quarta-feira, 23 de maio de 2012

S. Luís Orione (1872-1940)

Fundador da Ordem dos Orionitas
Filhos da Divina Providência - FDP

Luís Orione nasceu em Pontecurone, um pequeno município na Diocese de Tortona, no Norte da Itália, no dia 23 de junho de 1872. Aos treze anos foi recebido como Aspirante num Convento Franciscano em Voghera, uma cidade próxima na Região de Pavia; saiu um ano depois devido a doença. De 1886 a 1889 foi aluno de Dom Bosco no Oratório Salesiano de Valdocco em Turim.
No dia 16 de outubro de 1889 entrou no Seminário Diocesano de Tortona. Ainda jovem seminarista se dedicava a obras de solidariedade para com os necessitados, participando da «Sociedade de Socorro Mútuo São Marciano» e das Conferências Vicentinas. No dia três de Julho de 1892 abriu seu primeiro Oratório, um centro de educação cristã e de recreação para os meninos pobres. No ano seguinte, no dia 15 de Outubro de 1893, Orione um seminarista de 21 anos, fundou no Bairro de São Bernardino um Colégio, com escola em regime de internato, para rapazes de famílias pobres. 
No dia 13 de abril de 1895, Luís Orione foi ordenado sacerdote e, no mesmo dia, o bispo deu a batina a seis alunos do Colégio com vocação sacerdotal. Numa seqüência rápida, o Pe. Luís Orione abriu novas fundações em Mornico Losana na Região de Pavia, em Noto na Sicília, em Sanremo e em Roma.
Ligados a Dom Orione se uniram Seminaristas e Padres que formaram o primeiro núcleo de uma nova Família Religiosa a «Pequena Obra da Divina Providência». Em 1899 Dom Orione deu início a mais um Ramo da nova Congregação: os «Eremitas da Divina Providência». O Bispo de Tortona, Dom Igino Bandi, com Decreto datado de 21 de Março de 1903, deu aprovação canônica aos «Filhos da Divina Providência», Congregação Religiosa de Padres, Irmãos e Eremitas da Família da Pequena Obra da Divina Providência. A Congregação e toda a Família Religiosa se propunha «trabalhar para levar os pequenos os pobres e o povo à Igreja e ao Papa, mediante obras de caridade», desejando consagrar-se com um IV Voto «de especial fidelidade ao Papa». Já nas Primeiras Constituições de 1904 constava também o propósito de «trabalhar pela união das Igrejas Separadas».
Animado por uma grande paixão pela Igreja e pelas Almas, Dom Orione se envolveu ativamente nos problemas emergente da época: a luta pela liberdade e a unidade da Igreja, a questão romana, o modernismo, o socialismo, a evangelização das massas operárias. Dom Orione teve atuação heróica no socorro às vítimas dos terremotos de Reggio e Messina (1908) e da Marsica (1915). Por decisão do Papa São Pio X, foi nomeado Vigário Geral da Diocese de Messina por 3 anos.
Vinte anos depois da fundação dos Filhos da Divina Providência, em 29 de junho de 1915, surgiu como novo ramo a Congregação das «Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade», Religiosas movidas pelo mesmo carisma fundacional. Ao novo ramo se associaram as «Irmãs Sacramentinas Adoradoras não videntes» e algum tempo depois as «Contemplativas de Jesus Crucificado».
O Pe. Luís Orione se empenhou em organizar grupos Leigos: as «Damas da Divina Providência», os «Ex-Alunos» e os «Amigos». Nos anos seguintes, outros grupos foram constituídos como o «Instituto Secular Orionita — ISO» e o amplo leque de Associações do «Movimento Laical Orionita — MLO».
Depois da primeira Grande Guerra (1914-1918) multiplicaram-se as escolas, colégios, colônias agrícolas, obras caritativas e sociais. Entre as muita obras, as mais características foram os «Pequenos Cotolengos», instituições destinadas aos mais sofredores e abandonados, localizadas nas periferias das grandes cidades, para serem «novos púlpitos» a anunciarem Jesus Cristo e sua Igreja e para serem «faróis de fé e de civilização».
O zelo missionário de Dom Orione cedo se manifestou com o envio de Missionários ao Brasil em 1913 e, em seguida à Argentina e ao Uruguai (1921), à Palestina (1921), à Polônia (1923), a Rodes (1925), aos Estados Unidos (1934), á Inglaterra (1935) e à Albânia (1936). Dom Orione esteve pessoalmente como missionário, duas vezes, na América Latina: em 1921 e nos anos de 1934 a 1937, no Brasil, na Argentina e no Uruguai, tendo chegado até ao Chile.
Recebeu grandes demonstrações de estima de Papas e de Autoridades que lhe confiaram missões importantes e delicadas, para sanar feridas profundas no seio da Igreja e da Sociedade e em difíceis situações de relacionamentos entre a Igreja e a Sociedade civil. Foi Dom Orione pregador popular, confessor e organizador de peregrinações, de missões populares e de presépios vivos.
Grande devoto de Nossa Senhora, propagou de todos os modos a devoção mariana e ergueu santuários, entre os quais o de Nossa Senhora da Guarda em Tortona e o de Nossa Senhora de Caravaggio; na construção desses santuários será sempre lembrada a iniciativa de Dom Orione de colocar seus clérigos no trabalho braçal ao lado dos mais operários civis.
Em 1940, Dom Orione atacado por graves doenças de coração e das vias respiratórias foi enviado e praticamente forçado pelos médicos e confrades a se retirar para São Remo; foi para lá protestando: «não é entre as palmeiras que eu quero viver e morrer, mas no meio dos pobres que são Jesus Cristo». E ali, três dias depois de ter chegado, morreu no dia 12 de Março, sussurrando suas últimas palavras: «Jesus! Jesus! estou indo».
O corpo foi sepultado devotamente na cripta do Santuário da Guarda e encontrado incólume vinte e cinco anos depois, em 1965. No dia 26 de Outubro de 1980, João Paulo II declarou Dom Orione bem-aventurado, tendo sido canonizado em 16 de maio de 2004 .

HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II NA CERIMÓNIA DE
CANONIZAÇÃO DE SEIS BEATOS
16 de Maio de 2004
1. "Dou-vos a minha paz!" (Jo 14, 27). No tempo pascal, escutamos muitas vezes esta promessa de Jesus aos seus discípulos. A paz verdadeira é fruto da vitória de Cristo sobre o poder do mal, do pecado e da morte. Aqueles que O seguem fielmente tornam-se testemunhas e construtores da sua paz.
Nesta luz, apraz-me contemplar os seis novos Santos:  Luís Orione, Aníbal Maria Di Francia, José Manyanet y Vives, Nimatullah Kassab Al-Hardini, Paula Isabel Cerioli e Joana Beretta Molla.
2. "Homens que expuseram a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (Act 15, 26). Estas palavras dos Actos dos Apóstolos podem aplicar-se oportunamente a São Luís Orione, homem totalmente entregue à causa de Cristo e do seu Reino. Sofrimentos físicos e morais, cansaços, dificuldades, incompreensões e obstáculos de todos os tipos marcaram o seu ministério apostólico. "Cristo, a Igreja e as almas dizia ele são amados e servidos na cruz e na crucifixão, ou não são de modo algum amados nem servidos" (Escritos, 68, 81).
O coração deste estrategista da caridade foi "ilimitado, porque se dilatou com a caridade de Cristo" (Ibid., 102, 32). A paixão por Cristo foi a alma da sua vida audaciosa, o impulso interior de um altruísmo sem reservas, a fonte sempre fresca de uma esperança indestrutível.
Este filho humilde de um pedreiro proclama que somente a caridade salvará o mundo" (Ibid., 62, 13) e a todos repete que a alegria perfeita não pode existir, senão na perfeita dedicação de si mesmo a Deus e aos homens, a todos os homens" (Ibidem).
3. "Se alguém me ama, guarda a minha palavra" (Jo 14, 23). Nestas palavras evangélicas, apresenta-se-nos delineado o perfil espiritual de Aníbal Maria Di Francia que, o amor ao Senhor, o estimulou a dedicar a existência inteira ao bem espiritual do próximo. Nesta perspectiva, ele sentia sobretudo a urgência de realizar este mandato evangélico:  "Rogate ergo... Por isso, pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara!" (Mt 9, 38).
Aos Padres rogacionistas e às Irmãs Filhas do Zelo Divino, deixou a tarefa de se empenharem com todas as forças, a fim de que a oração pelas vocações fosse "incessante e universal". O Pe. Aníbal Maria Di Francia dirige este mesmo convite aos jovens do nosso tempo, resumindo-o na sua exortação habitual:  "Apaixonai-vos por Jesus Cristo!".
Desta intuição providencial nasceu no interior da Igreja um grande movimento de oração pelas vocações. Formulo votos de coração para que o exemplo do Pe. Aníbal Maria Di Francia oriente e sustente esta acção pastoral também no tempo presente.
4. "O Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, Ele ensinar-vos-á todas as coisas e far-vos-á recordar tudo o que Eu vos disse" (Jo 14, 26). Desde o princípio, o Paráclito suscitou homens e mulheres que recordaram e difundiram a verdade revelada por Jesus. Um deles foi José Manyanet y Vives, verdadeiro apóstolo da família. Inspirando-se na escola de Nazaré, ele realizou o seu projecto de santidade pessoal e dedicou-se, com abnegação heróica, à missão que o Espírito lhe confiava. Por isso, fundou duas Congregações religiosas. Um símbolo visível do seu anseio apostólico é também o templo da Sagrada Família, de Barcelona.
