sexta-feira, 31 de maio de 2024

MEDO ESCRAVIZADOR

Paz e fogo, povo de Deus!
Eu tenho conferido nestes anos de ministério, formando novos pregadores e reciclando outros, pela graça de Deus sempre, o medo das pessoas em diversas dimensões e várias categorias... Deus tem usado de misericórdia para comigo.

Muitos frutos recolhidos, muitas lutas, muita graça derramada... Mas me preocupa muito o quanto as pessoas têm medo! Medo de assumir compromissos, medo da vontade de Deus, medo de renunciar as coisas, medo de se relacionar com alguém, medo da decepção, medo de morrer, de adoecer... E por aí vai uma infinita lista de medos que muitas pessoas têm e muitas vezes se convencem que não tem jeito de superar tais medos e, infelizmente, uma boa parte de pessoas, adquire para si o medo dos outros pois se identificam com a problemática da vida das pessoas. É terrível!

Uma vez uma pessoa chegou em mim e disse assim: "- Lucio, eu sinto o chamado ao ministério de pregação, mas tenho medo de não ser um(a) bom(a) pregador(a) como você."

No fundo eu senti vontade de bater nessa  pessoa!

Temos uma mania de querer se auto afirmar que chega a ser um terror!

A opinião das pessoas tem de nos ajudar a aprimorar o que temos de bom e corrigir o que está defeituoso e não simplesmente ficar com medo - às vezes até fobia! - de dar um passo na direção que Deus tem colocado a cada um de nós.

O medo de relacionar-se, é outro que se destaca muito nestas andanças que tenho feito.

A decepção das pessoas com relacionamentos antigos que deixaram rastros de destruição e estragos nas emoções... Isso não precisa de medo, mas de cura!

E até de buscar cura interior as pessoas estão com medo... Medo de mostrar as fraquezas, sua verdade limitada...

Vejo bem que se encontraram com Jesus e receberam o Batismo no Espírito Santo...

Fala-se muito em prudência... Respeitar pessoas... Sim!

Temos e devemos respeitar as pessoas em sua dignidade de ser humano, de filho de Deus, temos de ser prudentes no que dizemos quando é de ousadia que falamos... Ousadia sem prudência é falta de discernimento.
Por isso precisamos pedir o dom do discernimento dos espíritos constantemente, pois ao invés das pessoas perderem seus medos, elas estão ficando cada vez mais amedrontadas e percebemos isso quando ninguém se compromete com nada dentro da Igreja. Já notaram que quando se fala em compromisso com pastoral A ou B ou compromisso com movimento A, B ou C as pessoas torcem o nariz, perguntam se não tem como ajudar indiretamente sem um COMPROMISSO. Não seria isso medo de comprometer-se com Deus?

Porque tantos estão se casando somente no civil e não no religioso?

Medo de comprometer-se com  Deus?

E isso acontece em todas as dimensões da Igreja, desde fiéis até aqueles que estão à frente. Não são todos assim.

Existem aqueles que ousam, que têm o destemor de lutar contra os medos e suas técnicas de escravidão.

Graças a Deus, Ele tem levantado pessoas ousadas, sem medo de falar em nome Dele, com discernimento, ousadia e unção.

Eu poderia nomear alguns, mas poderia ser injusto esquecendo-me de outros, também importantes, nesse sentido.

Muitos de nós nos tornamos escravos do medo.

Medo de magoar alguém... Medo do que as pessoas pensem ou falem de nós... Medo das pessoas desaprovarem o que somos e fazemos... Medo de errar... Medo de se desapegar de pessoas e situações, lugares e etc..

E esse medo é tão terrível, que escraviza a pessoa que o sente.

A ponto de as pessoas não agirem contra, exatamente com medo de enfrentar o tal medo!

Medo até de microfone...

É preciso procurar plantões de oração por cura e libertação, ser acompanhado, buscar essa cura interior, talvez todo esse medo tenha sido ocasionado por traumas na infância, intrauterinos... E digo que pregadores assim tem aos montes espalhados por este mundo, mas têm medo de mostrar suas fraquezas num acompanhamento desse nível e por isso evitam, se esquivam, arranjam muitos compromissos na agenda para não enfrentarem esses medos escravizantes que nos proporcionam muitas vezes a sensação de frustração de não ter ousado e ir além numa determinada situação... Sensação de impotência diante de um chamado novo da parte de Deus... Sensação de incompreensão das pessoas para conosco e isso nos isola, dando vazão a uma depressão... Enfim, são várias coisas decorrentes desses medos escravizantes que muitos de nós estamos sujeitos.

Como enfrentar esses medos? Não existe uma solução padronizada, pois cada um é cada um.
Cada pessoa sente ou experimenta esse tipo de coisa de uma forma diferente...

Tenho tido uma experiência fabulosa de me deparar com meus medos que nem imaginava tê-los com um diretor espiritual. Fazendo direção espiritual com meu diretor, ele desvendou meus olhos diante de uma realidade assustadora: EU TENHO VÁRIOS MEDOS E TENHO DE TRABALHAR CADA UM ENFRENTANDO-O CARA A CARA.

Isso nos tira as máscaras. Nos faz cair em nós mesmos. Experiência de filho pródigo que volta nos mesmos passos que pediu a herança e gastou-a.

Nós temos a herança nas mãos e precisamos voltar sem ela... Sem as riquezas, mas com a nossa miséria para que a Misericórdia de Deus naquele Pai, nos acolha e nos dê festa... roupa nova de conversão, de homem/mulher novo(a)... anel para tornar belas as mãos que pegaram em bolotas de porco... novilho para celebrar, para saciar nossa fome de Deus que sentimos quando sentimos esses medos...

Jesus! Filho de Davi! Tem compaixão de mim!

Volta Teu olhar para minhas misérias, nos colocando pessoas sábias e de unção para nos direcionar
em teus passos e vencermos nossos medos interiores, que, na maioria das vezes, desconhecemos ou ignoramos para não nos enxergarmos como somos. Liberta-nos desses medos, Jesus, pelo Teu poderoso Sangue que se derramou em nosso favor... Continue orando se Deus assim lhe tocou ou se você se identificou com o artigo.
Amém

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quarta-feira, 29 de maio de 2024

5 MOTIVOS DO ESFRIAMENTO ESPIRITUAL - MOISÉS ROCHA

 

Uma pregação muito boa para servos de grupo de oração que não sabem porque o fogo inicial esfria e apaga, trazendo o desânimo, fraqueza espiritual... aconselho a todos os coordenadores de grupo de oração e ministérios! Paz e fogo.

terça-feira, 28 de maio de 2024

ABRA AS PORTAS OU DEIXE-AS FECHADAS

Proclamar um ano da graça da parte do Senhor tem sido meu único pensamento ultimamente, e as questões surgem em meu coração. 

Deus nos promete.

Deus nos garante que graças e vitórias ocorrerão.

Mas uma pergunta tem me acompanhado:
- Senhor o que preciso fazer para que esta promessa se realize em minha vida?

- Quais são as preparações necessárias?

- Quais as mudanças em meu coração para estas graças caibam nele?

