quarta-feira, 8 de maio de 2024

Quem não acredita na existência do demônio não pode dizer-se católico

"Qualquer pessoa que não acredite na existência do demônio, não pode dizer-se católica". 

É o que aponta o presidente da Associação Internacional para o Ministério de Libertação da Renovação Carismática Católica (RCC) e vice-presidente da Associação Internacional de Exorcistas, Padre Rufus Pereira.

O exorcista autorizado pelo Vaticano e pároco da Arquidiocese de Bombaim, na Índia, esteve na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP), entre os dias 14 e 23 deste mês. Conduziu dois Acampamentos de Cura e Libertação, um retiro com cerca de 100 padres e atendeu em coletiva de imprensa o Sistema Canção Nova de Comunicação.

Para padre Rufus, o motivo pelo qual muitos na Igreja não se preparam para ajudar os fiéis que sofrem interferência do demônio ocorre pelo fato de nunca terem tido uma experiência com o sofrimento dos possessos e nem terem visto como a libertação pode acontecer.
O sacerdote também é diretor do Instituto Bíblico Carismático Católico e foi recentemente integrado ao órgão internacional da RCC, o ICCRS, em Roma.

1. Canção Nova:
A existência do demônio e sua ação sobre o mundo é algo que está na doutrina da Igreja. Mas por que muitos não acreditam na existência e no poder dele sobre a humanidade?

Padre Rufus:
Bem, por um lado está bem claro em certo entendimento, no entendimento dos católicos, por meio da Bíblia, de todos os documentos da Igreja nesses dois mil anos e de todos os ministérios passados, nesses últimos anos, estão certos de que o demônio existe.

Infelizmente, muitos professores acadêmicos - tenho medo de que até homens da Igreja - negam a existência do demônio. Padre Gabrielle Amorth, presidente da Associação dos Exorcistas, na qual fui vice-presidente por 10 anos, é muito firme em dizer que qualquer pessoa que não acredite na existência do demônio, não pode dizer-se católica.
A razão pela qual eu acredito que muitos neguem a existência do demônio é porque eles nunca tiveram uma experiência com os sofrimentos de outras pessoas com relação a isso e nunca viram como elas podem ser libertas. Eu desafio todos os homens de dentro da Igreja: venham e vejam apenas um caso e saberão que o inimigo existe e que Jesus é o único que pode libertá-los.

2. Canção Nova:
E a formação dos futuros sacerdotes, em grande parte dos seminários, que não aborda temas como a ação do demônio e não os ensina a lidar com este tipo de situação?

Padre Rufus:
É muito, muito triste que, – os que estão sendo treinados para ser soldados de Cristo e alcançar a vitória para o bem de todos –, não saibam quem é realmente o inimigo de Deus. Felizmente, há alguns poucos lugares nos quais está havendo algumas mudanças. Um exemplo disso é que o reitor do seminário em Praga, na capital da Tchecoslováquia, convidou-me para dar um curso de cura e libertação aos seminaristas, como professor palestrante.


Na Índia, há duas grandes universidades de teologia, onde sou professor palestrante de teologia bíblica e ensino isto para todos aqueles que estão fazendo doutorado e PhD, todos os anos. Uma semana falo sobre o ministério de cura de Jesus; outra, sobre o ministério de libertação de Jesus. Uma pequena mudança está acontecendo, mas não é rápido o suficiente.

A Conferência dos Bispos da Itália teve a coragem de escrever uma carta na qual eles, unanimemente, dizem que os dois grandes problemas enfrentados na Igreja da Itália é que, de um lado, as pessoas, que se dizem católicas, são muito supersticiosas; do outro, que os católicos não estão cientes de que estão buscando ajuda em seitas inimigas.

3. Canção Nova:
Qual é a realidade da América Latina, mais especificamente do Brasil, quanto ao trabalho de ministros de exorcismo no atendimento às pessoas?

Padre Rufus:
Acredito que esta é uma situação também da América Latina, onde as pessoas mudam constantemente de religião. Elas são muito supersticiosas, exemplo disso é que elas acreditam muito em aspectos errados da religião e, por outro lado, elas estão indo atrás do inimigo. De forma que os trabalhos da Igreja são dois: alertá-las sobre o que Jesus disse sobre o perigo de ir até o inimigo e, por outro lado, mais importante, é apresentá-las a alternativa de uma forma poderosa em que Jesus, sozinho, pode resolver todo problema maligno, curá-las de qualquer doença física ou espiritual, libertá-las de qualquer opressão, seja ela humana, demoníaca ou de qualquer outro tipo.

4. Canção Nova:
Qual a contribuição que a Renovação Carismática Católica (RCC) trouxe para a formação dos sacerdotes ministeriados em cura e libertação?

Padre Rufus:
Bem, a Renovação Carismática Católica tem realizado duas coisas maravilhosas, como o ministério de cura, que é um presente da RCC para a Igreja e também o ministério de libertação. Infelizmente, enquanto muitos na RCC promovem e acreditam no ministério de cura e libertação, muitas coisas ainda não são feitas – até mesmo pela própria RCC –, para alertar as pessoas sobre a importância da libertação e para promover esse ministério. Então, a RCC, por si mesma, precisa fazer muito mais para conscientizar as pessoas sobre o ministério da cura e, especialmente, sobre o ministério de libertação. Eu sou muito grato porque, aqui no Brasil, a Canção Nova pensa da mesma forma que eu.

5. Canção Nova:
Qual a recomendação para um padre que se sente despreparado para lidar com alguém influenciado pelo demônio?

Padre Rufus:
Muitas vezes, as pessoas não têm conhecimento sobre este assunto, e a primeira coisa a fazer é ler os melhores livros disponíveis para esses tipos de problema. Um bom exemplo é ler o livro de Frei Francis chamado "Libertação dos espíritos malignos". No apêndice desta obra há uma entrevista que ele fez comigo, há alguns anos. Você também pode ler os meus pequenos livros sobre alguns artigos sobre a ação do Espírito Santo, que nos explica que a nossa ignorância sobre o assunto é o grande problema.

Devido à falta de experiência, normalmente, a única forma de saber o que fazer é estar presente em um caso com um bom exorcista de libertação e ver o que acontece. Muitas pessoas, que fazem parte desses ministérios, como o padre Manuel Sabino (fiquei sabendo que ele esteve aqui na Canção Nova), me viram trabalhando com esses casos por dias e semanas, e, agora, estão caminhando com suas próprias pernas.
Fonte: Canção Nova

terça-feira, 7 de maio de 2024

O Anticristo nas profecias em parte pela igreja

“Ele sentará no Templo de Deus como se fosse Cristo, e levando para o mau caminho aquele que adorá-lo.” (Santo Irineu)

“O Anticristo deseja ser o senhor de todas as coisas, e se tornar o mestre de todo o Universo. Ele realizará milagres e sinais inexplicáveis.” (São Nilo 430 d.c.)

“Cristo veio dos Hebreus, e o Anticristo nascerá entre os Judeus.” (Santo Hipólito)

“Será durante esse tempo que nascerá o Anticristo, duma religiosa hebraica, duma falsa virgem que terá comunicação com a antiga serpente, o mestre da impureza… …fará prodígios, não se alimentará senão de impurezas.” (Nossa Senhora de La Salette)

“O anticristo vira de uma terra entre dois mares, e praticara sua tirania no Oriente. Depois de seu nascimento falsos professores e doutrinas aparecerão, seguido de guerras, fome e pestes.” (Santa Hildegarda)

“Enoque e Elias se aproximarão secretamente do anticristo; Eles contarão às pessoas quem ele é, e por quem cujo poder opera milagres, e em que modo ele vira ao mundo e como será seu fim.” (Santa Mechtilda)

“Por meio de seu grande poder, engano, e malícia ele terá sucesso em seduzir ou forçará a cultuá-lo dois terços da humanidade.” (São Cirilo de Jerusalém)

“Anticristo se apresentará para os Judeus como o Messias. E assim eles o seguirão (2 Tes 2,9) Ele levará os ricos do mundo para Jerusalém e mostrará ter poder sobre as leis naturais” (Dyonisio de Luxemburgo)

“Ele ganhará o apoio de muito dons e dinheiro, ele se venderá para o diabo e desde então não terá anjo da guarda ou consciência.” (São Jerônimo)
São João Crisóstomo

“O Anticristo reinará sobre o mundo, de Jerusalém, no qual ele a transformará numa magnificente cidade” (Santo Anselmo)

“Anticristo será possesso por Satan e será o filho ilegítimo de uma judia do Oriente” (São João Crisóstomo)

“Anticristo ensinará que Cristo era um impostor, e não o real Filho de Deus.” (Santo Hilário)

segunda-feira, 6 de maio de 2024

O Diabo hoje

Georges Huber, jornalista católico francês, disserta sobre o demônio e sua ação no mundo. Ao mesmo tempo que afirma a realidade dos anjos maus, enfatiza estarem eles subordinados aos sábios desígnios da Providência Divina; o demônio pode ladrar, mas só morde a quem se lhe chega perto. O autor segue fielmente a doutrina da Igreja numa época em que se contesta o artigo de fé relativo aos anjos bons e maus.
 
Georges Huber é jornalista católico francês que se tem dedicado a escrever sobre os anjos. Após publicar duas obras sobre os anjos bons e seu ministério junto aos homens, oferece aos leitores um livro sobre o demônio e sua atualidade, seguindo fielmente as linhas da Tradição e do magistério da Igreja. 

A obra é apresentada pelo Cardeal Christopher Schoenborn, Arcebispo de Viena e um dos teólogos redatores do Catecismo da Igreja Católica. Este mestre bem sintetiza o conteúdo da obra em foco nos seguintes termos:
 
"O autor mostrou na sua obra sobre os anjos como estas esplêndidas criaturas espirituais estão totalmente às ordens da Divina Providência e como todo o seu ser consiste na adoração e no serviço de Deus. Esta mesma verdade encontra-se neste livro sobre Satanás. Porque os anjos caídos continuam a ser anjos; continuam a ser espíritos ao serviço de Deus, embora a contragosto.
A presente obra não suscita em nós medo aos demônios; antes revela a fé no irresistível poder de Deus, que ordena cada coisa para os seus fins. É o que a fé nos ensina e a experiência cristã nos confirma, Os demônios empreendem uma luta impiedosa contra o homem e se esforçam por obstruir os planos de Deus: percorrem o mundo incessantemente a fim de levar as almas à perdição. No entanto, a sua ação está completamente subordinada aos planos de Deus.
A partir desta verdade fundamental, Georges Huber demonstra-nos que, se Deus permite que os demônios atuem, não é certamente para fazer mal aos homens, mas para ajudá-lo a realizar os seus magníficos planos de salvação".