Que São José Manyanet abençoe todas as famílias e vos ajude a levar os exemplos da Sagrada Família aos vossos lares!
5. Homem de oração, apaixonado pela Eucaristia, que ele gostava de adorar prolongadamente, São Nimatullah Kassab Al-Hardini é um exemplo tanto para os monges da Ordem libanesa maronita, como para os seus irmãos libaneses e para todos os cristãos do mundo. Ele entregou-se totalmente ao Senhor, numa vida de grande renúncia, demonstrando que o amor a Deus constitui a única fonte verdadeira de alegria e de felicidade para o homem. Ele dedicou-se à busca e ao seguimento de Cristo, seu Mestre e Senhor.
Acolhendo os seus irmãos, aliviou e curou muitas feridas nos corações dos seus contemporâneos, dando-lhes testemunho da misericórdia de Deus. Possa o seu exemplo esclarecer o nosso caminho e suscitar, em particular nos jovens, um verdadeiro desejo de Deus e de santidade, para anunciar ao nosso mundo a luz do Evangelho!
6. "O Anjo... mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia do céu" (Ap 21, 10). A maravilhosa imagem proposta pelo Apocalipse de João exalta a beleza e a fecundidade espiritual da Igreja, a nova Jerusalém. Desta fecundidade espiritual é uma testemunha singular Paula Isabel Cerioli, cuja existência foi copiosa de frutos de bem.
Contemplando a Sagrada Família, Paula Isabel intuiu que as comunidades familiares permanecem sólidas, quando os vínculos de parentela são sustentados e consolidados pela partilha dos valores da fé e da cultura cristã. Para difundir estes valores, a nova Santa fundou o Instituto da Sagrada Família. Com efeito, ela estava convencida de que, para crescerem seguros e fortes, os filhos têm necessidade de uma família sadia e unida, generosa e estável. Que Deus ajude as famílias cristãs a acolher e a dar testemunho do amor de Deus misericordioso em todas as circunstâncias.
7. Do amor divino, Joana Beretta Molla foi uma mensageira simples mas mais significativa do que nunca. Poucos dias antes do matrimónio, numa carta enviada ao futuro marido, escreveu:  "O amor é o sentimento mais bonito que o Senhor colocou na alma dos homens".
Seguindo o exemplo de Cristo, que "tinha amado os seus... amou-os até ao fim" (Jo 13, 1), esta santa mãe de família manteve-se heroicamente fiel ao compromisso assumido no dia do matrimónio. O sacrifício eterno que selou a sua vida dá testemunho de que somente quem tem a coragem de se entregar totalmente a Deus e aos irmãos se realiza a si mesmo.
Possa a nossa época descobrir de novo, através do exemplo de Joana Beretta Molla, a beleza pura, casta e fecunda do amor conjugal, vivido como resposta ao chamamento divino!
8. "Não fiqueis perturbados, nem tenhais medo!" (Jo 14, 27). As vicissitudes terrestres destes seis novos Beatos impelem-nos a perseverar no nosso próprio caminho, confiando na ajuda de Deus e na protecção maternal de Maria. Que agora, do céu, eles velem sobre  nós  e  nos  sustentem  com  a  sua  poderosa intercessão.

IMPERDÍVEL!!!

A consciência e a vida correta