Portas estão trancadas em nossas vidas, muitas portas, a porta do perdão, que guarda atrás dela ressentimentos antigos, magoa passadas e tantas vezes revividas.

Porta da unidade, que guarda atrás criticas, soberba, arrogância.

Porta da gratidão, porta do amor, da solidariedade, do compromisso, da disciplina, do comprometimento, da obediência.

Tantas portas existem em nosso coração. Cabe a cada um de nós descobrir: Qual porta esta  fechada.? E qual precisa ser aberta para esta promessa de 2012 , se cumpra na sua vida ... "... um ano de graças da parte do Senhor." ( Isaias 61,2).

Então me perguntei qual a chave que tenho para abri-las? Onde posso encontrá-las? O que devo fazer?

Estas portas estão trancadas a tanto tempo na minha vida, então o que fazer?

A primeira chave que Jesus me mostrou foi a Chave da oração, ela é o contato direto que tenho com Deus, esta chave quando não usada  enferruja, quando não cuidada ela se perde.

Então pensemos na nossa oração pessoal, muitas vezes falamos com Deus sobre tantas pessoas e assuntos, e não falamos com Ele sobre nos mesmos, nossas verdades, e acabamos perdendo a intimidade, pois conhecemos a Deus a medida que nos conhecemos, e só Ele pode revelar quem somos.

Através desta primeira chave, perguntei ao Senhor, como move-la, como abrir as portas com esta chave?

Entendi que o mover de todas as coisas cabe ao Espírito Santo, o movimento que me impulsiona é o Espírito Santo, ele é a GRANDE CHAVE, a chave que me coloca em contatos com as minhas
chaves, Ele que decide em mim o desejo de usar as chaves que abre meu coração para obedecer e seguir Jesus Cristo.

Muitas chaves nos são apresentadas, cada uma abre uma porta certa, cabe ao Espírito nos mostrar, Ele é a chave, que  indicará a chave certa para cada porta que nos levara a s mudança de vida , de comportamento e de pensamento, para servir melhor e amar mais as pessoas  e a Deus.

Autora: Silvania - G. Oração São Camilo (Pompéia - SP)

segunda-feira, 27 de maio de 2024

APASCENTA AS MINHAS OVELHAS (Jo 21, 17)

Irmãos, paz e fogo.

O RHEMA da RCC neste ano de 2012 é interessante.

No Congresso da RCC no ano passado, em setembro, em algumas pregações feitas, foi colocado a problemática do "pastoreio" e Deus então inspira de forma profética esta ordem a nós da RCC.

E alguns detalhes saltam ao nosso olhar neste trecho do versículo.
 
Pedro havia acabado de passar pela experiência de uma pesca frustrante, como em Lucas 5.

Só que o contexto é outro: Ele conhecia Jesus e depois que Jesus havia morrido no lenho do madeiro, Pedro se desanima, quer voltar atrás, queria voltar a ser pescador de peixes e não de almas. Não queria mais confirmar a fé dos irmãos como pedira Jesus em Lucas 22, 32: "... eu, porém, orei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando porém, te converteres, CONFIRMA TEUS IRMÃOS."

Jesus conferiu a Pedro o pastoreio de seus apóstolos.

Pedro, quando decidiu pescar de novo no início do capítulo, esse governo exercido sobre os apóstolos, foi confirmado, pois alguns acompanharam ele ao lago de Tiberíades. O desânimo de Pedro foi tamanho que ele chegou a ficar nu. Quando, porém, Jesus novamente proporciona outra pesca fabulosa, Pedro é o primeiro - como na ressurreição - a nadar na direção de Jesus que está já na praia, preparado com peixes e pães prontos para se comer... Lindo isso.

Apesar de perguntar aos apóstolos se tinham algum peixe no versículo 5, já tinha tudo preparado para receber seus apóstolos, mas o foco é Pedro. Jesus não se dirige a nenhum outro apóstolo presente na ocasião, mas somente a Pedro, assim como se dirige nesta ordem à RCC de apascentar as ovelhas, aos que coordenam, desde o movimento mundial até chegar em nossos grupos de oração, que têm um responsável para pastorear suas ovelhas. Acredito muito que Jesus, ao inspirar este RHEMA profético à RCC e a nós, quer chamar nossa atenção a esse desânimo que tomou conta de muitos coordenadores por onde tenho andado... E são diocesanos, paroquiais, setoristas, regionais, em todas as instâncias parece que o mesmo desânimo de Pedro se apoderou de alguns.

É fato também que muitos multiplicaram seus talentos nas referidas coordenações.

Muitos ampliaram seus horizontes na vontade de Deus e progrediram, fizeram seu rebanho crescer, fizeram descobertas, perceberam a ação de Deus neles, tomando posse e seguindo em sua missão.

Mas o chamado de Jesus a nós é mais profundo.

É depois de olhar nos olhos de Pedro e perguntar na primeira vez se Pedro O amava MAIS do que aqueles que haviam passado aquela pesca noturna frustrante à pesca milagrosa junto com ele, Pedro.

Como julgar meu amor maior ou menor do que o amor do outro? Não estou no coração dele!

Mas Pedro assume isso. Detalhe é que neste versículo 17, quando perguntado pela terceira vez, entristece-se
com a repetição da pergunta de Jesus. Não parece a tristeza de uma confirmação não desejada da vontade de Deus na vida de muitos coordenadores?

Pois, venhamos e convenhamos, nem sempre queremos fazer as coisas como Deus nos mostra e muitos coordenadores que conheço dizem isso. Eu também, nem sempre, quero fazer como Deus revela e diante de uma confirmação da vontade de Deus, lá estou eu, com uma ambiguidade de sentimentos: Feliz pela vontade de Deus, triste por não ser como EU queria.

No grego, que o Evangelho de São João foi escrito, quando Pedro responde que "... tu sabes tudo, tu sabes que te amo...", na verdade, Pedro diz: Tu sabes que te GOSTO.

SINCERIDADE no pastoreio!!!!

Apascenta então minhas ovelhas que estão no meu aprisco (ou não) com esta mesma sinceridade que dizes gostar de mim!!!!

Deus está chamando os coordenadores - e eu também sou um hoje de ministério! - a pastorearem suas ovelhas, com verdade, sinceridade, disponibilidade...

Quantos coordenadores de grupo de oração não estão vendo seu grupo minguar sem se mexer!?

Quantos estão vendo seus grupos quase fechando as portas, querendo dar a desculpa de que Deus não quer quantidade, mas qualidade??? Ora, onde se tem qualidade tem quantidade! É a lógica!

Jesus não evangelizou poucos, mas MULTIDÕES!

Apascenta minhas ovelhas, Pedro, coordenador de ministério, de grupo de oração, de paróquia, diocese, da RCC, apascenta minhas ovelhas com a mesma verdade que um dia te colocou no coração de Jesus como ovelha, agora tu és um pastor! Apascenta, doutrina, confirma minhas ovelhas neste aprisco!

RCC está sendo chamada a correr atrás daqueles que deixaram seu aprisco! Pastorear elas também!
Voltá-las ao aprisco verdadeiro do Deus verdadeiro!