Após esta sucinta apresentação da obra, sejam destacados alguns dos tópicos mais significativos da mesma.

A Conspiração do Silêncio

Como se pôde chegar a esta situação?

É a pergunta que fazia o Papa Paulo VI, alguns anos depois de se ter encerrado o Concílio Vaticano II, à vista dos acontecimentos que sacudiam a Igreja. Pensava-se que, depois do Concílio, o sol brilharia sobre a história da Igreja. Mas, em vez do sol, apareceram as nuvens, a tempestade, as trevas, a incerteza.
 
Sim, como se pôde chegar a semelhante situação?

A resposta de Paulo VI é clara e nítida: Interveio uma potência hostil. Seu nome é o demônio, esse ser
misterioso de quem nos fala São Pedro na sua primeira Epístola. Quantas vezes não se refere Cristo, no Evangelho, a este inimigo dos homens? E o Papa precisa: Nós cremos que um ser preternatural veio ao mundo precisamente para perturbar a paz, para afogar os frutos do Concílio ecumênico e para impedir a Igreja de cantar a sua alegria por ter retomado plena consciência de si própria. Para dizê-lo brevemente, o Papa tinha a sensação de que o fumo de Satanás entrou por alguma fenda no templo de Deus.
 
Assim se exprimia Paulo VI sobre a crise da Igreja em 29 de junho de 1972, nono aniversário do seu pontificado. Alguns jornais mostraram-se surpreendidos com essa declaração do Papa sobre a presença de Satanás na Igreja. Outros escandalizaram-se. Não estaria Paulo Vi exumando crenças medievais que se julgavam esquecidas para sempre?

Uma das grandes necessidades da Igreja contemporânea

Sem recuar perante essas críticas, o Papa voltou a tratar do tema cinco meses mais tarde. E, longe de contentar-se com reafirmar a verdade sobre esse ponto, consagrou uma alocução inteira à presença ativa de Satanás na Igreja.
 
Logo de início, sublinhou a dimensão universal do tema: Quais são hoje - perguntava - as necessidades mais importantes da igreja? 

A resposta foi clara: Uma das maiores necessidades da Igreja é a de defender-se desse mal que designamos por demônio. A seguir, recordou a doutrina da Igreja sobre a presença, no mundo, de ´um ser vivente, espiritual, pervertido e perversor, realidade terrível, misteriosa e temível.
 
Depois, referindo-se a algumas publicações recentes (numa das quais um professor de exegese convidava os cristãos a liquidar o diabo), afirmou: ´Separam-se do ensinamento da Bíblia e da Igreja aqueles que se negam a reconhecer a existência do diabo ou aqueles que o consideram um princípio autônomo que não tem, como todas as criaturas, a sua origem em Deus; e também aqueles que o explicam como uma pseudo- realidade, uma invenção do espírito para personificar as causas desconhecidas dos nossos males.
 
Nós sabemos - prosseguiu o Papa - que este ser obscuro e perturbador existe verdadeiramente e atua sem descanso com uma astúcia traidora. É o inimigo oculto que semeia o erro e a desgraça na história da humanidade. É o sedutor pérfido e obstinado que sabe insinuar-se em nós através dos sentidos, da imaginação, da concupiscência, da lógica utópica, das relações sociais desordenadas, para introduzir nos nossos atos desvios muito nocivos que, no entanto, parecem corresponder às nossas estruturas físicas ou psíquicas ou às nossas aspirações profundas.
 
Satanás sabe insinuar-se... para introduzir... Estas expressões não nos lembram a advertência de São Pedro sobre o leão que ruge e ronda, buscando a quem devorar (cfr. lPe 5, 8)? Para se apresentar, o diabo não fica à espera de que o convidem; antes, impõe a sua presença com uma habilidade quase infinita.
 
O Papa evocou também o papel de Satanás na vida de Cristo. Ao longo do seu ministério, Jesus qualificou três vezes o diabo como príncipe deste mundo (Jo 12, 31; 14, 30; 16, 11), tão grande é o seu poder sobre os homens.
 
Paulo VI empenhou-se em apontar os indícios reveladores da presença ativa do demônio no mundo.

Lacunas na Teologia e na Catequese

Na sua exposição, o Santo Padre tirou uma conclusão prática que, para além dos milhares dos fiéis presentes na vasta sala de audiências, se dirigia aos católicos do mundo inteiro: A propósito do demônio e da sua influência sobre os indivíduos, sobre as comunidades, sobre sociedades inteiras, faz-se necessário retomar um capítulo muito importante da doutrina católica ao qual hoje se presta pouca atenção.
 
Por outras palavras, a Cabeça da Igreja afirma que a demonologia é um capítulo muito importante da teologia católica e que hoje em dia é excessivamente esquecido. Existe uma lacuna no ensino da Teologia, na catequese e na pregação. E essa lacuna pede que seja preenchida. Estamos perante uma das maiores necessidades´ da Igreja no momento presente.
 
Quem o teria previsto? A catequese de Paulo VI sobre a existência e influência do demônio originou um inesperado sentimento de revolta na imprensa. Mais uma vez, acusou-se a Cabeça da Igreja ele retomar a crenças já ultrapassadas pela ciência. O diabo estava morto e enterrado! Raramente os jornais se haviam levantado com uma veemência tão ácida contra o Soberano Pontífice.

O Inimigo Desmascarado

Faz-se necessário retomar o capítulo da demonologia: este lema de Paulo VI teve uma espécie de precedente na história do papado contemporâneo.
 
Era um dia de dezembro de 1884 ou de janeiro de 1885, no Vaticano, na capela privada de Leão XIII. Depois
de ter celebrado a missa, o Papa, como de costume, assistiu a uma segunda missa. Lá pelo fim, viram-no levantar a cabeça de repente e olhar fixamente para o altar, acima do tabernáculo. O seu rosto empalideceu e as suas feições tornaram-se tensas. Finda a missa, levantou-se e, ainda sob os efeitos de uma intensa emoção, dirigiu-se para o seu quarto de trabalho. 

Um dos prelados que o rodeavam perguntou-lhe: - Santo Padre, sente-se cansado? Precisa de alguma coisa?

- Não - respondeu Leão XIII - não preciso de nada...

O Papa encerrou-se no seu escritório. 

Meia-hora mais tarde, mandou chamar o Secretário da Congregação dos Ritos. Estendeu-lhe um papel com um texto manuscrito e pediu-lhe que mandasse imprimir e o enviasse aos bispos de todo o mundo.
 
Qual era o conteúdo desse papel? Uma oração ao Arcanjo São Miguel, composta pelo próprio Papa. 

Uma oração que os sacerdotes recitariam depois de cada missa rezada, ao pé do altar, após a Salve Rainha já prescrita por Pio IX:
 
"São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede o nosso amparo contra a maldade e as ciladas do demônio. Instante e humildemente vos pedimos que Deus impere sobre ele. E vós, Príncipe da milícia celeste, com esse poder divino, precipitai no inferno Satanás e os outros espírito malignos que vagueiam pelo mundo para a perdição das almas."

Leão XIII confidenciou mais tarde a um dos seus secretários, mons. Rinaldo Angeli, que durante a missa tinha visto uma nuvem de demônios que se lançavam contra a Cidade Eterna para atacá-la. Daí a sua decisão de mobilizar São Miguel Arcanjo e as milícias celestes para que defendessem a Igreja contra Satanás e os seus exércitos, e, de modo particular, para que se resolvesse o que então se chamava a questão romana.

Como um cão preso por uma corrente

Nunca sem Luz verde

É significativo que Deus estabeleça cuidadosamente os limites dos poderes que concede a Satanás. Não lhe dá uma luz verde incondicional. Assim como o Criador põe limites ao fluxo do mar enfurecido - Não irás mais longe, aqui se quebrará o orgulho das tuas ondas (Jó 38, 11), do mesmo modo impõe limites ao ódio e à inveja de Satanás.
 
O Evangelho de São Mateus revela-nos que os demônios têm necessidade de luz verde mesmo para uma operação sem maiores consequências, ainda que insólita, como entrar num rebanho de porcos que pastam na terra dos gerasenos. Havia a uma certa distância um grande rebanho de porcos que pastava. E os demônios suplicaram a Jesus: Se nos expulsas, envia-nos a esse rebanho de porcos. Ide, disse-lhes Jesus. Saíram então e foram para os porcos, e eis que, do alto da escarpa, todo o rebanho se precipitou no mar, onde se afogou (Mt 8, 30-32).
 
O relato da Paixão apresenta-nos um exemplo dramático dos limites impostos por Deus ao poder do diabo sobre os Apóstolos. 

Satanás tinha pedido a Deus que o deixasse pôr à prova os Apóstolos, sacudindo-os como o agricultor sacode o trigo. O Senhor só aceita esse pedido em parte. 

 Como explica Garrigou-Lagrange, o Senhor permitiu a Satanás que joeirasse os Apóstolos como se joeira o trigo, mas pôs um limite. Quem Satanás desejava sobretudo fazer cair era Pedro, o chefe dos Apóstolos. Jesus conhecia o perigo que ameaçava Pedro. Não quis preservá-lo completamente, mas com a sua oração protegeu-lhe a fé: a do Apóstolo, portanto, não desfalecerá, e, quando se recuperar da sua conduta errônea, caber-lhe-á confirmar os seus irmãos. Garrigou-Lagrange cita a profunda observação de um exegeta protestante: Preservando Pedro, cuja ruína teria arrastado os demais Apóstolos, Jesus preservou-os a todos. É assim que Deus, Senhor da História, sabe utilizar a malícia de Satanás para a construção da Igreja.
São Tomás de Aquino insiste muito neste ponto: o diabo não pode tentar os homens tanto quanto deseja; só pode atormentá-los na medida em que Deus o permite. Nem mais, nem menos!
 
O relato da Paixão apresenta outro exemplo da submissão do demônio às disposições da Providência. Depois de ter dito que, na última Ceia, Satanás tinha entrado em Judas, São João cita estas palavras de Jesus ao traidor: O que tens a fazer, faze-o depressa! (Jo 13, 27). Pode-se expressar mais explicitamente o controle de Deus sobre as maquinações de Satanás presente em Judas? É verdade, como explicam os exegetas, que as palavras de Jesus não equivaleram a uma ordem. Também não eram um estímulo à traição. 

