra entre Francisco I e o duque Filiberto de Sabóia para arrancar a este último o ducado de Chablais, com os três distritos de Gex, Terny e Gaillard, e deles expulsar a religião católica. Restabelecida a paz, sob Henrique II, com o duque, foram os protestantes obrigados a lhe desenvolver o Chablais e os três distritos, mas com a Cláusula de que a religião católica não seria restabelecida. Pela morte de Filiberto e a subida ao trono de Carlos Emanuel, seu filho, os suíços e os genebrianos romperam o tratado, caindo de improviso sobre as regiões. O novo duque retomou-as deles, e resolveu restabelecer a religião católica, não se ligando mais a um tratado rompido pela parte contrária. Entretanto, não o quis fazer pela força, como tinham feito Berna e Genebra, preferindo começar pela doçura. Com tal intuito, pediu ao bispo de Genebra, residente em Annecy, missionários capazes, pela virtude e doutrina, de tornar a levar ao seio da Igreja as populações do Chablais e dos três distritos, transviados, havia sessenta anos, pela heresia. O bispo, Cláudio de Granier, falou eloqüentemente ao seu clero, oferecendo colocar-se pessoalmente à testa dos missionários. Um único se revelou pronto, e foi Francisco de Sales, seu primo. Francisco foi declarado chefe da missão, sendo todos da opinião de que o bom bispo, sobretudo por causa da idade avançada, não devia aparecer, no começo. O conde de Sales que conhecia o caráter arrebatado dos calvinistas, temia pela vida do filho e tudo envidou para demover de semelhante empreendimento. Francisco apresentou-lhe tão boas razões, que lhe obteve o consentimento. Imediatamente, pegando Luís de Sales pela mão: vamos, disse-lhe, para onde nos chama Deus. Há várias lutas em que somente se consegue a vitoria pela fuga. Uma demora mais dilatada serviria apenas para enfraquecer; e outros, mais generosos do que nós, poderiam muito bem ganhar a coroa que nos estava reservada.

Na fronteira do Chablais, Francisco ajoelhou-se, e, debulhado em lágrimas, rogou a Deus que lhes abençoasse a entrada e a estada naquela província.

Depois abraçando ternamente o primo Luís, disse; tenho uma idéia; entramos nesta província para nela desempenhar as funções dos apóstolos. Se quisermos ter êxito, nunca os imitaremos em demaisa. Mandemos de volta os nossos cavalos, caminhemos a pé e contentemo-nos, como eles, do necessário. Luís de Sales consentiu, e ambos chegaram ao pé de Allinges, praça forte no alto de uma pequena montanha separada das outras. O barão de Hermance, varão sábio e amigo do santo, comandava pelo duque de Sabóia. Conduziu os dois missionários à plataforma do castelo, de onde a vista se estendia sobre todo o país. Francisco observou de todos os lados igrejas abatidas, mosteiros arruinados, cruzes derrubadas, cidades, burgos e castelos destruídos, funestas conseqüências da heresia e da guerra por ela atraída a tão bela província. Para reparar tantos desastres, ficou combinado que era mister começar a missão por Thonon, capital do Chablais, pouco distante de Allinges, aonde era preciso voltar todas as noites, pois Thonon, inteiramente calvinista, não oferecia nem segurança nem abrigo aos missionários.

Francisco, acompanhado de Luís de Sales e de um único criado, pôs-se a caminho. A sua bagagem consistia numa sacola onde só havia uma Bíblia e um breviário; caminhava a pé, apoiado a um bordão, e percorria diariamente duas boas léguas, através de uma região bastante rude, para ir deitar-se em Allinges; não partia sem celebrar a santa missa e nutrir-se do pão dos fortes. Era simples o hábito que usava, e, costumando-se naquela época usar botas, empregava-as comumente, de modo que, estando na moda os cabelos curtos e a barba cheia, pouco diferia no exterior dos próprios seculares, que se gabavam de alguma modéstia. Serviu tal para dar-lhe entrada na casa de alguns calvinistas, que conquistou finalmente para a Igreja. Pela mesma razão de uma caridosa condescendência, resolveu jamais empregar termos injuriosos ao falar dos hereges e da doutrina deles, e não opor aos seus ultrajes e maus tratos senão uma invencível doçura e paciência.