Colocar os "pastores" no redil de Jesus, amando-O, com sinceridade, louvando-O com coração autêntico, pois só no amor de Deus, no amor de Jesus pelas suas ovelhas, conseguiremos cumprir este mandato do Senhor para nós neste ano de 2012.
Apascenta minhas ovelhas sem direção!

Apascenta minhas ovelhas decepcionadas!

Apascenta minhas ovelhas desgarradas!

Apascenta minhas ovelhas machucadas!

Apascenta aquelas ovelhas que saíram do redil da RCC criticando sem o verdadeiro fundamento e compreensão que lidamos com gente que é imperfeita!

Apascenta minhas ovelhas que debandaram deste redil para outros redis sem a plenitude da verdade por causa de picuinhas ou impaciência na espera das demoras de Deus!

Apascenta minhas ovelhas! São minhas... São de Jesus as ovelhas que nós apascentamos!

Levemos isso aos nossos grupos de oração durante este ano de 2012, com a certeza de estarmos na UNIDADE com o movimento!

Paz e fogo.

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sexta-feira, 24 de maio de 2024

FEBRES ATUAIS!

Gente, paz e fogo... 

Neste artigo quero manifestar meu profetismo quanto a algumas coisas que fazem uma boa parte povo de Deus a engrossar a fila dos necessitados e viciados em certas "idiotices" que consomem a mente e o bom senso das pessoas que acabam por serem seduzidas por essas avalanches de idiotices que levam o povo a esquecer-se de Deus e, quando não, a deixar-se minar na espiritualidade com essa "avalanche" que cai direto no inconsciente e faz um estrago enorme, esfriando na oração, caindo no relativismo (uma praga dentro da Igreja hoje), e chegando até ao cúmulo, muitas vezes no sincretismo religioso, dependendo do que se colhe por aí.

Eu gostaria de iniciar aqui com essa febre "Ai se eu te pego".

Não tenho nada contra essa "canção" e quem curte - não sei se é possível - esse negócio.

Mas notei num estudo particular meu, que a música (se assim podemos chamar) que pegou e tem pegado, principalmente a juventude, tem 3 frases repetidas por diversas vezes.

Que estrago causa no inconsciente nosso escutar tais frases por diversas vezes? 

Lembrando que o nosso inconsciente não sabe separar realidade da fantasia, por isso, tudo é absorvido com grau de realidade tamanha que até gera traumas emocionais terríveis!

Mas vamos ao "ai se eu te pego":

* "Nossa, nossa... Assim você me mata... Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego"

Foi dito algo que se aproveite ou se tire algo de construtivo aqui? Uma interjeição de espanto, associada a uma idéia de espalhafato e uma cobiça ou desejo de se usufruir do "espalhafatoso" que de que se espanta...

* "Delícia, delícia... Assim você me mata... Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego"

 Aqui só se muda a interjeição, agora dando uma qualidade, como se pudesse degustar... Já que achamos delicioso algo que sentimos o gosto... Note bem que o verbo "matar" está já inserido 2 vezes e o "pegar" 4 vezes... Proposital? Não sabemos...

* "Sábado na balada / A galera começou a dançar / E passou a menina mais linda / Tomei coragem e comecei a falar"

Bem, aqui está todo o sentido da "canção". Afirma-se estar numa balada, depois de uma dança, a menina mais linda, mais cobiçada da turma passa e o cara toma coragem de dar uma "cantada" na "menina mais linda"... E que cantada criativa! Nossa, assim você me mata... Ai se eu te pego... Delícia... Assim você me mata... Ai se eu te pego!

Mas que instrutivo!

Aí você encontra um jovem e tenta manter uma conversa construtiva com ele durante 5 minutos... Terá um minuto no máximo para acender, pelo menos, a curiosidade dele pelo seu papo... caso contrário, cairão no silêncio hospitalar e incômodo de duas pessoas sem assunto.

Culpa do jovem ou minha? Claro que não.

Agora, cada um escuta o que lhe convém e quer, não é? Ouvir uma canção é um ato da vontade...

Sem contar que essa "música" é um funk.. escrito por sua compositora para ser um funk! É de rir ou de chorar um negócio desse?

Pois isso se tornou um fenômeno dentro e fora do país. Sem contar outras "canções que eu poderia citar aqui que, muitas das vezes, nos dá até vergonha de passar pelo local onde estão tocando. Ouvir uma BOA música não é pecado, gente!

Músicas que são ao menos audíveis... Que passam uma mensagem que seja inteligível e não algo óbvio que gruda como chiclete no inconsciente do indivíduo(a) e pra tirar é um tormento!

Eu, por diversas vezes passei por lugares onde tocavam certas "canções" assim que saem de lugar nenhum e chegam a lugar algum! enchem-nos de um vazio, tão grande, mas tão grande, que chegamos a ficer infláveis de tanto vazio que consumimos, e quando escuto uma parte dessas "músicas", ela fica na cabeça, sem pre a pior parte da ditacuja! e pra tirar, muitas vezes eu tive de fazer uma oração de renúncia!

Muitas vezes, é preciso filtrar o que se ouve, o que se fala com 3 filtros básicos:

1) É verdade o que eu escuto ou falo?

2) É algo bom para mim e para quem me rodeia o que escuto ou falo?

3) O que muda na minha vida ou acrescenta nela escutando ou falando isso?

Filtrando com estas 3 "peneiras" saberemos blindar um pouco mais nossos ouvidos e nossas casas destas "músicas", destes programas que fazem a gente deixar nosso inconsciente, empobrecido de conteúdo e passamos a engrossar a fila dos necessitados de ajuda...

E é engraçado, pois não vemos febres de oração, febres de santidade, febres convulsionais de busca das coisas do alto, como afirmava o saudoso Pe. Léo.

Não vejo gente com febre pela vida de oração pessoal e comunitária, e aí a gente vê grupos de oração numa verdadeira UTI de esvaziamento e aniquilamento da espiritualidade do movimento RCC, sem unção, sem Batismo no Espírito, sem carismas vivenciados, sem santidade autêntica dos servos... 

Não vejo febre de busca pelas coisas que valem a pena: vida dos santos, conhecimento da Igreja e seus documentos - riquíssimos de conteúdo - , leitura Bíblica diária (basta ver o projeto amigos de Deus da RCC), vida de penitência, carimbando tudo o que fazemos com o carimbo da ETERNIDADE... 

Padre Léo nos profetizou isso em sua última pregação!

Onde está a febre da pobreza autêntica de São Francisco de Assis?

Onde está a febre do zelo apostólico de São Padre Pio de Pietrelcina?

Onde está a febre de perseverança no casamento de Santa Rita de Cássia?

Onde esté a febre de sabedoria buscada em deus de Santo Agostinho?

Onde está a febre da conversão de Santo Expedito?

Onde está a febre de testemunho de Santo Estevão?

Onde está a febre de pregações ungidas de Santo António de Pádua?

Onde está a febre pelo zelo da pregação eficaz de São João Crisóstomo?

Onde está a febre do zelo pela espiritualidade de São Paulo Apóstolo?

Onde está a febre pelo bem do próximo de Madre Teresa de Calcutá?