Expressavam simplesmente, numa linguagem rigorosa, uma autorização.

Pode ladrar, mas não morder

São Paulo assegura-nos: "Deus não permitirá que sejais tentados além do vosso poder de resistência, mas, junto com a tentação, dar-vos-á os meios para suportá-la e a força para vencê-la" (1 Cor 10, 13).

Existem dois movimentos na raiz das tentações do diabo: o amor de Deus pelos homens e a odienta inveja de Satanás. 

Deus permite a tentação por amor, para dar à criatura humana a oportunidade de elevar-se até Ele por atos de virtude; o demônio desencadeia a tentação por ódio, para fazer cair o homem. Deus oferece ao homem uma ocasião de subir e Satanás utiliza essa mesma ocasião para fazê-lo cair. Assim, por uma misteriosa ordem de Deus, sem o saber, sem o querer, contra a sua vontade e contra as inclinações de todo o seu ser, Satanás contribui indireta, mas realmente, para a expansão do reino de Deus sobre a terra. Não é esta, aliás, a razão da sua presença entre os homens até o Juízo final, antes de ser precipitado nas profundezas do inferno?...
 
A um sacerdote da Missão, a quem Satanás tinha razões para odiar, São Vicente de Paulo escrevia: "O diabo pode ladrar, mas não pode morder; pode atemorizar-vos, mas não vos pode fazer mal. Isto eu vo-lo garanto diante de Deus, na presença de quem vos falo."

Também Santa Teresa de Lisieux se servia dessa imagem para mostrar os limites do poder de Satanás: comparava o demônio a um grande cão malvado que nada pode contra uma criancinha subida aos ombros de seu pai.
 
A este respeito, pode ser útil recordar mais uma vez as seguintes verdades:
 
A primeira é que o poder do demônio, embora grande, não é absoluto: nunca, nem sequer nos casos de possessão, ... ele tem acesso direto às potências propriamente espirituais do ser humano, isto é, à inteligência e à vontade. Ou seja, não pode nunca, em nenhuma hipótese, obrigar-nos a pecar. Só há pecado quando há consentimento da vontade, isto é, quando o eu decide ceder à tentação. Nada, nem a duração nem a intensidade de uma tentação, pode Causar diretamente - nem, por outro lado, ´autorizar ou desculpar - o consentimento.
 
A segunda é que é essencial saber que sentir não é consentir. As imagens podem ser muito fortes ou vívidas, e as emoções encontrarem-se num estado de tumulto intenso, mas não há pecado enquanto a vontade não disser "sim". E isso sempre se sabe no recôndito da consciência.

O Exorcismo

O missivista, no caso, refere ter ouvido dizer que a Igreja aboliu os exorcismos ou as preces feitas para expulsar o Maligno detentor das faculdades de um ser humano. 

- Em resposta nada de melhor se pode fazer do que citar o atual Código de Direito Canônico, que, supondo a possibilidade de haver possessão diabólica, regulamenta a prática do exorcismo:
 
1. Ninguém pode legitimamente fazer exorcismos em possessos a não ser que tenha obtido licença especial e expressa do Ordinário local.
 
2. Essa licença seja concedida pelo Ordinário local somente a sacerdote que se distinga pela piedade, ciência, prudência e integridade de vida.
 
Por conseguinte, a Igreja crê na eventualidade da possessão diabólica. 

Apenas deseja que se examine atentamente cada caso de pretensa possessão para não se confundir doença psíquica ou física com a ação do Maligno. Uma vez diagnosticada, com séria probabilidade, a possessão por sacerdotes e médicos, recorra-se ao Bispo local ou ao Prelado respectivo para lhe pedir que delegue um sacerdote exorcista.

Fonte: Revista Pergunte e Responderemos - Fev/2000, Brasil

sexta-feira, 3 de maio de 2024

DOSSIE DISNEY

Já se afirmou que as revistas e os filmes de Walt Disney, o criador da Disneylândia, da Disney World e do desenho animado, são como livrinhos de catecismo, cujo objetivo é ensinar a crença no capitalismo. Quando traçamos um perfil psicológico dos personagens, verificamos que cada
um deles reflete uma posição social, de maneira que a criança, o adolescente ou o jovem possa estar criando uma empatia com eles, se identificando e se conformando com sua situação.

Você já percebeu que: os sobrinhos de Donald, parecem não ter filiação (pelo menos
raramente se pronunciaram a respeito) e que apesar disso, vivem felizes para sempre? 
Que o 'Manual dos Escoteiros' é a sua bíblia? E que esta bíblia tem solução para todos os tipos de
problemas que eles tem pela frente? Que este 'Manual' faz dezenas de citações a bruxas,
feiticeiros e que ensina a criança até a fazer algumas mandingas ou pequenos feitiços? 

Que o Donald e o Mickey nunca se casam com Margarida e Minnie, respectivamente? Que são eternos
namorados, e nunca constituem uma família? 

Que o Tio Patinhas passa um espírito de avareza e ambição incontrolável? Que frequentemente está envolvido com Donald e seus sobrinhos, em expedições à terras distantes e 'imaginárias' em sua busca desenfreada por mais dinheiro? Que estes povos longínquos são (mostrados de maneira subliminar) povos do terceiro mundo, em especial da América Latina e Brasil? Que os índios mostrados nas histórias são sempre inimigos, e não os donos legítimos destas terras? 

Que desde pequenas, as crianças são ensinadas que o avanço e progresso tecnológico são conseguidos graças a ambição, domínio e força dos poderosos sobre os fracos, e que isso não é injustiça social?

Alguns fatos sobre a Disney:

- Em 15/11/65, um homem chamado Walt Disney (1901-1966), revela ser o comprador das terras em Orlando, Flórida que em 1º/ 07/71, abriria as portas para o mundo como a 'Disney World'. Uma reportagem do Dr. James Dopson no programa chamado "Focus in the family", mostra Mickey Mouse apresentando o último vídeo da Disney: - "Crescendo Homossexual", citando 2 Mickeys gays e duas Minnies lésbicas. 

Através deste vídeo, o porta-voz da Disney convida todos adolescentes a explorar o "maravilhoso mundo da homossexualidade".— Recentemente a Disney comprou 11 mil acres de terras, para ensinar as técnicas da Nova Era, de Shirley McLane. Thomas Schumacker, diretor dos desenhistas da Disney é casado com um homem. 

Um homem que trabalhou 16 anos na Disney relatou que certa vez arrumando os armários dos donos, no 2º andar, viu dentro deles altares com velas negras e pentagramas (estrelas de 5 pontas), e que, em um pentagrama havia uma capa de fita de vídeo para cada ponta da estrela, consagradas ao diabo, para vender e fazer sucesso. 

Em 1993, a Disney compra os direitos das "Tartarugas Ninjas" da Mirage Studios. Só lembrando: As tartarugas, apesar de dóceis, são lerdas e preguiçosas. E ninja, caracteriza alguém senhor de si mesmo, autossuficiente, inatingível. São características marcantes da Nova Era, a auto exaltação e adoração do homem.
 
- O australiano Charles M. Jones (criador do Pernalonga) e Tex Avery, dissidentes da Disney, foram os fundadores da divisão de animação da Warner Bros, uma das maiores rivais da Disney.

- Desde 1996, a Walt Disney World é anfitriã do dia anual de G.L.S (Gays, Lésbicas e Simpatizantes). Os organizadores do encontro retrataram num desenho animado Mickey e Donald , Minnie e Margarida como amantes homossexuais.

- A maior igreja protestante dos EUA, a Convenção dos Batistas do Sul, em 1997, orientou seus quase 16 milhões de fiéis que boicotassem [deixassem de consumir] todos os produtos vinculados à Disney e empresas do grupo. Esta decisão foi tomada pela maioria absoluta de 12 convencionais reunidos em Dallas, Texas, sul dos EUA. O motivo que levou ao boicote foi a "direção anti-familiar e anticristã" da Disney, tendo como argumentos principais:
* A realização de "dias dos gays" na Disneyworld.

* A distribuição de filmes com conteúdo violento como "Kids" e "Pulp Fiction"
 
* O programa de televisão "Ellen", em que a personagem principal se revelou lésbica.

* Estender benefícios de assistência médica a parceiros do mesmo sexo de seus funcionários.
(Jornal Folha de S.Paulo-Jun/97)

Relação dos Principais Vídeos da Disney:

Relacionamos a seguir apenas alguns desenhos considerados clássicos. 

Analisar toda obra da Disney seria uma tarefa que demandaria muito tempo. 

Porém uma coisa é certa: o exagero na tentativa de divulgar o ocultismo em forma de magia, feitiçaria, encantos, fadas, gnomos, duendes e bruxas, bem como o homossexualismo, é algo que chega a incomodar todo aquele que desenvolve pesquisas nesta área. Todavia, queremos deixar claro que, os autores deste site, não tem nada contra os homossexuais, aliás, o próprio Deus instituiu o livre arbítrio, e deixou a cada indivíduo a sua opção de vida, opção esta, que também é garantida pela nossa constituição. Temos sim, nos pronunciado com relação à prática da homossexualidade, sem sentido, sem princípios, deflagrada pelos grandes meios de comunicação de massa. 

A mídia, de maneira geral, tem se encarregado desta divulgação, sem nenhum critério, sem planejamento, sem escrúpulos. Este fato tem provocado muitos problemas sociais, principalmente às camadas menos favorecidas da nossa sociedade. 

Milhares de jovens e adolescentes hoje, no Brasil e no mundo, estão adotando o homossexualismo como 'estilo' de vida, sem nenhum tipo de preparo ou conscientização, totalmente influenciados pelo poder massificante do meio. Muitos estão iludidos pela utopia, muitas vezes surrealista, pregada por seus ídolos, que entoaram 'hinos de liberdade', mas que, na verdade, não ajudaram nem a si próprios a se libertar das cadeias da depressão, do vazio de seus corações, das suas enfermidades do espírito e da alma, enfermidades estas, que tem levado tantos à própria morte. Este público [alvo], num primeiro momento, foi infectado primeiramente com o vírus midiológico inconsciente e, se foi inconsciente, logo não teve opção de escolha...

Branca de Neve e os 7 anões - (Snow white and the seven dwarfs) - (83 min. - 1937)

- Foi a 1ª obra prima de W. Disney - História baseada em conto de 'fadas' dos irmãos Grimm.