Os magistrados de Thonon, todos calvinistas, prometeram exteriormente obedecer às cartas do governador, que lhes ordenava proteger os dois missionários; mas desde o primeiro dia, pensou o povo em sublevar-se. Em Genebra, que dista apenas umas quatro ou cinco léguas, chegaram a ponto de quase empunhar as armas. Luís de Sales estremeceu, mas Francisco o tranqüilizou, dizendo-lhe, entre outras coisas, que o costume do povo era fazer muito barulho e que, quando se tivesse bastante firmeza para não ficar assombrado, por si próprio se habituaria às coisas que, antes, lhe tinham parecido esquisitíssimas.

Tendo o governador escrito novas cartas aos magistrados de Thonon, Francisco foi recebido com mais consideração, mas em breve verificou que havia severa proibição de ouvi-lo, de sorte que estava sozinho, como num deserto. Não deixava de ir todos os dias a Allinges, e partia freqüentemente, com tempo tão duro e incômodo, que os camponeses mais robustos não ousavam aventurar-se. A chuva, a neve, o gelo, os ventos mais terríveis a própria noite, não eram capazes de o impedir. Às vezes, apoderava-se dele o frio a ponto de imobilizá-lo e pô-lo em perigo de morrer, mas nada era capaz de lhe deter nem tampouco de lhe afrouxar o zelo.

Foi tão rigoroso o inverno daquele ano e tão intenso o frio, que os seus pés e pernas estavam rachados. Um dia, tendo partido mais tarde do que habitualmente, de Thonon para regressar a Allinges, surpreendeu-o a noite. Perdeu-se, e, após ter percorrido inutilmente um bom trecho de caminho, chegou muito tarde a uma aldeia cujas casas se achavam fechadas. A terra estava coberta de neve e era tão violento o frio que até durante o dia os camponeses se viam obrigados a permanecer fechados com os seus rebanhos. Bateu o santo em todas as portas, rogando aos moradores por tudo o que era capaz de comovê-los que o não deixassem morrer de frio. Ninguém lhe abriu; eram todos calvinistas, e, por cúmulo de azar, o criado o nomeara, julgando inspirar neles alguma consideração. Deus, porém, que jamais abandona os seus, o fez encontrar, naquela emergência, o forno da aldeia, ainda quente. Lá se alojaram como puderam, e foi o que lhes salvou a vida.

julgou morrer, de outra feita, pela dureza dos moradores de outra aldeia. Chegara de noite no meio de uma furiosa chuva, mas não logrou arranjar abrigo, por mais que rogasse, e viu-se obrigado a passar a noite exposto à chuva, louvando a Deus, como os apóstolos, por ter julgado conveniente fazê-lo sofrer pela glória do seu nome.

Certa vez, a saída de Thonon, retirando-se para Allinges, encontrou um calvinista que, movido pelos seus bons exemplos e pelos incríveis trabalhos que se dava todos os dias, em prol da salvação de um povo até então pouco reconhecido, lhe suplicava pelo amor de Deus que o instruísse sem tardança na religião católica. Francisco empreendeu imediatamente a tarefa, apesar das censuras do primo, que lhe rogava deixasse o caso para o dia seguinte, visto que a noite se aproximava e que era mister atravessar uma floresta. O que Luís previra sucedeu: Francisco demorou-se tanto tempo com o calvinista, que a noite os surpreendeu à entrada da floresta, e tornou-se tão trevosa, que foi impossível descobrir o caminho. Entretanto, os uivos dos lobos, os gritos dos ursos e dos demais animais selvagens descidos das montanhas vizinhas, tinham algo de tão terrível, que não era possível deixar de ficar aterrado; o criado morria de medo; Luís de Sales não se sentia mais seguro. Somente Francisco, cheio de confiança, os consolava e lhes prometia, por sua parte, livrá-los do perigo como livrara Daniel da fossa dos leões. Naquele mesmo instante, tendo-se levantado a lua, percebeu que não estavam longe duma construção arruinada, onde havia ainda restos de cúpula capaz de abrigá-los das injúrias do tempo. Entraram e lá passaram o resto da noite. Francisco, todavia, não conseguiu pregar olho. Percebeu, ao luar, que aquelas ruínas eram as de uma igreja destruída pelos hereges. Passou a noite gemendo, como o profeta sobre as ruínas de Jerusalém.