Onde está a febre pelos cuidados dos doentes de São Camilo?

Onde está a febre pela caridade com os mais necessitados de São Vicente de Paula?

Onde está a febre por grupos de oração zelosos da espiritualidade autêntica da RCC de você que lê estas linhas agora e participa de algum grupo de oração, está à frente de algum ministério, quer Diocesano, quer regional, quer setorial, quer paroquial...?

Onde está a febre de católico zeloso pela IGREJA, sendo IGREJA, fazendo a IGREJA crescer em estatura e em graça de você católico que lê estas linhas agora?

Febre pelo que é mundano, profano, moda, isso todo mundo abraça de forma tão rápida que chega a dar medo, mas febre pelo sagrado que acabei de relatar... CADÊ????? 

Eu ando muito preocupado com vários católicos de estatística que tenho presenciado por aí em minhas andanças missionárias...

Católicos "folhas-secas" que qualquer vento de moda ou FEBRE profana e mundana leva...

Católicos "tacinhas de cristal" que qualquer correção leva a serem trincadas em seu orgulho, fica dodói e nem quer saber de ir à Igreja por causa de situações e pessoas...AAhhhhhhh, pára com isso né!

Nada e nem ninguém está passivo de ser provado quando abraça a fé autêntica, testemunhada por nós!

Vamos ter febres santas! Vamos começar um movimento de febre pelo Sagrado! Febre oracional, pessoal e comunitária...

Quero aqui promover um desafio a quem lê estas linhas:

"VAMOS DECLARAR GUERRA AO FÚTIL, E TER FEBRE PELO QUE É SAGRADO, VERDADEIRO, BOM E NÃO FAZ MAL A NINGUÉM, NEM A NÓS!"

Carimbemos tudo o que somos e temos com o carimbo da ETERNIDADE.

"Se, pois, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Pensai nas coisas do alto, e não nas da terra, pois morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus..." Col. 3, 1-3

Paz e fogo.

Antonio Lucio - Ministério de Pregação.

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quarta-feira, 22 de maio de 2024

terça-feira, 21 de maio de 2024

Para entender o protestantismo

O Protestantismo partiu, no século XVI, de uma intuição muito válida e oportuna:

Restaurar a estima e o culto da Palavra de Deus, com todo o seu poder de santificação. 

Se tivessem tirado as conseqüências lógicas deste princípio, os reformadores teriam corroborado e abrilhantado a única Igreja de Cristo. Pois a Palavra de Deus na Bíblia remete constantemente à Palavra viva da Tradição oral, que na Igreja, assistida por Cristo, passa de geração em geração; é a Palavra oral o critério abalizado para se entender e interpretar a Bíblia. 

Admitindo a Igreja como depositária e intérprete da Palavra, os protestantes teriam admitido outrossim a autoridade da Igreja para santificar ou recriar o homem mediante a Palavra de Deus, pois esta é não apenas ensinamento para a inteligência mas força viva que restaura o homem. A Palavra de Deus desenvolve toda a sua eficácia quando se torna não apenas audível, mas visível nos sacramentos (água batismal, pão e vinho eucarísticos, óleo sagrado...); assim os sacramentos, como a própria Igreja, estão implícitos na revalorização da Palavra de Deus apregoada pelos reformadores do século XVI.

Infelizmente, porém, estes deixaram-se influenciar por teses da filosofia nominalista e do subjetivismo dos séculos XV/XVI. Arrancaram a Bíblia do seu berço e do seu ambiente co-natural, que é a Palavra de Deus oral; assim a Bíblia foi paradoxalmente desvalorizada, porque feita letra morta, sujeita ao arbítrio tanto de ´´profetas´´ fantasiosos como de estudiosos racionalistas liberais.

Lembrar estas verdades é aplainar o caminho para a reunião dos cristãos; os protestantes afirmam um princípio muito válido, que eles não devem renegar, mas apenas desenvolver segundo a lógica exigida por essa premissa mesma.

0 fenômeno protestante, com as suas diversas afirmações, vai se impondo à atenção do público, especialmente dos católicos. 

Variado como é, exige que distingamos entre o Protestantismo clássico, dito "histórico" ou "tradicional", que é o de Lutero, Calvino, Knox (século XVI) e o Protestantismo recente, oriundo principalmente dos Estados Unidos da América (pentecostais, mórmons, adventistas, e suas subdivisões ... ). 

É mais difícil dialogar com o Protestantismo moderno, pois este se torna cada vez mais distante das fontes do Cristianismo: os mórmons têm uma ´´nova Bíblia´´ (o Livro de Mórmon); os adventistas e as testemunhas de Jeová retornam ao Antigo Testamento, com detrimento da mensagem propriamente cristã; os pentecostais enfatizam unilateralmente os fenômenos extraordinários, os estados psicológicos e a ação do demônio, seguindo muitas vezes as emoções mais do que o raciocínio e a fé esclarecida... Ao contrário, o diálogo com o Protestantismo clássico tem sido efetuado entre teólogos num clima sereno, que permite remover atitudes passionais e favorece a compreensão mútua.

Entre os nomes que mais se destacam nesse diálogo, está o do francês Louis Bouyer, que foi fervoroso ministro protestante; guiado pelo estudo objetivo, tornou-se católico e hoje é sacerdote oratoriano, muito interessado em fomentar a aproximação de católicos e protestantes. 

L. Bouyer escreveu diversas obras sobre o seu itinerário espiritual, das quais merecem
destaque ´´Du Protestantisme à VEglise´´ (Paris 1954) e ´´Parole, Eglise et Sacrements dans le Protestantisme et le Catholicisme´´ (traduzido com o título ´´Palavra, Igreja e Sacramentos no Protestantismo e no Catolicismo´´, São Paulo, Ed. Flamboyant 1962). Este último livro é especialmente significativo; daí o propósito de apresentarmos o seu conteúdo nas linhas que se seguem, focalizando precisamente os três pontos em que Protestantismo e Catolicismo mais parecem divergir entre si.

Bouyer frisa sempre que, para compreender o Protestantismo e aplainar o caminho de reunião, os católicos não o devem considerar apenas como um conjunto de heresias, mas, sim, como a afirmação de certos princípios autenticamente cristãos, que necessitavam de ser reenfatizados no século XVI, mas que infelizmente foram desenvolvidos de maneira heterogênea por influência da filosofia nominalista (o Nominalismo é uma escola que, entre outras coisas, depreciava a razão ou a inteligência humana) dos séculos XV/XVI.

É na base desta observância que Bouyer elabora suas condições, que vamos acompanhar sucintamente.

1. A Palavra No Protestantismo

A estima da Bíblia é o que de mais típico se encontra na espiritualidade e na teologia protestantes; foi precisamente lendo a epístola aos Romanos que Lutero descobriu a verdade mais fundamental da Revelação cristã: não somos nós os primeiros a amar a Deus, mas é Deus que nos ama primeira e gratuitamente, sem mérito da nossa parte (cf. Rm 5,6/10; 1Cor 4,10/19); não é o homem que toma a iniciativa de procurar a Deus, mas é Deus quem começa por procurar o homem (cf. Rm 9,16).