- Conta a história de Branca de Neve e sua madrasta, que também é rainha e bruxa e que tenta matá-la, com ciúme de sua beleza. Branca de Neve encontra refúgio na casa de 7 anõezinhos, que trabalham em uma mina.- A analogia dos 7 anões com os Gnomos é muito clara. Por que os anões trabalham numa mina subterrânea ? Ora, os gnomos nada mais são que pequenos espíritos que, segundo os cabalistas, habitam nas regiões subterrâneas. Logo se conclui, que o objetivo é passar a idéia que, apesar de muito feios, eles são bons, são
protetores e amigos.

- Foi redesenhado várias vezes por 570 artistas até se chegar à qualidade desejada. Custou 700 mil dólares (uma fortuna para a época) e ganhou um Oscar especial pela inovação cinematográfica.

- Este filme inspirou Disney a produzir uma série de outros longas-metragens que seriam clássicos da animação.


Fantasia - 135 min. - (1940)

- Como em quase todos os seus filmes, a Disney prega o mundo da fantasia. A fantasia é uma ilusão, uma mentira. A Bíblia diz que o pai da mentira é o diabo.
 
- No chapéu de bruxo do Mickey tem várias estrelas de 5 pontas e meias-luas, antigos símbolos do ocultismo.- O destaque é para o camundongo Mickey na cena dedicada à obra de Paul Dukas, 'O Aprendiz de Feiticeiro'.-Mickey termina o filme com um 'ritual satânico'.

Pinóquio - ( Pinocchio ) - 88 min. - 1940

- Conta a história de um boneco (marionete) de madeira, preferido de uma fada azul que lhe dá vida, enquanto o construtor de brinquedos dorme. Mas para ser um menino de verdade, precisa vencer o defeito de mentir, o que faz o seu nariz crescer.
 
- "Pinóquio é um dos mais perfeitos desenhos animados que W.Disney já produziu " (Los Angeles Times) - Vencedor de 2 Oscars.

Dumbo - 64 min. - 1941

- Conta a história de um elefantinho que, por ter orelhas enormes é humilhado num circo, e é motivo de gozação dos palhaços. Este porém, descobre que pode voar ao abanar as orelhas. - O filme mostra uma cena de Dumbo - embriagado - tem um sonho surrealista. Dumbo sonha com elefantes coloridos contando. Você não acha tudo isto muito estranho? - Dumbo é um dos desenhos que consta de um trabalho recente feito nos Estados Unidos, divulgados pelo Harvard Center for Risk Analysis, pelos pesquisadores Fumie Yokota e Kimberly Thompson.

- De acordo com o estudo, a cena em que o elefante usa a tromba para 'metralhar' com amendoins os amigos que o importunam, pode passar subliminarmente a mensagem de que é certo reagir a uma gozação com violência.- O desenho é considerado um dos maiores clássicos da Disney, e ganhou um 'Oscar' com a trilha sonora.

Bambi - 67 min. - 1942

- Conta a história de um filhote de veado que fica órfão da mãe, e descobre os perigos da vida na floresta.

- O personagem é macho porém efeminado.

- O nome do tímido gambá é "Flor".

- É orgulhosamente lembrado como o desenho animado preferido de Walt Disney.

Cinderela - A Gata Borralheira - 75 min. - 1950

- História adaptada da obra original de Charles Perrault do século XVII.

- Conta a história de uma jovem pobre que sonha com um príncipe 'encantado' para libertá-la da maldição da madrasta.

- Um ratinho é descoberto no porão, e ainda não fala como os outros, amigos de Cinderela, porém quando colocam nele um chapeuzinho e um par de sapatinhos como de duendes, este imediatamente começa a falar.

- O nome do gato é lúcifer. Cinderela abre a porta do quarto, a luz entra e bate nos olhos do gato que acabara de acordar, e o chama: " - Lúcifer, venha aqui".

- Logo após esta cena, acontece um diálogo entre a Cinderela e o cachorro (Bruno) que acabara de ter um pesadelo com o gato (Lúcifer). Ela tenta convencê-lo que Lúcifer é bom, e diz: "...Lúcifer tem o seu lado bom..." Isto traz confusão na mente das crianças, pois quando os pais estiverem ensinando a respeito de Satanás, o filho que tem a cena gravada no seu subconsciente, diz a si mesmo: "Ora, mas ele tem o seu lado bom".

A Bela Adormecida - ( Sleeping Beauty ) - 75 min - 1959

- Adaptada da obra de Tchaikovsky

- Uma princesa chamada Aurora, sofreu uma terrível maldição lançada por uma feiticeira e cai num sono eterno. Esta maldição só seria quebrada se o príncipe Felipe a beijasse, desde que ele enfrentasse a ira da bruxa Malévola. " Sua família precisa ter para sempre este tesouro da Disney: O mais famoso clássico cheio de magia e de beleza sem precedentes..." diz o encarte da fita.

A Espada era a lei - (Sword in the Stone ) - 75 min. - 1963

- Conta a história de uma espada mágica encravada numa pedra, e um desafio tentador: quem tirá-la da pedra, será coroado rei da Inglaterra.

- Artur, um garoto esperto é ajudado pelo mágico Merlin, de quem torna-se protegido e 'aprendiz' e seu assistente Arquimedes.- Esta fita lança a terrível bruxa "Madame Min" .- Uma cena considerada 'memorável' é o duelo de feitiçaria entre Merlim e Madame Min.

Mowgli - O menino-Lobo - ( The Jungle Book ) - 1967

- Conta a história de um bebe que é criado por lobos, nas florestas da Índia do séc. XIX.

- A cobra olha nos olhos de Mowgli e diz: "Olha os meus olhos, eu vou levá-lo para baixo no abismo depois de hipnotizado, e você nunca mais poderá sair de lá".

Robin Hood - 82 min. - 1973

- Quando Robin Hood vai roubar o dinheiro do príncipe João, ele se coloca dentro de uma carroça, se disfarça de cigana, coloca uma bola de cristal e diz que advinha o futuro, tem o zodíaco e fala: "Silêncio, vou fazer conjuros: Espíritos das densas trevas, vem !".

Bernardo e Bianca - (The Rescuers) - 1977

O filme conta a história de dois ratinhos que estão viajando sobre um velho albatroz e tentam ajudar uma menina a se livrar de sequestradores.- Este desenho exibe duas imagens de uma mulher com os seios de fora.- A cena acontece aos 28 minutos do filme, numa fração de segundo, quando o pássaro aterrissa e passa em frente a vários prédios. Em segundo plano, aparece a imagem de uma mulher com os seios de fora, numa das janelas. Trata-se de uma técnica subliminar já testada e utilizada no cinema desde 1956 [consultar a seção "Nos Vídeos"]. Esta imagem da moça nua foi inserida em apenas dois dos 110 mil fotogramas que compõem o desenho.- Estas imagens só podem ser percebidas, se forem 'congeladas' no vídeo, ou seja, numa projeção normal a cena torna-se imperceptível a nível consciente.- "Pela primeira vez na história da companhia, a Disney admite ter em encontrado imagens subliminares num de seus filmes de animação" (Folha de S.Paulo-15.01.99), conforme um comunicado oficial emitido pela própria Disney em 08.01.99.- O prejuízo da Disney com o recolhimento de quase 4 milhões de fitas nos Estados Unidos, chegou a 78 milhões de dólares (Veja-20.01.99).

A Pequena Sereia - (Little Mermaid) - 82 min. - 1989

- Conta a história de Ariel, sereia filha de Netuno 'rei dos mares', que se apaixona por um príncipe (humano).- Na capa do Vídeo existe uma imagem subliminar, ou seja a imagem da coluna do palácio em segundo plano, na realidade é um órgão sexual masculino.

- É um filme pornográfico infantil.- O padre que celebra o casamento de Ariel fica excitado.
 
-Ela quer se tornar uma humana, porém a Bruxa diz para ela, que quer algo em troca: "Eu quero sua voz e sua alma".- Quando a música ( Beije a moça) toca no fundo, há um grupo jamaicano falando palavras africanas, lançando maldições para as crianças que assistem.

A Bela e a fera - ( Beauty and the Beast ) - 85 min. - 1991

- A bruxa lança uma maldição ao rapaz, quando este não permite que ela durma no Palácio, transformando-o numa besta.

- Foi o primeiro clássico animado a receber uma indicação ao Oscar de melhor filme.

- "Um filme tão extraordinário que recebeu 6 indicações para o Oscar, inclusive a de melhor filme - a primeira recebida por um desenho animado" - diz o encarte da fita.

- Ganhou dois Oscars: O de trilha sonora e canção.

Aladdin - 90 min. - 1992

- História do garoto Aladdin que conta com a ajuda do 'gênio da lâmpada mágica' para vencer o temível . grão-vizir e casar com a princesa.- Quando Aladdin vem voando num tapete mágico, diz muito rápido: "Crianças boas e adolescentes, tirem suas roupas !".

- Uma criança de 5 anos, nos EUA, tirou suas roupas, e quando questionada pela mãe disse que o Aladin havia mandado, a mãe assistiu o filme para procurar esta passagem onde ele dava esta ordem, porém não encontrou, pois a mensagem foi produzida para surtir efeito apenas nas crianças.

- Quando ele vem voando num tapete ele toma a espada e diz muito rápido: "mate-se, suicide-se". São
mensagens muito rápidas, só percebidas se prestarmos muita atenção ou congelarmos as imagens.- Vencedor de 2 Oscars: Melhor canção ( Um mundo ideal ) e melhor trilha sonora.

Hércules - 92 min

- Conta a história de Hércules, que precisa provar que é um herói a seu pai, Zeus, que, de acordo com a mitologia grega, é o maior dos deuses.

- No filme, o demônio sai do abismo e diz: "Meu nome é Hades, o senhor da morte".

- 'Uma fantasia repleta de magia e ação de proporções olímpicas...' diz o encarte da fita.

Rei Leão - ( The Lion King ) - 1994

- A Revista TIME disse que é o vídeo mais sujo, mais perverso e carregado e de satanismo e violência que a Disney jamais produziu, e que as crianças que assistem este filme hoje, serão os próximos assassinos de amanhã.- John Smith (já falecido vitima de AIDS) era homossexual e foi quem criou Scar, o leão afeminado, que no filme anda rebolando.- A música cantada por Scar, é de Shirley McLane, uma das maiores divulgadoras da Nova Era, que diz: "Viva a Nova Era, a velha já era".
 
- O babuíno feiticeiro Rafiki diz para o leãozinho que as estrelas vão guia-lo. Alusão clara à Astrologia.

- Ele diz também, que este não se sinta mal por ter matado alguém .