No entanto, não via Francisco nenhum resultado dos seus trabalhos no Chablais, quando Deus lhe suscitou auxiliares de um novo gênero. Os soldados da guarnição de Allinges, impressionados pela sua virtude, converteram-se, alguns do calvinismo à fé católica, e todos a uma vida melhor. Indo freqüentemente a Thonon, a mudança deles causou lá profunda impressão e diminuiu singularmente a aversão experimentada contra o varão apostólico. Vendo este que não mais o evitavam tão intensamente, pôs-se a fazer visitas a particulares cuja estima e afeto conquistou pelos encantos da sua doçura e polidez, enquanto os ministros huguenotes só se distinguiam pela arrogância e soberba. Ao mesmo tempo, soube Francisco que dois gentis homens, seus conhecidos, se batiam em duelo. Imediatamente acorreu, e, com perigo da própria vida, os separa e leva a se abraçarem. Deus fez mais: tocou-lhes o coração, e ambos fizeram uma confissão geral e tornaram-se fervorosos cristãos. Um deles, distinto na carreira das armas, habitava uma casa de campo na vizinhança de Thonon. Visto que as pessoas ilustres da região lhe faziam freqüentes visitas, falou-lhes do santo varão com tal entusiasmo, que todos manifestaram grande desejo de vê-lo e falar-lhe. O gentil homem ofereceu a sua casa para tanto. E lá se realizaram, a partir de então, conferências entre Francisco de Sales e os principais calvinistas do país.

Expôs, sobre os principais pontos de controvérsia, o que a Igreja católica acreditava e o que rejeitava. Os presentes ficaram maravilhados de saber que a Igreja católica não admitia absolutamente as enormidades que lhe imputavam os ministros huguenotes nos seus sermões, e que, pelo contrário, a sua doutrina era o bom senso e a própria moderação. Tendo-se espalhado a noticia, os pregadores huguenotes sustentaram que a doutrina católica não era a que Francisco expusera. Escreveu-a ele, então, nos termos do concílio de Trento, e ofereceu aos pregadores esclarecimentos em conferências pacíficas, quer escritas, quer orais. Não aceitaram nem uma coisa nem outra, e resolveram mandar matar o gentil homem católico que cedia a casa a Francisco. Um gentil homem calvinista, parente do primeiro, incumbiu-se do ato. Foi, portanto, procurá-lo, como que para distrair-se. Conduziu-o, o outro expressamente a um passeio solitário e disse-lhe: meu amigo, sei que plano tendes; vindes aqui assassinar-me; entretanto não temais, pois se a vossa religião vos leva a matar amigos e parentes, a minha me obriga, a exemplo de Jesu Cristo, a perdoar aos mais cruéis inimigos. Abraça-o com cordial amizade. O calvinista confunde-se a mais mais inviolável amizade. Não se detém nisso: pede-lhe entrevistas particulares com Francisco e torna-se católico tão fervoroso quão fervoroso calvinista havia sido.

A conversão desse homem, a exposição impressa da doutrina católica, a que nenhum pregador ousava responder, causaram grande impressão em todo o país. Os calvinistas cada vez mais numerosos iam ouvir Francisco. Os pregadores resolveram, então matá-lo, e para tanto contrataram os serviços de dois profissionais. Mas os católicos, avisados, escoltaram Francisco no seu regresso a Allinges. Mal entraram num bosque por onde era mister passar, saíram os dois assassinos dentre as moitas em que se haviam ocultado, e avançaram de espada na mão. Francisco não perde a habitual firmeza. Proíbe aos que o acompanham que se sirvam de armas, vai ao encontro dos matadores, e diz-lhes com inalterável doçura: enganai-vos, meus amigos; aparentemente nada tendes contra um homem que, bem longe de vos ter ofendido, seria capaz de dar a vida por vós. Aquelas palavras acalmam num instante a cólera dos assassinos, que por algum tempo permanecem imóveis para, logo depois, lançar-se aos pés do santo, e pedir-lhe perdão, protestando que no futuro não disporia de servidores mais fiéis nem mais dispostos a segui-lo fosse onde fosse. Francisco erque-os, abraça-os ternamente e lhes aconselha se afastem para evitar a perseguição do governador da província, o qual não teria tanta indulgência quanto ele.