Em conseqüência, o culto protestante consiste em leituras bíblicas, entre as quais se inserem cantos e orações, e que têm no sermão subsequente a sua atualização concreta. Após este encontro com a Palavra, o crente procura responder-lhe em seu coração e traduz sua resposta numa conduta de vida adequada.

Mais precisamente: o protestante clássico coloca-se diante da Palavra de Deus como o pecador necessitado de salvação, e ouve a mensagem de que só a graça o salva; isto o leva a uma atitude de confiança no dom de Deus; a Este, e não a si mesmo, o crente atribui a sua purificação interior; a Deus só, e não a si (homem), o protestante tributa a glória.

Além disto, o Protestantismo guardou a consciência já existente entre os judeus do Antigo Testamento de que a Palavra de Deus é criadora eficaz; é tão viva que realiza o que ela anuncia (cf. Gn 1,3s; Si 32,9; Is 48,13; Jo 1,3). Abraçando essa Palavra pela fé, o crente se julga renovado interiormente ou ´´uma nova criatura´´ (cf. 2Cor 5,17).
Examinemos agora a posição católica frente à Palavra.

No Catolicismo

As afirmações da teologia protestante atrás mencionadas nada têm que se oponham à tradição católica.

Com efeito, o culto cristão, desde as suas origens, sempre incluiu a leitura da Palavra de Deus acompanhada de cantos e orações; a Eucaristia antigamente era, não raro, celebrada na madrugada do domingo após uma noite de vigília em contato com a Bíblia.
 Nunca até hoje a Missa foi celebrada em circunstâncias normais sem a Liturgia da Palavra, a tal ponto que o Concílio do Vaticano II fala da mesa da Palavra e do Corpo do Senhor. Verdade é que o uso do latim, devido a circunstâncias contingentes, e hoje ultrapassadas, dificultou o entendimento da Bíblia durante séculos; mas hoje se acha removido, de modo a possibilitar a compreensão dos fiéis interpelados pela S. Escritura.
Na piedade pessoal antiga, a S. Escritura ocupava lugar primacial; S. Jerônimo (421) foi um dos grandes mestres que incutiram aos discípulos o recurso às Escrituras; é este doutor que afirma: ´´Ignorar as Escrituras é ignorar o Cristo´´. 

Para São João Crisóstomo (407), como para Lutero, o conhecimento íntimo das epístolas de São Paulo é a entrada obrigatória para a compreensão mais profunda do Cristianismo. 

Nos mosteiros, a lectio divina (leitura meditada das coisas de Deus) versava sobre a Bíblia, como alimento de oração e união com Deus.

É também clássica na Tradição cristã a afirmação de que a Palavra de Deus é viva, eficaz ou, em linguagem católica, um sacramental: santifica não apenas na medida da compreensão que dessa Palavra temos, mas também na proporção da fé e do amor com que a lemos.

Por conseguinte, as afirmações protestantes a respeito da Palavra de Deus procedem do coração de um vasto movimento de retorno às fontes que se iniciou no século XV e que no século XVI teve protagonistas entre os próprios católicos: Ambrósio Traversari (1439), John Colet (1519) e Tomás Moro (1535), o Cardeal Ximánez de Cisneros (1517)... 0 próprio Cardeal Caetano de Vio (1534), um dos mais firmes adversários de Lutero, considerava que o único meio eficaz para renovar a Igreja no século XVI seria a restauração bíblica, no seio da qual a Reforma protestante ia surgindo. Não é, portanto, o amor à Bíblia uma característica exclusiva do Luteranismo.

Acontece, porém, que a Bíblia, por motivos independentes dela mesma, veio a ser utilizada no século XVI como arsenal de heresias propaladas pelos Reformadores. Foi isto que tornou as Escrituras um livro suspeito aos olhos dos católicos. Diante dos variados arautos de ´´novos Cristianismos´´ pretensamente deduzidos da Bíblia traduzida para o vernáculo e diante da confusão assim instaurada, a Igreja julgou oportuno, naquela época, proibir aos fiéis o uso das Escrituras traduzidas para o vernáculo; esta atitude certamente marcou a piedade católica nos tempos subsequentes. Hoje em dia, porém, verifica-se que as medidas drásticas tomadas no século XVI já não são necessárias nem convenientes.

Pergunta-se então: por que a volta à Bíblia, tão sadia e autêntica como era no século XVI, degenerou entre os Protestantes em fonte de heresias ou de doutrinas contrárias à própria Tradição cristã, a tal ponto que hoje algumas denominações oriundas do Protestantismo, conservando a Bíblia nas mãos, já não são cristãs (tenham-se em vista as Testemunhas de Jeová, os Mórmons...)?

Em resposta, dir-se-á que o Protestantismo, na sua estima à Palavra de Deus escrita, esqueceu que esta tem seu berço na Palavra de Deus oral; o Senhor no Antigo e no Novo Testamento falou e não escreveu; a Palavra escrita é a cristalização ocasional da Palavra de modo que, para entender autenticamente a Escritura, se requer a fiei ausculta da Palavra oral. Se arrancamos a Escritura da Tradição oral, que é o seu ambiente anterior e concomitante, temos uma Palavra que já não se explicita por si mesma; é letra que perde a sua vitalidade e fica sujeita a todo tipo de interpretação que os seus leitores lhe queiram dar. Ora a Tradição oral não é algo de vago e indefinido; ela continua viva na Igreja, que fala pelo seu magistério assistido pelo Senhor Jesus (cf. Mt 16,16/19; Lc 22,31s; Jo 14,26; 16,13s).

Em outros termos: para salvaguardar a autoridade da Bíblia, não é necessário negar a autoridade da Igreja; não há oposição, mas, sim, complementação entre uma e outra. Quem realiza essa separação, deixa de reconhecer aos poucos a autoridade da própria Escritura, pois cada intérprete faz a Bíblia dizer aquilo que ele subjetivamente concebe ou pensa; esse subjetivismo redunda em manipulação ou distorção da Palavra de Deus, donde resulta a fragmentação e o esfacelamento do Protestantismo; este se desmembra em correntes que se opõem umas às outras, baseando-se em textos arrancados do seu contexto. 0 individualismo dos intérpretes protestantes, desligados da Tradição oral viva na Igreja e no seu magistério, chegou a produzir (além das denominações não cristãs já citadas) as teorias liberais e racionalistas de Rudolf BuItmann e de escolas congêneres; estes vêem na Bíblia um aglomerado de mitos ou um discurso mítico do qual só se pode depreender um apelo à conversão ou a exortação a que passemos de uma vida não autêntica para uma vida autêntica; tem-se assim a morte da Palavra sagrada e do próprio Cristianismo que ela veio anunciar.

A experiência do Protestantismo é, pois, suficiente para nos dizer que nenhum texto bíblico, tomado a sós, fora do seu contexto oral originário, é capaz de se defender contra as interpretações subjetivas e arbitrárias que tendem progressivamente a minimizar a autoridade da Escritura, embora a proclamem soberana.