- O leão pai (já morto) fala das nuvens com o filho, uma alusão clara à reencarnação.

- Em 2 cenas diferentes, partículas no ar formam a palavra "SEX". Esta imagem tem a duração aproximada de 1 centésimo de segundo, e só é possível vê-las quando a imagem é congelada em vídeo.

- Uma criança de 11 anos nos EUA em 96, assistiu o Rei Leão 12 vezes e depois esquartejou a própria mãe. O irmão mais velho relatou que enquanto o irmão matava a mãe com uma machadinha, ouvia-o falando:- "O vídeo do Rei Leão disse: Eu posso matar você".

- Em New Jersey, uma criança de 9 anos, despertava à noite dizendo "Eu vou matar você". 

- Outra criança disse à sua mãe quando esta cortava carne na pia: "mãe eu quero sua faca. A mãe pergunta para que? A criança responde: - "Eu quero matar você. O Rei Leão disse que eu posso matar você ! ".- Na sinopse da capa da fita de vídeo, está escrito: "...saindo das trevas surge seu invejoso tio Scar, que afasta Simba do trono e o leva ao exílio".

- Recentemente, no Rio de Janeiro, um jovem foi preso por matar sua própria mãe. No cabo de seu revólver havia um adesivo do Rei Leão. Coincidência?
 
- Mufasa olha para as estrelas e diz para Simba, seu filho: "...olhe as estrelas. Os grandes reis do passado olham para nós lá das estrelas, e sempre que se sentir sozinho, procure lembrar que aqueles reis sempre estarão lá para guia-lo. E eu também estarei..." Esta cena faz referência à necromancia (consulta aos mortos).

- A música "Can you feel the love tonight" é de Elton John, homossexual assumido.- O Rei Leão está entre os filmes de maior bilheteria do cinema. É ganhador de 3 Globos de Ouro.- Este filme ganhou também 2 Oscars: o de melhor trilha sonora e de canção original.

- Os atores Ernie Sabella e Nathan Lane disseram que os personagens que interpretam ('Timão', o siricate e 'Pumba', o javali) no filme foram 'os primeiros personagens homossexuais da Disney a aparecerem na tela (N.Y.Times, 12.06.94).

Timão e Pumba - 1994

Quem assistiu ao filme "O REI LEÃO" conheceu os cativantes amigos inseparáveis Timão e Pumba, Timão um suricate cheio de auto estima e um ego super elevado, sempre querendo levar vantagem sobre seu amigo Pumba um javali calmo, amigável e um pouco sonso mas com um grande amor por seus amigos. Foram eles que encontraram Simba após ele fugir para seu exílio e quase morrer se não fosse por seus novos amigos. Eles o ensinaram o estilo de vida "Hatuna Matata" que prega uma vida sem regras e sem ninguém para tirar satisfação de seus atos.

Os personagens foram de tal aceitação que receberam seu próprio desenho chamado agora "Timão e Pumba", exibido em serie apareceram novos personagens e novas historias com os dois amigos.

Viva e seja feliz do jeito que você é: Timão e Pumba foram apontados como os primeiros personagens homossexuais produzidos pela Disney a aparecerem na tela do cinema, os atores Ernie Sabella e Nathan Lane foram quem levantou estas acusações. Mas mesmo que isto não viesse a tona, com uma análise comportamental logo se perceberia que se tratava de um comportamento do homossexual. Quando ambos conhecem Simba, ele esta se sentindo como um rejeitado e acha que não pode mais voltar para sua sociedade pois cometeu um erro muito grave em que a única solução seria voltar no tempo e não cometer o erro, ao acabar de dizer isto Timão solta um grito de euforia - "Você também é um rejeitado, que legal, nós também" -
demonstrando como se sentiam em relação ao mundo aonde viviam anteriormente. Com o decorrer do dialogo ele vira para Simba e diz a sua nova filosofia - "Se o mundo vira as costas para você, você vira as costas para o mundo" - que testifica sua revolta com a sociedade no qual viviam. O fato de serem ambos homens e muito amigos não seria de nada importantes se não fossem as demonstrações de que não mais queriam se relacionar com outros de sua espécie, se infiltraram em um lugar só deles aonde não haveria ninguém, assim nada os condenaria e se assim fizessem não se importariam. Hoje em dia pode se ver vários "Timão e Pumba" pelas ruas, se revoltando com o mundo por que se sentem discriminados e não são respeitados por serem como são, então se reúnem com seus iguais em lugares restritos aonde não são apontados nem mesmo julgados pois todos são assim. Uma criança que se sente rejeitada ou mesmo não consegue ainda definir sua opção sexual se torna alvo destas influencias, sendo assim levada a pensar que se pode viver feliz com uma pessoa dos mesmo sexo, não se importando com as consequências que isto poderá trazer a ela, o que importa é que ela esteja bem e o mundo viva o mundo.

Podendo no futuro isto se tornar uma coisa tão normal, que não serão mais necessários exílios em florestas ou cavernas (as boates e casas restritas a homossexuais).

Para que seguir regras, viva Hatuna Matata: A maior dificuldade no evangelismo de jovens e adolescentes é a de que muitos rejeitam frequentar uma igreja que vai pedir que ele mude sua vida e tenhas algumas regras. E de nossa natureza que dês de crianças queiramos quebrar estas regras, o caso mais conhecido é o de Adão e Eva, embora não fossem crianças mas foram os primeiros homens a infringir uma lei.Na historia de Timão e Pumba nós podemos perceber que eles também não sentiam prazer em segui-las, e da mesma forma buscavam outros que como eles seja diferente. Na historia do filme "O Rei Leão" eles aliciam Simba a seguir uma vida que se contradizia com aquela que ele antes lavara, antes da mudanças Simba sempre seguiu as regras e tradições que faziam sua vida se tornar rotineira, ao encontrar este novo mundo com seus novo a amigos se viu forçado a deixar tudo para trás.

Há rumores de que em uma das milhares línguas africanas "Hatuna Matata" tem o significado de "mate seus pais", se observarmos nossas vidas veremos que os primeiros a nos impor regras são nossos pais, elimina-los seria uma forma de acabar com a esta ditadura.

101 Dálmatas - ( 101 Dalmatians ) - 103 min. - 1996

- O nome da Bruxa é Malvina Cruella DeVil, porém na placa do carro aparece DEVIL, que significa diabo.

- No prédio da sua empresa tem uma placa "HOUSE OF DeVIL", porém na tradução só a palavra house foi traduzida, ficando "CASA DE VIL'.

- Nas escadarias do prédio tem uma estátua de um bode.

Pocahontas - 81 min.

- POCA = significa Espírito. HONTAS = significa "Do Abismo". Logo as junção das duas significa "espírito saído do abismo"

- A Disney mentiu quando produziu este vídeo, pois distorceu a história real. Pocahontas, a menina índia, tinha apenas 12 anos e não uma mulher sensual como aparece no filme. Ela casa-se com um espanhol, converte-se e morre na Espanha. A Disney não incluiu isto na historia. Pôr que?
 
- Pocahontas fala com um espírito na árvore. O caule da árvore fica com a forma do rosto de uma velha, que seria sua avó, já falecida há 400 anos. Observe aí a doutrina da reencarnação sendo passada sutilmente as crianças.

- Árvores com sentimentos e capazes de falar, são comuns na cultura celta, e são citadas em diversos ritos pagãos de feitiçaria.

- '...Pocahontas brilha com toda a glória e magia Disney, diz o encarte da fita.

Toy Story e Toy Story 2 - 2000

- 2000 Em alguns exemplares da edição especial dos DVDs destes filmes, lançados nos EUA, contavam com um item no mínimo embaraçoso: no meio do segundo filme estrelado pelos bonecos Woody e Buzz Lightyear, foi encontrada uma cena recheada de palavrões da comédia Alta Fidelidade. Depois de constatar o problema, levantado por consumidores que reclamaram do conteúdo impróprio para um desenho infantil, a Disney retirou das prateleiras os produtos 'defeituosos'. [Revista Veja - 1º/nov/2000]

Uma Cilada para Roger Rabbit

O vídeo de "Uma Cilada para Roger Rabbit" chegou ao mercado com uma cena em que o personagem Baby Herman fazia coisas bem adultas ao passar sob o vestido de uma mulher. A sequência durava o tempo de uma piscada de olhos, mas mais uma vez virou um pesadelo para a Disney... (Revista Veja - 1º/nov/2000)

Disney admite existir mensagens sublimares em filmes:

Pela primeira vez na história da companhia, a Disney admitiu ter encontrado imagens subliminares num de seus filmes de animação. A foto de uma mulher com os seios de fora aparece em dois quadros de "Bernardo e Bianca" ("The Rescuers"), de 1977, a história de dois ratinhos que ajudam uma menina a se livrar de sequestradores. No último dia 08 (janeiro/2012), a Disney soltou um comunicado oficial afirmando que os vídeos do filme, relançados no mercado americano em 5 de janeiro, contém "imagens de fundo objetáveis". Cerca de 3,4 milhões de fitas já foram recolhidas nos EUA em decorrência do achado. A cena acontece aos 28 minutos do filme e é imperceptível à velocidade normal. Os dois ratinhos usam um albatroz velho como avião. Ele perde altura e passa em frente a vários prédios. Numa das janelas, estão as fotos. Só é possível detectar a imagem em velocidade menor do que 30 quadros por segundo. Mesmo assim, a Disney recolheu as fitas para "manter nossa promessa às famílias de que elas podem confiar que a marca provê o melhor em entretenimento familiar".

(Fonte desconhecida)

quinta-feira, 2 de maio de 2024

A CRIAÇÃO E A QUEDA (por santo Atanásio)

Em nosso Livro anterior tratamos suficientemente sobre alguns dos principais pontos do culto pagão dos ídolos, e como estes falsos deuses surgiram originalmente. Nós também, pela graça de Deus, indicamos brevemente que o Verbo do Pai é Ele mesmo divino, que todas as coisas que existem devem seu próprio ser à sua vontade e poder e que é através dEle que o Pai dá ordem à criação, por Ele que todas as coisas são movidas e através dEle que recebem o seu ser.