Com efeito, tomou o governador medidas para agarrar os culpados. Francisco se empenhou inutilmente para impedí-lo. O governador quis, ao menos, dar-lhe uma escolta de seis soldados. Francisco, pelo contrário, pediu-lhe licença, e terminou por obter, a força de rogos, permissão para ir viver em Thonon, onde então havia vários católicos. Receberam-no estes com inexprimível júbilo, como recebiam os primeiros católicos aos apóstolos. Francisco, por sua vez, mantinha o seu ministério de maneira digna de Deus. Nada escapava à sua caridade e aos seus cuidados; empregava os dias no ensino e nas conferências, na visita aos pobres e enfermos, passando as noites no estudo, na prece e na reconciliação dos pecadores. A vida lhe sustentava as pregações, e as pregações completavam o que os bons exemplos tinham começado.

Tantas virtudes atraiam diariamente para a Igreja novos fiéis, mas, simultaneamente, aumentava a fúria dos hereges. Que fazemos? perguntavam. Eis um homem que conquista insensivelmente a estima do povo; consideram-no um apóstolo, e nós perdemos todos os dias um pouco de prestígio. Esperaremos que nos reduza a mendigar o pão e que estabeleça o papismo sobre as ruínas dos nossos templos? Se o deixarmos terminar o que começou, o duque de Sabóia virá, e valendo-se do pequeno número a que ficaremos reduzidos, estabelecerá a sua autoridade sobre a ruína dos nossos privilégios e nos reduzirá a uma triste servidão. A conclusão foi ser necessário desfazer-se de tal homem. De fato na noite seguinte, estando Francisco a passar uma parte dela na oração, ouviu uma bulha de armas e em seguida o ruído de várias pessoas que falavam baixinho. Percebendo que a casa fora invadida, ocultou-se. Nem bem o fizera, a porta foi abatida e os assassinos entraram dando grandes gritos e procurando-o por toda parte. Não o encontrando, supuseram que tivesse ido visitar um enfermo, e retiraram-se. Tendo sabido, depois, que estava em casa, acusaram-no de ser feiticeiro. Um calvinísta chegou até a jurar que o vira no sabá e que lá o tinham em grande consideração. Francisco, sabedor de tal, limitou-se a sorrir; depois, fazendo o sinal da cruz: eis, disse, os feitiços de que me sirvo; é com este sinal que espero vencer o inferno, e nunca entrar em acordo com ele.

Entretanto, após as reiteradas tentativas de assassínio, o presidente Faure, o bispo de Genebra, e sobretudo o conde de Sales, pai, instaram, por escrito, com Francisco para o obrigarem a deixar Chablais e voltar para Annecy, onde o seu zelo não careceria de oportunidade. O pai lhe repetia o que já dissera ao bispo: considerar-me-ia felicíssimo por ter santos em minha casa, mas preferiria que fossem confessores e não mártires.

Francisco pensava de outro modo. Tranqüilizou os amigos e o pai. Aquelas tentativas de assassínio se voltavam contra os autores; dizia-se, por toda parte, que se os pregadores de Thonon e de Genebra tinham certeza da sua doutrina, não recorreriam a semelhantes violências, aceitando, pelo contrário, as conferências que Francisco não cessava de lhes propor. Eram, enfim, convidados, a proceder assim. Apesar dessas provocações, mantiveram-se calados. Mas Francisco não se calou: uma única das suas pregações, converteu seiscentas pessoas. Os pregadores huguenotes reuniram-se em consistório em Thonon, para estudar o mero de deter os progressos daquele novo conquistador; propuseram-se três ou quatro soluções; a conclusão foi que se não tomou nenhuma. Francisco não procedeu da mesma maneira: provocou-os e por vários escritos, a uma conferência pública. Foram, por fim, obrigados a aceitar. No dia combinado, porém, recuaram, com o pretexto de lhes faltar a autorização do soberano, duque de Sabóia. Foi em vão que Francisco lhes mostrou que a autorização do governador da província era bastante e que ele lhes garantiria a do soberano. Nada se concluiu. Somente um dos pregadores, envergonhado do recuo dos co-irmãos, aceitou uma conferência particular com Francisco. O resultado foi que abjurou os erros e se fez católico. Os demais envidaram todos os esforços para o atraírem de novo ao seu seio. Não o conseguindo, acusaram-no, fizeram-no condenar a morte e executar tão depressa, que Francisco não teve tempo de solicitar o perdão ao duque de Sabóia. Aquela violência horrorizou todos, e aumentou as conversões, em vez de as impedir. O advogado Poncet, renomado em Genebra e em toda a província, declarou-se católico, e o seu exemplo foi seguido de grande número de pessoas de todas as categorias. A conversão do barão d'Avully foi a mais ruidosa. Era ele chefe do partido calvinista no Chablais. Desposara mulher católica, a quem esperava converter ao calvinismo; mas encontrou-a tão culta quão virtuosa. Arraniou-lhe ela algumas conferências com Francisco de Sales, e o homem notou imediatamente que não era sua esposa, mas ele próprio quem estava errado. As conversações mantidas com Francisco de Sales foram escritas e enviadas aos pregadores de Genebra e Berna. Nem uns nem outros responderam. O barão d'Avully quis que se soubesse em todo o país, e até em Genebra, o dia em que iria abjurar. Convidou quanta gente pôde, declarou publicamente os motivos da sua conversão, e foi recebido na comunidade católica, na presença de todo o povo de Thon e de grande número de calvinistas de Genebra,