O Catolicismo responde a esta problemática, afirmando que não há que acrescentar uma autoridade humana à autoridade divina das Escrituras, mas é necessário reconhecer que o próprio Deus, ao entregar-nos a sua Palavra, quis que ela fosse proclamada, lida e interpretada na caudal da Tradição oral, da qual é autêntica intérprete a Igreja, Corpo de Cristo, vivificado pelo Espírito Santo. A autoridade da Igreja está, portanto, incluída no desígnio divino de entregar a Palavra aos homens, de tal modo que esta permaneça incólume em meio às efusões do subjetivismo humano: o Senhor nunca pensou em deixar-nos sua Palavra abandonada ao mero bom senso ou fervor dos homens; Ele mesmo, vivo na Igreja, quis garantir a transmissão autêntica da sua Revelação.

Esta temática leva-nos a considerar diretamente a questão da Igreja no Protestantismo e no Catolicismo.

2. A Igreja No Protestantismo

A grande dificuldade dos protestantes em relação à Igreja Católica é a autoridade doutrinária que ela reivindica. Julgam que tudo o que se conceda à autoridade da Igreja, é subtraído à autoridade da Palavra de Deus na Bíblia.

A autoridade da Igreja poderia também, segundo eles, ser considerada uma forma de opressão das consciências individuais.

Por que os protestantes da primeira geração assim pensavam?

Porque confundiam certas interpretações subjetivas e errôneas da Palavra de Deus com a própria Palavra de Deus. Em conseqüência, a Igreja, ciosa de conservar o autêntico sentido da Palavra, qual depositária responsável, só podia parecer/lhes um estorvo. Mais: a fobia da autoridade da Igreja facilmente se transformou em fobia de toda autoridade doutrinária no protestantismo liberal e racionalista dos séculos XIX/XX.

Cedo os próprios reformadores protestantes e seus sucessores perceberam que, rejeitando a autoridade da Igreja, estavam dando ocasião à anarquia doutrinal. Procuraram então um substitutivo para aquela, substitutivo que tomou cinco modalidades principais:

1. Lutero partiu da idéia de que, a religião sendo religião do Estado (como fora o Cristianismo desde o Imperador Romano Teodósio,(+395), o Estado deveria zelar pela incólume preservação das verdades da fé ou pela autoridade da Bíblia tal como Lutero a interpretava. 0 príncipe civil seria como que o ´´bispo supremo´´. Este princípio não podia deixar de ocasionar arbitrariedades ou o predomínio de interesses políticos sobre os religiosos.

2. Na Renânia foi estipulado que magistrados eleitos pelo povo luterano teriam a incumbência de defender a autoridade da Palavra de Deus. Verificou/se, porém, que a solução era precária, pois os magistrados de uma cidade ou região não diziam a mesma coisa que os de outra cidade.

3. Calvino procurou uma fórmula mais bíblica: verificou que São Paulo, ao evangelizar as cidades da Ásia Menor, constituía em cada qual um colégio de presbíteros ou anciãos, que ficavam responsáveis pela respectiva comunidade sob a jurisdição do Apóstolo (cf. At 14,23; ver também At 11,30; Tt 1,5). Calvino resolveu, pois, instituir presbíteros ou anciãos nas comunidades calvinistas, encarregados de tutelar a autoridade das Escrituras e a organização eclesial.

4. Na Inglaterra e na Nova Inglaterra, a autoridade foi confiada à própria congregação dos crentes: estes não poderiam desfazer/se dela em benefício de pessoa alguma. Assim teve origem o Congregacionalismo, segundo o qual os fiéis, de comum acordo, devem submeter/se à autoridade da S. Escritura e dela tirar as diretrizes concretas, dia por dia, para a vida da Igreja.

5. Algumas comunidades protestantes conservam o episcopado; tais foram as da Prússia e da Escandinávia (Luteranas) e as anglicanas (episcopaliarias). A autoridade de tais prelados nunca foi bem definida: ou seriam simples funcionários da Coroa, incumbidos principalmente de aplicar as decisões do ´´supremo bispo´´ (=o monarca) ou seriam moderadores de Concílios ou assembléias, representando o conjunto dos crentes ou grupos destes.
Na verdade, nenhuma destas soluções substitutivas do magistério da Igreja foi capaz de garantir a conservação intacta e fiel da Palavra de Deus; mas esta foi sendo, no decorrer dos quase cinco séculos de protestantismo, mais e mais estraçalhada mediante centenas e centenas de interpretações diferentes, que deram origem a centenas e centenas de ramos do protestantismo.
Pergunta-se: era necessário chegar a esse impasse do protestantismo? Como precisamente o Catolicismo considera a autoridade da Igreja diante da Palavra de Deus?

No Catolicismo

6. A Igreja Católica atribui a si uma autoridade doutrinária pelo fato de ser a Igreja instituída por Cristo sobre o fundamento dos Apóstolos.

Que significa isto exatamente?

Jesus Cristo se apresentou como o enviado do Pai e, por sua vez, enviou os Apóstolos a continuar a sua missão:

´´Como o Pai me enviou, também eu vos envio´´ (Jo 20,21).

´´Como Tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo´´ (Jo 17,18).

´´Quem vos recebe, a mim recebe, e quem me recebe, recebe aquele que me enviou´´ (Mt 10,40; cf. Lc 9,48; Mc 9,37).

´´Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, a mim despreza; e quem me despreza, despreza aquele que me enviou´´ (Lc 10,16).

´´Quem crê em mim, não é em mim que ele crê, mas naquele que me enviou´´ (Jo 12,44; cf. Jo 13,20).

Donde se vê que a Boa Nova cristã procede do Pai; passa por Cristo e é confiada aos Apóstolos para que a difundam no mundo inteiro. Mais: Jesus prometeu aos Apóstolos sua assistência infalível até o fim dos séculos; onde haja a continuidade da sucessão apostólica, existe a certeza da presença atuante de Cristo na sua Igreja; disse o Senhor aos Apóstolos:

´´Toda autoridade no céu e na terra me foi entregue. Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos´´ (Mt 28,18/20).

Depreende-se, pois, que a autoridade dos Apóstolos e, conseqüentemente, a da Igreja é a autoridade do próprio Cristo, que se serve de instrumentos e os adapta à sua obra, recorrendo a critérios objetivos: a apostolicidade ou a sucessão apostólica através dos séculos. Vê/se também que a autoridade da Igreja assim instituída não se restringe ao campo doutrinal, mas se estende à vida e à configuração espiritual dos cristãos; a Palavra de Deus proferida pelos Apóstolos e seus sucessores não tem valor apenas acadêmico, mas é eficiente e restauradora. Diz o Senhor Jesus:

´´Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, serão retidos´´ (Jo 20,22s).

´´Tudo o que ligardes na terra, será ligado no céu; tudo o que desligardes na terra, será desligado no céu´´ (Mt 18,18).

Os Apóstolos recebem, pois, o Espírito do Pai, que é também de Cristo, e, assim habilitados, têm o poder de recriar o homem.