Agora, Macário, verdadeiro amante de Cristo, devemos dar um passo a mais na fé de nossa sagrada religião e considerar também como o Verbo se fêz homem e surgiu entre nós. Para tratar destes assuntos é necessário primeiro que nos lembremos do que já foi dito. Deves entender por que o Verbo do Pai, tão grande e tão elevado, se manifestou em forma corporal. Ele não assumiu um corpo como algo condizente com a sua própria natureza, mas, muito ao contrário, na medida em que Ele é Verbo, Ele é sem corpo. Manifestou-se em um corpo humano por esta única razão, por causa do amor e da bondade de seu Pai, pela salvação de nós homens.
Começaremos, portanto, com a criação do mundo e com Deus seu Criador, pois o primeiro fato que deves entender é este: a renovação da Criação foi levada a efeito pelo mesmo Verbo que a criou em seu início. Em relação à criação do Universo e à criação de todas as coisas têm havido uma diversidade de opiniões, e cada pessoa tem proposto a teoria que bem lhe apraz. Por exemplo, alguns dizem que todas as coisas são auto originadas e, por assim dizer, totalmente ao acaso. Entre estes estão os Epicúreos, os quais negam terminantemente que haja alguma Inteligência anterior ao Universo. Outros fazem seu o ponto de vista expressado por Platão, aquele gigante entre os Gregos. Ele disse que Deus fêz todas as coisas da matéria pre-existente e incriada, assim como o carpinteiro faz as suas obras da madeira que já existe. Mas os que sustentam esta opinião não se dão conta que negar que Deus seja Ele próprio a causa da matéria significa atribuir-Lhe uma limitação, assim como é indubitavelmente uma limitação por parte do carpinteiro que ele não possa fazer nada a não ser que lhe esteja disponível a madeira. Então, finalmente, temos a teoria dos Gnósticos, que inventaram para si mesmos um Artífice de todas as coisas, outro que não o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Estes simplesmente fecham os seus olhos para o sentido óbvio das Sagradas Escrituras. Tais são as noções que os homens têm elaborado. Mas pelo divino ensinamento da fé cristã nós sabemos que, pelo fato de haver uma Inteligência anterior ao Universo, este não se originou a si mesmo; por ser Deus infinito, e não finito, o Universo não foi feito de uma matéria pré-existente, mas do nada e da absoluta e total não existência, de onde Deus o trouxe ao ser através do Verbo.

Ele diz, neste sentido, no Gênesis:

"No início Deus criou o Céu e a Terra"; e novamente, através daquele valiosíssimo livro ao qual chamamos "O Pastor":

"Crêde primeiro e antes de tudo o mais que há apenas um só Deus o qual criou e ordenou a todas as coisas trazendo-as da não existência ao ser."
Paulo também indica a mesma coisa quando nos diz: "Pela fé conhecemos que o mundo foi formado pela Palavra de Deus, de tal modo que as coisas visíveis provieram das coisas invisíveis". (Heb. 11, 3)
Pois Deus é bom, ou antes, Ele é a fonte de toda a bondade, e é impossível por isso que Ele deva algo a alguém. Não devendo a existência a ninguém, Ele criou a todas as coisas do nada mediante seu próprio Verbo, nosso Senhor Jesus Cristo, e de todas as suas criaturas terrenas ele reservou um cuidado especial para a raça humana. A eles que, como animais, eram essencialmente impermanentes, Deus concedeu uma graça de que as demais criaturas estavam privadas, isto é, a marca de sua própria Imagem, uma participação no ser racional do próprio Verbo, de tal modo que, refletindo-O, eles mesmos se tornariam racionais expressando a Inteligência de Deus tanto quanto o próprio Verbo, embora em grau limitado. Deste modo, os homens poderiam continuar para sempre na bem aventurada e única verdadeira vida dos santos no paraíso. Como a vontade do homem poderia, porém, voltar-se para vários caminhos, Deus assegurou-lhes esta graça que lhes havia concedido condicionando-a desde o início a duas coisas. Se eles guardassem a graça e retivessem o amor de sua inocência original, então a vida do paraíso seria sua, sem tristeza, dor ou cuidados, e após ela haveria a certeza da imortalidade no céu. Mas se eles se desviassem do caminho e se tornassem vis, desprezando seu direito natal à beleza, então viriam a cair sob a lei natural da morte e viveriam não mais no paraíso, mas, morrendo fora dele, continuariam na morte e na corrupção. Isto é o que a Sagrada Escritura nos ensina, ao proclamar a ordem de Deus:

"De todas as árvores que estão no jardim vós certamente comereis, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não havereis de comer, pois certamente havereis de morrer".
"Certamente havereis de morrer", isto é, não apenas morrereis, mas permanecereis no estado de morte e corrupção. Estarás talvez a divagar por que motivo estamos discutindo a origem do homem se nos propusemos a falar sobre o Verbo que se fêz homem. O primeiro assunto é de importância para o último por este motivo: foi justamente o nosso lamentável estado que fêz com que o Verbo se rebaixasse, foi nossa transgressão que tocou o seu amor por nós. Pois Deus havia feito o homem daquela maneira e havia querido que ele permanecesse na incorrupção. Os homens, porém, tendo voltado da contemplação de Deus para o mal que eles próprios inventaram, caíram inevitavelmente sob a lei da morte. Em vez de permanecerem no estado em que Deus os havia criado, entraram em um processo de uma completa degeneração e a morte os tomou inteiramente sob o seu domínio. Pois a transgressão do mandamento os estava fazendo retornarem ao que eles eram segundo a sua natureza, e assim como no início eles haviam sido trazidos ao ser a partir da não existência, passaram a trilhar, pela degeneração, o caminho de volta para a não existência. A presença e o amor do Verbo os havia chamado ao ser; inevitavelmente, então, quando eles perderam o conhecimento de Deus, juntamente com este eles perderam também a sua existência. Pois é somente Deus que existe, o mal é o não-ser, a negação e a antítese do bem. Pela natureza, de fato, o homem é mortal, já que ele foi feito do nada; mas ele traz também consigo a Semelhança dAquele Que É, e se ele preservar esta Semelhança através da contemplação constante, então sua natureza seria despojada de seu poder e ele permaneceria indegenerescente. De fato, é isto o que vemos escrito no Livro da
Sabedoria:

"A observância de Suas Leis é a garantia da imortalidade". (Sab. 6, 18)
E, incorrompido, o homem seria como Deus, conforme o diz a própria Escritura, onde afirma:

"Eu disse: `Sois deuses, e todos filhos do Altíssimo. Mas vós como homens morrereis, caireis como um príncipe qualquer'". (Salmo 81, 6)
Esta, portanto, era a condição do homem.
Deus não apenas o havia feito do nada, mas também lhe tinha graciosamente concedido a Sua própria vida pela graça do Verbo. Os homens, porém, voltando-se das coisas eternas para as coisas corruptíveis, pelo conselho do demônio, se tornaram a causa de sua própria degeneração para a morte, porque, conforme dissemos antes, embora eles fossem por natureza sujeitos à corrupção, a graça de sua união com o Verbo os tornava capazes de escapar na lei natural, desde que eles retivessem a beleza da inocência com a qual haviam sido criados. Isto é o mesmo que dizer que a presença do Verbo junto a eles lhes fazia de escudo, protegendo-os até mesmo da degeneração natural, conforme também o diz o Livro da Sabedoria:

"Deus criou o homem para a imortalidade e como uma imagem de sua própria eternidade; mas pela inveja do demônio entrou no mundo a morte". (Sab. 2, 23)
Quando isto aconteceu os homens começaram a morrer e a corrupção correu solta entre eles, tomou poder sobre os mesmos até mais do que seria de se esperar pela natureza, sendo esta a penalidade sobre a qual Deus os havia avisado prevenindo-os acerca da transgressão do mandamento. Na verdade, em seus pecados os homens superaram todos os limites. No início inventaram a maldade; envolvendo-se desta maneira na morte e na corrupção, passaram a caminhar gradualmente de mal a pior, não se detendo em nenhum grau de malícia, mas, como se estivessem dominados por uma insaciável apetite, continuamente inventando novo tipos de pecados. Os adultérios e os roubos se espalharam por todos os lugares, os assassinatos e as rapinas encheram a terra, a lei foi desrespeitada para dar lugar à corrupção e à injustiça, todos os tipos de iniqüidades foram praticados por todos, tanto individualmente como em comum. Cidades fizeram guerra contra cidades, nações se levantaram contra nações, e toda a terra se viu repleta de divisões e lutas, enquanto cada um porfiava em superar o outro em malícia. Até os crimes contrários à natureza não foram desconhecidos, conforme no-lo diz o Apóstolo mártir de Cristo:


"Suas próprias mulheres mudaram o uso natural em outro uso, que é contra a natureza; e os homens também, deixando o uso natural da mulher, arderam nos seus desejos um para com o outro, cometendo atos vergonhosos com o seu próprio sexo, e recebendo em suas próprias pessoas a recompensa devida pela sua perversidade". (Rom. 1, 26-27)

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Teologia da Libertação

JOÃO PAULO II - CARTA À CNBB SOBRE A MISSÃO DA IGREJA E A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO SENHORES CARDEAIS E QUERIDOS IRMÃOS NO EPISCOPADO

Pax vobis, alleluial

1. Com esta simples e sugestiva saudação, familiar a Jesus Ressuscitado (cf. Jo 20,19.21.26; Lc 24,16), e com o augúrio nela contido, quero abrir esta mensagem dirigida aos Senhores e, por seu intermédio, a toda a Igreja no Brasil. Após os encontros individuais e coletivos de todos, e após o Encontro de um grupo representativo do Episcopado comigo e com os meus colaboradores na Cúria Romana, esta afirmação de presença quer ser a terceira etapa e o coroamento da Visita ´ad limina´, acontecimento eclesial que, por catorze meses, marcou a vida do Episcopado e da Igreja no Brasil. Nos moldes em que foi realizada, por iniciativa comum dos Senhores e minha, esta Visita ´ad limina´ foi um exercício altamente expressivo de autêntica colegialidade afetiva e efetiva, harmoniosamente conjugada com o correlativo exercício do ministerium Petri. A caridade fraterna que nela reinou, unidade busca incessante da verdade, inspirou um diálogo não superficial mas profundo e coerente, diálogo que desejou ser, o tempo todo, instrumento daquela comunhão que, desde os primórdios da Igreja e ao longo de toda a sua história, mas de modo especial nos documentos do Concílio Ecumênico Vaticano N, aparece como elemento essencial na mesma Igreja de Jesus Cristo. Certamente útil a cada um dos Senhores e a Conferência Episcopal que juntos constituem, a Visita ´ad limina´ assim realizada foi e continuar a ser um inestimável serviço à Igreja no Brasil e, por extensão, às outras Igrejas e à Igreja Universal; um serviço, ainda que indireto, à sociedade brasileira e, por extensão, a toda a família humana.