Francisco converteu e reconduziu ao seio da Igreja setenta e dois mil hereges. Entre os próprios católicos, converteu um número não menos considerável de pecadores. Os seus escritos, em particular a Introdução à vida devota e o Tratado do amor de Deus, iluminam e entretém a devoção num sem número de fiéis: a ordem da Visitação, que estabeleceu com Santa Francisca de Chantal, e que pôs em Paris sob a direção de São Vicente de Paulo, não cessa de conduzir à perfeição um grupo seleto de almas fervorosas. O santo morreu em Lião, em 28 de dezembro de 1622. Foi canonizado em 1665 pelo papa Alexandre VII, que lhe fixou a festa em 29 de janeiro, dia no qual o seu corpo foi levado para Annecy, e Pio IX, atendendo ao pedido de muitos bispos, proclamou São Francisco de Sales Doutor da Igreja, em 1877. Em 1923, Pio XI o declara padroeiro da boa imprensa e dos jornalistas católicos.

Além da Congregação das Visitandinas, ele inspirou, mesmo após a morte, vários clérigos e várias congregações, as quais se formaram sob seu patronato: entre outras, os Missionários de São Francisco de Sales, de Annecy; a Ordem dos Salesianos, fundada em Turim, Itália, por Dom Bosco e devotado ao ensino cristão de crianças pobres; e a Oblatas de São Francisco de Sales, fundada em Troyes, França, pelo Padre Brisson.

São Francisco de Sales escreveu em francês, e nós conhecemos alguns dos seus livros. Leiamo-los com particular devoção. Roguemos ao nosso santo compatriota que nos obtenha de Deus a graça de tirar proveito dos seus exemplos e escritos, de modo tal que nos tornemos seus compatriotas no céu.


.Fonte: Padre Rohrbacher, Vida dos Santos, Tomo II.
Obs: Possui alguns acréscimos necessários!

São Basílio Magno, Bispo e Doutor da Igreja

     Comemoração litúrgica: 2 de janeiro  -
ORDEM DE SÃO BASÍLIO MAGNO - OSBM
São Basílio é o legislador das regras da Ordem, que tem origem na metade do século IV 
                                               