7. A esta altura, porém, coloca-se uma objeção, formulada pelo famoso exegeta protestante Oscar Cullmann: dado que os Apóstolos e, em especial, Pedro tinham o poder de ligar e desligar de maneira autêntica, é de crer que essa autoridade era intransferível; não passou para os sucessores dos Apóstolos. Sim; os Apóstolos eram, após Cristo, os fundadores da Igreja; ora tal função não se podia repetir. Após os Apóstolos, toca à Igreja tão somente permanecer na doutrina dos Apóstolos, fixada por eles nos livros do Novo Testamento; por isto a Igreja pós-apostólica não precisa de uma autoridade que continue a dos Apóstolos e a de São Pedro em particular; bastam/lhe os livros sagrados que os Apóstolos lhe entregaram.

Que responder a isto?

A Igreja não afirma que os bispos e os Papas sejam outros Apóstolos no sentido de fundadores da Igreja, independentes da primeira geração. Os bispos e o Papa são apenas guardiães e transmissores, credenciados por Cristo, do depósito sagrado que receberam dos Apóstolos. A fé da Igreja é simplesmente a fé dos Apóstolos; a Palavra que os seus bispos anunciam, há de ser aquela que os Apóstolos ensinaram por primeiro. Não se criam novos dogmas mas explicita/se o que está contido no depósito sagrado ou no tesouro ´´do qual se tiram coisas novas e velhas´´ (Mt 13,52). A autoridade dos bispos, assim entendida, pode manter viva a Palavra que os Apóstolos trouxeram à Igreja primitiva, com uma vida tão pujante quanto a tinha naquele tempo.
Ademais, no tocante a Pedro em particular, pode-se observar o seguinte: se Cristo o constituiu fundamento visível da sua Igreja (cf. Mt 16,16/19) e se a Igreja deve perdurar indefinidamente apesar das invectivas adversárias, é lógico que o fundamento Pedro há de perdurar em seus sucessores; em caso contrário, o edifício, sem fundamento, cairia por terra.

Aliás, notamos: através de toda a história da Igreja jamais em documento algum aparece a idéia de que a autoridade, após os Apóstolos, passou a residir unicamente nos Livros Sagrados. Todos os dizeres dos doutores e escritores antigos e medievais professam que a verdade do Evangelho continua presente na Igreja por uma tradição viva, que passou do Pai a Cristo, de Cristo aos Apóstolos, dos Apóstolos aos seus primeiros sucessores, e depois de bispo para bispo, iluminando os escritos sagrados que procederam dessa tradição oral.

A inegável continuidade histórica da Igreja Católica com a Igreja primitiva é a base desta afirmação. Se alguém precisa de provar sua origem divino/apostólica, não é a Igreja Católica. ´´É, pelo contrário, a tese tardia e despojada de precedentes, segundo a qual, com a morte do derradeiro Apóstolo, a verdade da Palavra de Deus, na Igreja, teria deixado de ser confiada a um grupo de responsáveis, revestidos da autoridade do seu Mestre; teria também deixado de ser a verdade de um livro´´ (L. Bouyer, livro citado, pp. 14s). A Igreja afirma que a verdade da Palavra de Deus está sujeita a ser deteriorada e alterada se é apenas a verdade de um Livro, entregue tão somente ao fervor ou ao ao cume dos seus leitores, sem que haja mandatários dotados do carisma da verdade para transmitir e interpretar autenticamente essa Palavra.

É nestes termos que, a partir da própria S. Escritura, tão cara aos protestantes, se pode demonstrar a necessidade e a existência real da Igreja com seu magistério assistido por Cristo. Os reformadores, se fossem conseqüentes consigo mesmos, não teriam abandonado a Igreja fundada por Cristo para garantir a incolumidade da Palavra; dizendo ´´não´´ à Igreja, expuseram as Escrituras à perda de sua vitalidade e ao arbítrio dos homens.

3. Os Sacramentos

No Catolicismo os sacramentos são os sete ritos pelos quais a graça do Pai, feita presente em Cristo e na Igreja, é aplicada a cada indivíduo desde o nascer até a morte. Ser cristão não é apenas ser discípulo do Mestre Jesus Cristo, mas é ser ramo do tronco de videira (cf. Jo 15,1/5) e membro do Corpo de Cristo (cf. 1Cor 12,12/27) / o que significa: comungar com a vida mesma do Tronco ou da Cabeça... com a vida de Cristo e, mediante Cristo, com a vida do Pai.

No protestantismo

1. Ora os protestantes rejeitam a maneira como os católicos entendem os sacramentos. Aliás, guardaram apenas o do Batismo e o da Eucaristia; o matrimônio no protestantismo é um contrato que o ministro ou pastor abençoa sem lhe atribuir o valor de sacramento.

Mesmo em relação ao Batismo e à Santa Ceia os protestantes têm conceitos um tanto vagos: apontam a ordem explícita do Salvador (cf. Mt 28,18/20; Jo 3,3; Mt 26,26/29...), mas explicam de diversas maneiras o significado desse rito.

0 Batismo, por exemplo, em algumas denominações, só é ministrado a jovens e adultos que ´´se tenham convertido´´; é um testemunho da fé e da mudança de vida já existentes naquele que recebe o Batismo; é, portanto, mais um gesto do homem para Deus e a comunidade do que um gesto de Deus em favor do homem. Os luteranos e as denominações mais antigas conservaram um conceito mais tradicional ou mais próximo do Catolicismo com relação a este sacramento.

A Santa Ceia, em caso nenhum, para os protestantes, é a perpetuação do sacrifício do Calvário. Lutero ainda admitiu a empanação ou a presença de Cristo dentro do pão consagrado; Calvino condicionou essa real presença à fé do comungante. Zwínglio, porém, rejeitou/a por completo. A Santa Ceia geralmente no protestantismo é a memória ou a recordação simbólica da última refeição de Cristo, mediante a qual os crentes em sua fé e seu amor se unem a Cristo.

2. Pergunta-se: por que assumem os protestantes posição tão distante da católica?
Podem-se apontar dois motivos:

a) a piedade do fim da Idade Média se apegara demais às coisas ou aos sinais concretos: relíquias, medalhas e outros sacramentais eram objeto de estima por vezes excessiva, ao passo que o sentido da Eucaristia era menos compreendido e vivido pela piedade popular; as práticas religiosas assumiam caráter mecânico, desligadas que eram de uma perspectiva teológica mais profunda;

b) o conceito de opus operatum escandalizava os reformadores. Na teologia católica, opus operatum é toda ação sagrada eficaz pela realização do próprio rito, independentemente dos méritos daquele que a efetua. Assim são os sete sacramentos: algo de objetivo através deles se processa, desde que os sinais sagrados (água, pão, vinho, óleo e palavras) sejam aplicados aos fiéis por um ministro devidamente instituído, mesmo que este não tenha as qualidades morais desejáveis; explica a teologia que em tais casos é Cristo quem opera os efeitos de santificação mediante o ministro, que é mero instrumento. É sempre Cristo quem batiza, quem consagra o pão e o vinho no seu corpo e no seu sangue, quem absolve os pecados... Por isto é que num hospital, quando uma criança está para morrer sem Batismo, qualquer pessoa (mesmo um ateu) pode batizá-la, desde que tenha a intenção de fazer o que Cristo e a Igreja fazem no caso, e aplique água natural com as palavras: ´´Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo´´. Assim, os sete sacramentos não são obra nossa, mas obra de Deus nas mãos dos homens; são os mais belos dons da misericórdia divina.
Do opus operatum distingue-se o opus operantis, que é uma ação sagrada cuja eficácia é condicionada ao fervor da Igreja ou, mais precisamente, do fiel que a executa: assim a leitura da Bíblia é um sacramental, cuja eficácia dependerá não só da compreensão do leitor, mas também, e principalmente, da fé e do amor com que lê.