2. Seria supérfulo sublinhar que, pelos seus destinatários, pelo contexto em que se inscreve e pela sua temática, esta mensagem tem um cunho marcadamente eclesial: ela conclui um ato eclesial, como é a Visita ´ad limina´; dirige´se a homens consagrados à Igreja como seus ministros e Pastores; e tocar pontos de considerável interesse para a vida e a missão da mesma Igreja. Ela parte, portanto, do uma precisa percepção eclesiológica ´ a do Concílio Vaticano N ´ e, já por esta razão, responde a necessidades e anseios claramente sentidos. Pois não foram os Senhores mesmos que, nas diferentes etapas da Visita ´ad limina´, deram forte ênfase à eclesiológia, afirmando explicitamente que no anuncio dos problemas mais sérios, que enfrentam como Bispos, está uma questão eclesiológica e que a solução dos mesmos problemas passa forçosamente por uma justa e bem fundada concepção da Igreja? Consciente disso, senti´me no dever de acentuar, em todos os nossos encontros, os traços fundamentais da verdadeira Igreja de Jesus Cristo, traços afirmados com a necessária clareza pelo Magistério ordinário e extraordinário da mesma Igreja ´ particularmente pelos documentos do Vaticano N ´ e pelo ´sensus fidelium´. A Igreja é, antes de tudo, um mistério - este é o primeiro traço ´, resposta a um Desígnio amoroso e salvífico do Pai, prolongamento da missão do Verbo Encarnado, fruto da ação criadora do Espírito Santo. Por isso, não pode ser definida e interpretada a partir de categorias puramente racionais (sócio´políticas ou outras), produto de um saber meramente humano. Faz parte do seu mistério ser: santa, embora feita de pecadores; peregrina, contemplativa na ação e ativa na contemplação; escatológica, primícias do Reino embora não sua plenitude e consumação; mutável nos seus acidentes e imutável no seu ser e na sua missão. Tal missão ´ e é o segundo traço a frisar ´ é a de evangelizar, isto é, de prestar ao mundo o ministério da Salvação, mediante o dialogus salutis instaurado com ele (cf. Encíclica Ecclesiam Suam, do Papa Paulo VI). Essencialmente religioso, porque nasce de uma iniciativa de Deus e se finaliza no Absoluto de Deus, o ministerium salutis , ao mesmo tempo serviço ao homem ´ pessoa e sociedade ´ às suas necessidades espirituais e temporais, aos seus direitos fundamentais, à sua convivência humana e civil. Por isso mesmo faz parte da missão da Igreja preocupar´se, de certo modo, das questões que envolvem o homem do berço ao túmulo, como são as sociais e sócio´políticas. Condições de justeza no exercício desta parte delicada da sua missão evangelizadora, são, entre outras: uma nítida distinção entre o que é função dos leigos, comprometidos por especifica vocação e carisma nas tarefas temporais, e o que é função dos Pastores, formadores dos leigos para as suas tarefas; a consciência de que não cabe à Igreja como tal indicar soluções técnicas para os problemas temporais, mas iluminar a busca dessas soluções à luz da fé; uma práxis no campo sócio-político deve manter-se em indefectível coerência com o ensinamento constante do Magistério.

3. Neste sentido, a Igreja se encontra, no Brasil como em outras regiões, sobretudo na América Latina, diante de formidáveis desafios. Ela tem consciência de suas limitações e carências para enfrentá´los; mas não cessa de acreditar que, para isso, conta com a assistência do Espírito do Pai e de Jesus Cristo. Razão porque não perde jamais a Esperança teologal. Alguns desses desafios são de ordem eclesial e de vários deles tratei, com a mais fraterna confiança, em minhas alocuções aos vários grupos dos Senhores vindos ´ad limina Apostolorum´, encorajando-os a não perdê-los de vista e a procurar, com decisão e paciência, as possíveis soluções. Refiro-me à escassez de sacerdotes, religiosos e agentes pastorais, à adequada formação dos futuros ministros ordenados, à ameaça à fé por parte de seitas fundamentalistas ou não-cristãs, à catequese, nos problemas que se abatem sobre a família e a juventude, ao perigo de eclesiologias distanciadas daquela que ensina o Concílio Vaticano N etc. Volto a encoraja-los, queridos irmãos Bispos, com renovada segurança, apoiado em algumas convicções já antigas no meu ânimo, reforçadas agora pela mesma ´Visita ad limina´: convicção de que este povo confiado por Deus ao pastoreio dos Senhores é habitado por uma autêntica fome e sede de Deus, da Sua palavra, dos seus mistérios sacramentais, das verdades essenciais da fé, realidades que ele exprime, a seu modo, em sua piedade popular; nem faltam ao seu espírito visceralmente cristão e católico um profundo sentido do mistério da Cruz, uma grande devoção à Eucaristia, um grande amor filial à Mãe de Jesus, um sentimento de reverência para com o Sucessor de Pedro, qualquer que seja a sua pessoa e o seu nome; isso é, como não me cansei de observar ao longo da minha peregrinação por este País, a grande força da Igreja, fonte de conforto para os que a governam como Pastores; tal força ser ainda maior, se essas riquezas forem continuamente consolidadas por uma Liturgia viva e bem ordenada, por uma prática sacramental bem orientada, por uma acurada catequese, por uma imensa atenção às vocações, que certamente hão de surgir; ´ a convicção de que, apesar das mencionadas carências, este povo conserva, por graça de Deus, as sementes do Evangelho, lançadas desde os primórdios da evangelização por devotados e denodados missionários; a obra desses apóstolos não se eclipsa nem mesmo no momento em que a Igreja neste País prossegue no afã de ter sua fisionomia própria, de contar com seus próprios recursos e até de estender a mão a Igrejas mais necessitadas. ´ convicção de que os Senhores e seus colaboradores natos no serviço pastoral dão, aos olhos da Igreja Universal e do mundo, o testemunho de serem Pastores extraordinariamente próximos à sua gente, solidários na alegria e na dor, prontos a educar na fé e a aprimorar sua vida cristã, como a socorrer nas necessidades e a compartilhar suas aflições e esforços, a infundir esperança. Neste terreno, é mais do que justo exprimir gratidão sincera a inúmeros Bispos e sacerdotes, religiosos e religiosas, pessoas consagradas e leigos engajados que, em toda a história desta Igreja ´ mas refiro´me de modo especial aos tempos mais recentes ´ deram prova de admirável zelo apostólico, de abnegação e espírito de sacrifício, de extremado amor à sua gente, de incomparável capacidade de servir desinteressadamente. Que continuem numerosos, e que aumentem ainda esses ministros segundo o coração de Cristo sacerdote e Bom Pastor, e esses colaboradores ´ é a graça maior que Deus pode conceder a uma Igreja. E que, para isso, se aprimore constantemente a formação permanente dos ministros ordenados; a. cuidadosa preparação, nos seminários, dos candidatos ao presbiterato; o tirocínio dos diáconos permanentes; a formação dos jovens candidatos e candidatas à vida consagrada à luz da visão proposta pela Igreja; a formação humana, espiritual e apostólica dos leigos dispostos a servir ao Evangelho. Outros desafios são de natureza cultural, sócio´política ou econômica e se revelam particular, inerte interpeladores e estimulantes no momento histórico que o País está vivendo. É, globalmente falando, o desafio do contraste entre dois Brasis: um, altamente desenvolvido, pujante, lançado rumo ao progresso e à opulência; outro, que se reflete em desmesuradas zonas de pobreza, de doenças, de analfabetismo, de marginalização. Ora, este contraste penaliza com seus tremendos desequilíbrios e desigualdades grandes massas populares condenadas a toda sorte de misérias. Problemas graves como estes não podem ser estranhos à Igreja, ao menos pelos aspectos éticos que eles comportam, como causa ou como efeito das situações materiais. Mas, também neste terrenos, a Igreja conduzida pelos Senhores, Bispos no Brasil, dá mostra de estar com este povo, especialmente com os pobres e sofredores, com os pequenas e os desassistidos, a quem ela consagra um amor, não exclusivo nem excludente, mas preferencial. Porque ela não hesita em diferenciar com intrepidez a justa e nobre causa dos direitos humanos e em apoiar reformas corajosas, em vista da melhor distribuição dos bens, inclusive da terra, em vista da educação, da saúde, da habitação etc., ela goza da estima e da confiança de amplos setores da sociedade brasileira. Bem conscientes de que não podem abdicar de sua específica missão episcopal para assumir tarefas temporais, os Senhores lamentam, por outro lado, a inquietante escassez dos leigos devidamente preparados para assumir esses últimos desafios. Mas sei que posso manter vivo o apelo que tive ocasião de reiterar no correr da Visita ´ad limina´, para que uma prioridade importante e inadiável na ação dos Senhores seja a de formar leigos, quer entre os ´construtores da sociedade pluralista´ (cf. Documento de Puebla, IV parte, capítulo NI), quer entre as massas populares, quer nos ambientes operários e rurais, quer entre os jovens, sempre em vista da sua presença atuante nas tarefas temporais. Formar leigos significa favorecer-lhes a aquisição de verdadeira competência e habilitação no campo em que devem atuar; mas significa, sobretudo, educa-los na fé e no conhecimento da doutrina da Igreja naquele mesmo campo.