São  Basílio, este grande  doutor da Igreja, nasceu  em 330, na cidade de Cesaréia, na Capadócia,  como o mais velho de quatro irmãos, dos quais três alcançaram a  dignidade episcopal.  De cinco irmãs, a mais velha, Macrina, dedicou a sua vida a  Deus. 
Os pais do nosso Santo, Basílio e  Emélia, eram ricos  e  gozavam  de grande estima. Criança ainda,  Basílio foi acometido de grave doença,  da qual a  oração do pai maravilhosamente o curou. Entregue aos cuidados de sua avó, Macrina,  recebeu Basílio as  primeiras  instruções na prática cristã.  Mais tarde, começou os estudos em Cesaréia, contemplando o curso em Constantinopla onde se ligou a São Gregório Nazianzeno em íntima amizade.   Quando voltou a Cesaréia, estava morto já o pai.  O exemplo e  as  palavras animadoras da  avó Macrina, confirmaram-lhe o desejo de abandonar o mundo e levar uma vida de penitência e abnegação.  Neste intuito,  visitou diversos  eremitas no Egito, Síria, Palestina e Mesopotâmia, voltando para cesaréia com disposição ainda maior de  realizar esse plano.  O bispo Diânio, conferiu-lhe o leitorado.  Diânio, embora fiel à Religião Católica, por umas  declarações feitas nos concílios de Antioquia e Sárdica,  fez com que a ortodoxia fosse posta em dúvida.  Basílio, profundamente entristecido com esse  fato e para não se expor  e perder a  fé, com grande pesar  se separou do bispo,  a  quem dedicava grande amizade, e  dirigiu-se para Ponto, onde a  santa mãe e uma irmã tinham fundado um convento para donzelas cristãs. 
       Basílio, imitando o exemplo, tornou-se fundador  de um convento para homens, cuja direção foi, mais tarde, entregue a  seu irmão, São Pedro de Sebaste. A essas duas fundações, seguiram-se outras e cresceu consideravelmente o número de conventos no Ponto.  Foi nesta época, em que Basílio escreveu obras belíssimas sobre a vida religiosa,  compôs a regra da vida monástica, que até hoje é observada pelos monges da Igreja Oriental. 
         São Basílio assim se  tornou o pai do monaquismo na Igreja Oriental. 
        A vida de São Basílio era regida por uma austeridade, que causava admiração a  todos.  Ele,  fundador da Ordem, era a regra viva, dando a todos os religiosos o exemplo de todas as virtudes monásticas.  Era tão magro que parecia só pele e osso.  Aos 49 anos já era velho.  Entretanto,  fraco de  corpo, era  um herói  de  espírito. 
     O bispo Diânio, estando gravemente enfermo, mandou chamar para perto de si o santo amigo.  Sucedeu-lhe no bispado Eusébio, de  quem  Basílio  recebeu o presbiterato, com a  ordem de pregar.  Basílio continuou a  vida austera, como se estivesse no meio dos confrades.  Como, porém,  a  fama  de santIdade e  sabedoria do santo servo de Deus, começasse a incomodar e irritar ao bispo Eusébio,  Basílio retirou-se  para a solidão.  Não podiam ficar desapercebidos os sentimentos rancorosos de  Eusébio, o qual, intimado pelas  reclamações e ameaças do povo, tratou de  reabilitar o suposto êmulo.  A insistente propaganda do Arianismo, a calamidade pública, provocada  por uma grande carestia,  a direção de diversos conventos de ambos os sexos, tornaram necessária e imprescindível a  presença de Basílio em  Cesaréia.
       Os serviços que naquela ocasião prestou à população,  quer como pregador,  quer como confessor e  esmoler,  foram tantos que o próprio bispo, de desafeto que era, se lhe tornou um dedicado amigo e nada fazia, sem antes se  aconselhar com Basílio. 
       Eusébio morreu em 370 e teve por sucessor Basílio, o qual,  como  arcebispo de Cesaréia, veio a ser um astro luminoso da  Igreja Oriental.  Cumpridor dos deveres episcopais, modelo exemplaríssimo em todas as virtudes, era Basílio um baluarte fortíssimo do catolicismo contra os contínuos e  rudes ataques da heresia ariana, cujos defensores mais ardentes e poderosos se  achavam nas imediações do imperador Valente, o qual,  por sua vez,  era  adepto fanático da seita.  Valente não podia de bons olhos,  observar o desenvolvimento grandioso que a  arquidiocese de Cesaréia tomava, sob a direção do  santo pastor.  Uma comissão imperial, chefiada pelo valente capitão Modesto, seguiu com ordens especiais para Cesaréia, para por um paradeiro à atividade  apostólica de Basílio.
        O êxito dessa missão foi tão humilhante para os emissários, que maior não podia ser.  Com todas as instruções de que eram portadores, com todas as  lisonjas e ameaças, com todas as  argumentações sutis e  sofísticas,  não puderam impedir  que o espírito, a inteligência, a coragem e  a  intrepidez do santo arcebispo,  se  mostrassem de  uma superioridade admirável. Em três audiências, para as  quais  convidaram Basílio, este respondeu com tanta mansidão, clareza e energia, que no relatório que apresentaram ao imperador, confessaram redondamente a derrota. 
          Valente, em conseqüência desse fracasso, não mais importunou os  católicos.  Por ocasião da festa da Epifania foi ele mesmo a Cesaréia assistir ao Santo Sacrifício celebrado por Basílio.  Tão admirado ficou da majestade e  esplendor da  santa função que,  embora não se atrevesse  a  receber a Santa Comunhão  das mãos do arcebispo,  foi com os fiéis fazer oferenda, a qual,  aceita por Basílio que, por motivos  de prudência, julgou conveniente dispensar, por esta vez,  o rigor das leis  disciplinares da Igreja.  Valente caiu em si e  começou a tratar os católicos com mais clemência e  tolerância. 
          Não estavam  com isto de  acordo alguns palacianos,  os quais  lançando mão de todos os  meios,  conseguiram, por fim,  um decreto que ordenava a expatriação de Basílio.  No dia em que devia ser executada a  iníqua  sentença, caiu gravemente enfermo o único filho do imperador, e no estado de saúde da imperatriz se deram manifestações alarmantes de perturbações sérias.  Entre dores e desesperos, dizia  ela ao imperador que não havia dúvida tratar-se de  um justo castigo de  Deus. 
       Basílio foi reabilitado e com grandes honras  recebido no palácio imperial.  Valente prometeu ao arcebispo a  educação do príncipe herdeiro na religião Católica, se lhe alcançasse Deus o restabelecimento do mesmo.  De fato, o príncipe sarou, mas o imperador, não cumprindo depois a palavra, teve o desgosto de  perder o filho.  Recomeçaram, então,  as  maquinações  contra Basílio.  Estava lavrada a ata, que ordenava o exílio do arcebispo.  Três vezes, o imperador se dispôs a  dar-lhe assinatura e três vezes, quebrou-se-lhe a pena. Assustado com este fato, Valente tomou do papel e, com a mão trêmula,  rasgou o documento. Nunca mais se abriu campanha contra o santo.
           Modesto fez as pazes  com Basílio.  Um outro oficial, Eusébio,  que tinha dado ordem de prisão ao bispo,  retirou-a diante da atitude ameaçadora do povo, em defesa de seu pastor. 
           À tempestade, seguiu a bonança.  Basílio pôde com tranqüilidade e paz, dedicar-se aos trabalho do apostolado.  O ano de 379 trouxe-lhe a recompensa do céu.  As últimas palavras que disse, foram:  “Senhor, em vossas  mãos restituo minha alma”.  Morreu com 49 anos de idade.  Figura entre os quatro grandes doutores da Igreja do Oriente. 
Reflexões
São Basílio não hesitou em abandonar o próprio bispo Diânio, quando este começou a travar relações com os hereges.  “No meio de maus e perversos, será mau e perverso igualmente” (II Re 22-27).  Quantos  exemplos não provam  a  verdade  desta palavra do Espírito Santo.  Referimos apenas  dois:  Salomão, o monarca mais sábio do seu tempo,  afastou-se do caminho de  Deus,  fazendo-o rodear de mulheres  pagãs, cujas divindades chegou a adorar.  Dina, impedida pela curiosidade, foi ter com as  filhas de Cana (idólatras) e voltou desonrada, causando esta  desonra a  morte de  muita gente.   Que diz a experiência dos nossos dias? Não são muitos os  católicos que perderam  a fé, devido à relações que tiveram  com seitas  estranhas e ímpios?  Quantas donzelas, quantos jovens choram amargamente a  perda da inocência, resultado da liberdade  que se permitiram, com pessoas do outro sexo?  Que foi que perverteu o moço,  filho de família honrada, a ponto de  ser objeto de desprezo de todos  que o conhecem?  Unicamente a má companhia.  Que levou o esposo, antes exemplar,  a  atentar contra a santidade do matrimônio, senão a companhia de maus elementos? 
A vida e o exemplo  de São Basílio  ensinam-nos que devemos fugir,  como da peste, da influência maligna de más  companhias. Um olhar indiscreto fez com que Davi, o homem segundo o coração de Deus, caísse em pecados gravíssimos, tornando-se adúltero e  assassino. Somos  nós mais  santos que Davi, mais  sábios que Salomão? 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

