Aos quinze anos, Genoveva fez o voto de castidade, nas mãos do bispo de Paris, e recebeu o véu sagrado. Desde esse dia, penitências e mortificações lhe ocupavam grande parte do tempo, pois muito bem sabia que a flor delicadíssima da pureza do coração não pode desenvolver o seu encanto numa vida ociosa e de comodidades. Tinha por alimento pão de cevada, por bebida água da fonte, por leito o chão. Apesar de sua vida santa e retraída, não logrou fugir da língua bífida da calúnia e maledicência. Genoveva não se perturbou; antes se encheu de satisfação por poder sofrer alguma coisa pelo nome de Jesus. Passado pelo crisol do sofrimento, ainda mais esplendorosa lhe brilhava a santidade. Deus envergonhou os caluniadores pelos grandes milagres que fez por intermédio de sua humilde serva. O fantasma da fome, que dizimava a população de Paris, retrocedeu em face das orações de Santa Genoveva. Tremiam os parisienses, na expectativa de ver a cidade arrasada pelo ímpeto irresistível das hordas de Átila. Genoveva tranqüilizou-os, predizendo uma mudança nos planos do temido "flagelo de Deus". De fato, Átila viu-se obrigado a sacrificar grandes vantagens e desviar as ondas devastadoras de seu exército. Estes e outros fatos de interesse público fizeram com que todos enxergassem em Genoveva uma grande alma, privilegiada por Deus.
O próprio rei Childerico tinha-a em grande conta. A pedido da Santa, muitas vezes, anistiou a réus, condenados à morte. Clovis, à iniciativa de Genoveva, construiu uma Igreja, dedicada a São Pedro e São Paulo.
Genoveva entretinha uma devoção terníssima à Santíssima Virgem e aos Santos Martinho e Dionísio. Mandou construir um templo no lugar onde São Dionísio derramara o sangue, em testemunho da fé. Genoveva morreu aos 89 anos.
A cidade de Paris venera-a como padroeira. Em tempos bem críticos, a capital da França tem experimentado a valiosa proteção de sua defensora. Em 1130 apareceu uma epidemia denominada "o fogo", que transformou a cidade em grande hospital e causou muitas mortes. O povo apavorado fez preces públicas suplicando ao céu misericórdia. Já existiam aproximadamente 1.400 doentes em Paris, quando a população resolveu organizar uma grande procissão, na qual foram levadas as relíquias de Santa Genoveva. A procissão realizou-se e a epidemia extinguiu-se como por encanto.
As relíquias da Santa foram queimadas no ano de 1793 e sua igreja transformada em panteão.
Reflexões:
Da vida de Santa Genoveva, donzelas e moços podem aprender que, para conservar a inocência, não há meios mais idôneos que estes: a fuga das ocasiões de pecar, amor ao trabalho, dedicação à oração e aversão aos divertimentos profanos. Jovens que dão toda a liberdade aos sentidos, principalmente aos olhos; jovens que se sentem bem na companhia de pessoas mundanas; jovens que, avidamente se entregam aos divertimentos, por mais licenciosos e perigosos que como tais sejam acoimados; jovens que não rezam e qualificam a oração de ocupação inútil; se já não perderam a inocência, não estão longe disto. Oxalá todos os jovens queiram aceitar o conselho do Espírito Santo que diz: "Meu filho, quando os pecadores te chamarem, não lhes dês ouvido!". O veneno do pecado está muitas vezes escondido nas coisas que mais nos agradam, e que adulam os nossos sentidos. Na prática da virtude, porém, estão depositadas a tranqüilidade da consciência, o sossego do espírito, a amizade com Deus e muitas vezes a saúde do corpo e a felicidade cá na terra.
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