4. É no contexto dessa realidade humana e eclesial, com seus desafios, que os Senhores são chamados a ser Pastores no Brasil, hoje. Tarefa imensa. Tarefa provocadora e fascinante. Tarefa possível, com a ajuda de Deus. Inspirando´me no rico e fecundo ensinamento do Concílio Vaticano N, mais de uma vez procurei definir essa tarefa. Eu o fiz, de modo especial, no discurso que lhes dirigi em Fortaleza, no momento culminante da minha inolvidável viagem ao Brasil, Quis fazê´lo também, em momentos sucessivos, nos nove discursos dirigidos aos grupos regionais vindos em Visita ´ad limina´. Nessa tarefa ´ que deriva de um misterioso chamado de Deus, responde a uma missão dada por Deus e se apóia sobre a graça de Deus conferida pelo sacramento da Ordem ´ não podem faltar, devidamente aplicados às condições concretas da realidade humana e eclesial brasileira, alguns aspectos essenciais. Deus nosso Pai e Jesus Cristo nosso Senhor esperam, espera a Igreja no Brasil com seus presbitérios, seus religiosos e religiosas e pessoas consagradas, e seus leigos de todas as condições, espera, em certa medida, todo o povo brasileiro que cada um dos seus Bispos seja: ´ convicto e convincente proclamador da Palavra de Deus e, por isso mesmo, educador na fé, servo e mestre na Verdade revelada, especialmente da verdade sobre Cristo, sobre a Igreja e sobre o homem; ´ edificador da Comunidade eclesial e ao mesmo tempo sinal e princípio visível da continuada comunhão que deve ser a alma dessa Comunidade, sobretudo em meio a fermentos de divisão e perigos de ruptura, conflitos e ameaças de dilacerações; ´ exemplo de verdadeira unidade com seus irmãos sacerdotes e com seus fiéis no seio da Igreja Particular; com seus irmãos Bispos no seio da conferência Episcopal e na Igreja Universal; com o Sucessor do Apóstolo Pedro e com seu ministério a serviço da catolicidade; ´ ´perfector´ de seus sacerdotes e pessoas consagradas, pelo seu ensinamento e pelo testemunho da sua vida, e dispensador dos mistérios de santificação, através dos sacramentos, para todos os fiéis, sem discriminação; ´ pastor e guia do povo a ele confiado, pelos caminhos da vida e em meio às realidades deste mundo, rumo à Salvação; ´ pai espiritual pra todos, especialmente para os mais necessitados de orientação e ajuda, de defesa e proteção.

5. Tendo diante dos olhos essas indeclináveis exigências do seu serviço episcopal, os Senhores têm´se esforçado, sobretudo nos últimos anos, por encontrar respostas justas aos desafios acima referidos, sempre presentes, eles também, no seu espírito. A Santa Sé não tem deixado de acompanha´los nestes esforços, como faz com todas as Igrejas. Manifestação e prova da atenção com que compartilha esses esforços, são os numerosos documentos publicados ultimamente, entre os quais as duas recentes Instruções emanadas pela Congregação para a Doutrina da Fé, com a minha explícita aprovação: uma, sobre alguns aspectos da teologia libertação (Libertatis nuntius, de 6 de agosto de 1984); outra, sobre a liberdade cristã e a libertação (Libertatis conscientia, de 22 de março de 1986). Estas últimas, endereçadas à Igreja Universal, têm, para o Brasil, uma inegável relevância pastoral. a medida em que se empenha por encontrar aquelas respostas justas ´ penetradas de compreensão para com a rica experiência da Igreja neste País, tão eficazes e construtivas quanto possível e ao mesmo tempo consonantes e coerentes com os ensinamentos do Evangelho, da Tradição viva e do perene Magistério da Igreja - estamos convencidos, nós e os Senhores, de que a teologia da libertação é não só oportuna mais útil e necessária. Ela deve constituir uma nova etapa ´ em estreita conexão com as anteriores - daquela reflexão teológica iniciada corri a Tradição apostólica e continuada com os grandes Padres e Doutores, com o Magistério ordinário e extraordinário e, na época mais recente, com o rico patrimônio da Doutrina Social da Igreja, expressa em documentos que vão da Rerum novarum à Laborem exercens. Penso que, neste campo, a Igreja no Brasil possa desempenhar um papel importante e delicado ao mesmo tempo: o de criar espaço e condições para que se desenvolva, em perfeita sintonia com a fecunda doutrina contida nas duas citadas Instruções, uma reflexão teológico plenamente aderente ao constante ensinamento da Igreja em matéria social e, ao mesmo tempo, apta a inspirar uma práxis eficaz em favor da justiça social e da equidade, da salvaguarda dos direitos humanos, da construção de uma sociedade humana baseada na fraternidade e na concórdia, na verdade e na caridade. Deste modo se poderia romper a pretensa fatalidade dos sistemas ´ incapazes, um e outra, de assegurar a libertação trazida por Jesus Cristo ´ o capitalismo desenfreado e o coletivismo ou capitalismo de Estado (cf. Libertatis conscientia, n. l0 e 13). Tal papel, se cumprido, ser certamente um serviço que a Igreja pude prestar ao País e ao quase´Continente latino´americano, como também a muitas outras regiões do mundo onde os mesmos desafios se apresentar com análoga gravidade. Para cumprir esse papel , insubstituível a ação sábia e corajosa dos pastores, isto é, dos Senhores. Deus os ajude a velar incessantemente para que aquela correta e necessária teologia da libertação se desenvolva no Brasil e na América Latina, de modo homogêneo e não heterogêneo com relação à teologia de todos os tempos, em plena fidelidade à doutrina da Igreja, atenta a um amor preferencial não excludente nem exclusivo para com os pobres.

6. Neste ponto é indispensável ter presente a importante reflexão da Instrução Libertatis conscientia (n. 23 e 71) sobre as duas dimensões constitutivas da libertação na sua concepção cristã: quer no nível da reflexão quer na sua práxis, a libertação é, antes de tudo, soteriológica (um aspecto da Salvação realizada por Jesus Cristo, Filho de Deus) e depois ,ético-social (ou ético-política), Reduzir uma dimensão à outra ´ suprimindo-as praticamente a ambas ´ ou antepor a segunda à primeira , subverter e desnaturar a verdadeira libertação cristã. O dever dos Pastores, portanto, anunciar a todos os homens, sem ambigüidades, o mistério da libertação que se encerra na Cruz e na Ressurreição de Cristo. A Igreja de Jesus, nos nossos dias como em todos os tempos, no Brasil como em qualquer parte do inundo, conhece uma só sabedoria e uma só potência: a da Cruz que leva à Ressurreição (cf. l Cor 2,1´5; Gl 6,14). Os pobres deste País, que têm nos Senhores os seus Pastores, os pobres deste Continente são os primeiros a sentir urgente necessidade deste evangelho da libertação radical e integral. Sonegá´lo seria defraudá´los e desiludi´los. Por outro lado, os Senhores ´ e com os Senhores toda a Igreja no Brasil ´ mostram´se prontos à empreender, em seu setor próprio e na linha do próprio carisma, tudo aquilo que deriva, como conseqüência, da libertação soteriológica. É, aliás, o que a Igreja, desde os seus albores, sempre procurou fazer por meio de seus santos, seus mestres e seus pastores e por meio de seus fiéis engajados nas realidades temporais. Permitam´me, Irmãos no episcopado, que, com plena confiança, os convide a uma tarefa menos visível mas de alta relevância, além de profundamente conexa com nossa função episcopal: a de educar para a libertação, educando para a liberdade (cf. Libertatis conscicntia, n. 80, 81 e 94),

Educar para a liberdade , infundir os critérios sem os quais essa liberdade se tornaria uma quimera, se não uma perigosa contratação. É ajudar a reconquistar a liberdade perdida ou a curar a liberdade, quando adulterada ou corrompida. Educadores na fé, como nos chama o Concílio Vaticano II, nossa tarefa consistir também em educar para a liberdade. Entrego agora esta mensagem às mãos do meu estimado irmão Cardeal Bernardin Gantin, Prefeito da Congregação que, na Cúria Romana, se dedica, com exemplar disponibilidade, a assistir todos os Bispos em seu ministério às Igrejas e a colaborar com o Bispo de Roma na sua função de ´confirmar os irmãos´. Convidado pelos Senhores a animar um dia de retiro espiritual, no quadro da Asseinbléia Geral desta Conferência Episcopal, ele terá a bondade de dizer´lhes, de viva voz e com o calor da sua presença, com que sentimentos de sincero apreço e fraternidade foi escrita esta mensagem; aqueles mesmos sentimentos que, de minha parte, inspiraram e animaram os encontros havidos durante a visita ´ad limina´. Evocando ainda, em meu ânimo, aqueles encontros, de modo especial o Encontro de 13 a l5 de março p.p., com alguns dos Senhores, vem´me espontâneo o sentimento de ter com os Senhores uma nova e mais profunda forma de colegialidade: após esta Visita ´ad limina´, o Papa e seus colaboradores certamente conhecem melhor estas realidades que são a Igreja no Brasil e seu episcopado. Eles esperam terem´se tornado também mais e melhor conhecidos. Desejo permanecer em constante contato com os Senhores e participar, ´in vinculo fraternitatis´, de todas as importantes e exigentes tarefas do seu pastoreio; em contato, especia1nlente, quando essas tarefas pesarem um pouco mais sobre os seus ombros. Rogo, por minha vez, sua oração por mim, especialmente na Eucaristia, para que o nome de ´servus servorum Dei´, dado por São Gregório Magno à missão pontifical, seja em mim uma verdade. Na pessoa do mesmo Cardeal Gantin quero estar reunido com os Senhores aos pés de Nossa Senhora Aparecida. Sejamos todos juntos, em torno da Mãe do Sumo Sacerdote Jesus Cristo, a imagem dos Apóstolos, dos quais somos Sucessores, congregados com Maria na expectativa do Dom do Espírito da verdade e da caridade. Que este Espírito os faça vigilantes Pastores das queridas Comunidades eclesiais do Brasil e ministros de Salvação para toda a comunidade humana brasileira. Ao termo desta mensagem e em conclusão da memorável Visita ´ad limina´, resta-me, diletos irmãos Bispos, transmitir-lhes, como com prazer o faço a Bênção Apostólica, penhor das bênçãos divinas que imploro para suas pessoas e seu ministério episcopal. Queiram, por sua vez, comunicá-la a toda a Igreja no Brasil, destinatária também desta mensagem: aos sacerdotes, cooperadores da ordem episcopal; aos diáconos permanentes, numerosos, dedicados, atuantes em várias das dioceses dos Senhores; aos seminaristas no momento decisivo de seu itinerário rumo ao presbiterato; a todas as pessoas consagradas, sejam essas entregues à oração, ao silêncio e à penitência, ou dedicadas à educação, ao serviço dos doentes e dos pobres ou à multiforme obra de evangelização; aos leigos engajados nos movimentos e associações, nas comunidades eclesiais de base, nos ministérios extraordinários e nos mais diversificados serviços à Igreja; aos leigos engajados, como filhos da Igreja e em nome da sua fé, nas tarefas temporais; aos leigos que, por algum motivo, estão pouco empenhados, para que se sintam estimulados em tomar seu lugar na Igreja e no mundo; nos afastados, para que voltem à prática da sua vida cristã e católica; nos que duvidam e procuram o caminho, para que não lhes faltem a luz e a força aos jovens e às crianças, tão numerosos em seu País e tão merecedores de solicitude, porque são a esperança e o futuro desta Nação e da Igreja e porque se defrontam com tantos problemas e ameaças; a todos, enfim, especialmente aos pobres, aos que sofrera e choram, para que Deus seja tudo em todos.