São Raimundo de Penaforte

Raymon de Peñaforte.jpgMestre Geral da Ordem dos Pregadores
Nascimento c. 1175 em Vilafranca del Penedès, Espanha
Morte 6 de Janeiro de 1275 em Barcelona, Espanha
Veneração por Igreja Católica
Canonização 29 de Abril de 1601 por: Papa Clemente VIII
Principal templo Catedral de Barcelona, Espanha
Festa litúrgica 7 de Janeiro
Padroeiro:Lei canónica; advogados canônicos; advogados da Espanha.
Raimundo de Penaforte, do catalão Raimon de Penyafort (Vilafranca del Penedès, c. 1175 - Barcelona, 6 de Janeiro de 1275) é o santo patrono da lei canónica e dos advogados canônicos.
Raimundo dedicou-se desde jovem aos estudos filosóficos e jurídicos. Aos 20 anos de idade ensinava filosofia e direito canónico em Barcelona, onde foi cónego. Em 1210 foi ensinar para Bolonha (Itália), onde ficou até 1222. Foi capelão do papa Alexandre IV, e confessor de do rei Jaime I de Aragão, ao qual repreendeu pela vida licenciosa.
Entrou depois na Ordem dos Pregadores, no convento de Santa Catalina e fez uma interveção na proclamação da cruzada contra Maiorca.
A sua colaboração com Pedro Nolasco foi essencial na fundação da Ordem de Nossa Senhora das Mercês para a Redenção dos Cativos, obtendo o consentimento de Jaime I para a fundação da Ordem.

Organização da Lei Canónica

Por ordem do Papa Gregório IX, voltou a Roma em 1230 para editar a colecção das «Decretais» e fazer a codificação da Lei canónica, que previamente estava espalhada por inúmeros documentos. A sua orgazição tornou-se um padrão por quase 700 anos, e a Lei canónica foi completamente codificada só em 1917.
Porém, quando o Papa disse que iria nomeá-lo Arcebispo de Tarragona, sentiu-se tão consternado que caiu gravemente enfermo. Quando os seus conhecidos amigos Dominicanos de Bolonha chegaram em Barcelona, abandonou tudo para vestir o hábito branco de São Domingos.

Conversões e repressão de outros credos

Em 1238 tornou-se terceiro Superior da Ordem Geral dos Dominicanos, por dois anos visitando a pé todos os conventos da Ordem. Redigiu também as suas novas constituições, promulgadas em Paris em 1240), apesar de renunciar ao seu cargo alegando motivos de fraca saúde, o que não deixa de ser irónico para quem viveu até cerca dos 100 anos.
Durante este tempo dedicou-se a converter judeus e muçulmanos ao cristianismo, e para cumprir este objectivo introduziu o ensino das línguas árabe e hebraica nas escolas dos dominicanos.
Exercendo a sua influência sobre o Jaime I de Aragão, persuadiu-o a convocar um debate público sobre o judaísmo e o cristianismo, entre Moshe ben Nahman (também chamado El Rab de España ou Bonastruc de Porta), um rabino de Gerona, e Pablo Christiani, um judeu convertido de Montpellier que pertencia à Ordem Dominicana. Neste debate, que teve lugar no palácio real de Barcelona (20-24 de Julho de 1263), na presença do rei e do alto clero, Raimundo teve um papel importante. Liderava os teólogos presentes e, com a concordância do rei, deu liberdade de expressão ao rabino, mas observando que não deveria blasfemar contra o cristianismo. A isto, Moshe ben Nahman respondeu que sabia o que as leis da propriedade exigiam. No sabbath imediatamente após o debate, os cristãos visitaram a sinagoga, onde Raimundo pregou a Santíssima Trindade, refutada pelo rabino.
Raimundo obteve a permissão de Jaime I para que Pablo Christiani continuasse as suas viagens missionárias, e também a ordem para que todos os judeus sob a sua soberania fossem obrigados a ouvir os sermões deste e de todos os outros dominicanos. Para além disso, deu um prazo de três meses para eliminar dos livros destes tudo o que estivesse contra a religião cristã. A comissão de censura nomeada consistia em Arnaldo de Guerbo, bispo de Barcelona, Raimundo, e os dominicanos Arnoldo de Legarra, Raymundo Martin (autor de Pugio Fidei) e Pedro de Janua, ou Génova.

Últimos anos

Aos 70 anos voltou a ensinar. Foi também um escritor fecundo. Entre os seus escritos, destaca-se a Summa Casuum para a administração recta e proveitosa do sacramento da Penitência, e também a Summa de poenitentia et matrimonio, a Summa contra gentes sobre muçulmanos e judeus e a Summa pastorales.
Raimundo morreu em 6 de Janeiro de 1275 e está enterrado na catedral de Barcelona. O papa Clemente VIII procedeu à sua canonização em 29 de Abril de 1601. É o santo padroeiro da Lei canónica e dos seus advogados, e na Espanha é padroeiro de todos os advogados. A sua festa religiosa celebra-se a 23 de Janeiro.
O Estado espanhol, por decreto de 23 de Janeiro de 1944, instituiu a condecoração honorífica «Cruz de San Raimundo de Peñafort» visando premiar aqueles que por relevantes méritos se distingam na administração da justiça e no estudo do direito em todos os seus ramos.

IMPERDÍVEL!!!

EXORCISTA ESCLARECE O DOM DO DISCERNIMENTO