Ora os reformadores não entenderam o conceito de opus operatum; identificaram-no, antes com ato mágico, pelo qual o homem tenta obrigar Deus a agir como a criatura deseja; seria um ´´truque´´ para dominar a Onipotência Divina. É claro que esta interpretação equivale a um mal-entendido, que faz dos sacramentos precisamente o contrário daquilo que eles são: pura graça soberana de Deus, que se dá aos homens sem que o homem possa dizer que o mereceu.

Vejamos agora a resposta que o Catolicismo dá a esta posição protestante.

No Catolicismo

3. 0 Catolicismo julga que os reformadores protestantes afirmaram duas grandes verdades que, se tivessem sido autenticamente desenvolvidas, teriam levado os protestantes ao reconhecimento dos sacramentos depurados das deformações e contra facções que a piedade popular dos séculos XV/XVI lhes impusera. Com efeito, os reformadores enfatizaram:

a) o valor comunitário do culto católico. Apesar do individualismo que os afetava, proclamaram a índole pública da piedade e dos ritos litúrgicos, que se obscurecera no fim da Idade Média. A Santa Ceia seria celebração da assembléia, cujos membros participariam todos do símbolo sagrado;

b) o conceito de verbum Dei visibile (palavra visível de Deus), conceito formulado por S. Agostinho e muito valorizado por Lutero e Calvino. Como entender tal conceito?
Para os reformadores, a Palavra de Deus não é simples vocábulo, mas acontecimento (´´diabhar´´, em hebraico) ou intervenção de Deus em nossa vida, que ela transforma pela sua eficácia criadora. Ora a noção de Palavra visível de Deus vem a coincidir com a de sacramento no sentido católico; este é palavra associada à matéria (água, pão, vinho, óleo...),... matéria que torna visível o conteúdo da Palavra e, ao mesmo tempo, realiza o que a Palavra significa. 0 pão de trigo sobre o qual Cristo, por meio do seu legítimo ministro, diga: ´´Isto é o meu corpo´´, torna visível tal palavra, pois vem a ser o Corpo de Cristo. Da mesma forma o vinho de uva sobre o qual se diga: ´´Isto é o meu sangue´´, torna visível tal palavra, pois vem a ser o sangue de Cristo. Nos sacramentos a Palavra de Deus toca o homem por meio de sinais concretos para enxertar/lhe a vida de Cristo, que é a vida do País.

Infelizmente os reformadores não chegaram a esta conclusão, embora estivesse na lógica das suas premissas. Ao contrário, entenderam verbum Dei visíbile no sentido meramente intelectual, como se fosse uma palavra de menor valor, destinada aos iletrados, que só podem compreender mediante imagens ou através do sistema audio/visual. Consequentemente os templos protestantes foram mais e mais assumindo o aspecto de salas de aula, em que se ministram ensinamentos mediante palavras e gestos, mas em que falta o complemento lógico da Palavra que é o sacramento (=sinal eficaz de graça).

Desta forma a Palavra de Deus, tão legítima e oportunamente exaltada pelos reformadores, foi/se paradoxalmente depauperando contra toda lógica.

Chamar a atenção para estas verdades é abrir o melhor caminho para que o protestantismo possa recuperar a clássica doutrina relativa aos sacramentos.

4. Positivamente, a Igreja Católica ensina: nos sacramentos fala-nos e atua em nós a Palavra anunciada por aqueles que Cristo enviou, como se fosse Ele em pessoa que a anunciasse. Não são os nossos méritos nem a nossa fé que podem efetuar tão grandes coisas, como a comunhão com Cristo pelo Batismo, a Eucaristia, a Penitência..., mas é unicamente Deus, que falou uma vez por todas em Cristo,... em Cristo que continua a falar nos seus Apóstolos e na Igreja Apostólica que os prolonga. Ainda os sacramentos recebem toda a sua eficácia da Palavra de Deus, Palavra que os instituiu durante a vida terrestre de Cristo, Palavra que Cristo transmitiu aos seus Apóstolos e, depois destes, aos que lhes sucedem, de tal maneira que, onde quer que eles falem em nome de Cristo, repetindo o que Cristo disse, é sempre o Senhor Jesus quem fala e, falando, realiza o que Ele diz.

Vê-se, pois, que as palavras do Batismo, da consagração da Eucaristia, da absolvição dos pecados nada têm de mágico ou de ´´truque´´, mas são eficazes unicamente porque Jesus Cristo, mediante os Apóstolos e seus sucessores, continua presente e atuante na sua Igreja. Esta presença é perpetuada naqueles que Jesus escolheu como seus ministros, para falar em Seu Nome, através dos séculos, comprometendo/se a dar à sua Palavra nos lábios deles a mesma força que ela tinha nos lábios de Cristo. Pois, naqueles que Ele enviou, é Ele que está presente, fala e age, para manter sempre atuante o mistério da sua Cruz e Ressurreição, o mistério da sua Igreja e dos sacramentos,... mistério que é a derradeira Palavra que a Palavra de Deus tinha a nos dar.

4. Conclusão

O percurso traçado nas linhas anteriores pode ser assim compendiado:

Os reformadores (Lutero, Calvino... ) no século XVI partiram de uma intuição genial: restaurar a estima e o culto da Palavra de Deus, com todos os predicados de santificação que ela possui. Procederam muito bem, pois as Escrituras Sagradas vinham sendo empalidecidas por mentalidade fantasiosa e por escolas filosóficas decadentes no fim da Idade Média.

Se tivessem tirado as conclusões contidas neste seu princípio básico, só teriam reforçado e abrilhantado a única Igreja fundada por Cristo, pois afirmavam algo de genuinamente cristão e eclesial. Infelizmente, porém, arrancaram a Palavra de Deus escrita do seu berço anterior e do seu ambiente concomitante, que é a Palavra de Deus proferida oralmente, único critério adequado para se interpretar a Palavra escrita ou a Bíblia. Em conseqüência, esta perdeu sua vida, sua eloqüência própria e ficou sujeita às interpretações dos homens, animados, sem dúvida, de fé e fervor, mas marcados pela falibilidade e o subjetivismo; daí o paradoxal depauperamento da Palavra de Deus, que por último tem sido julgada (em vez de julgar) por intuições imaginosas do protestantismo moderno (mórmons, pentecostais, adventistas...) ou pelos princípios racionalistas do protestantismo liberal.

Ao invés desta caminhada, pode-se propor outra trilha: quem lê objetivamente as Escrituras, verifica que elas remetem constantemente o fiel à Palavra oral que a antecedeu e que a explica (2Ts 2,15; 3,6; lTs 3,4; 4,16; lCor 11,23/25...). Essa Palavra ou Tradição oral não perece, mas continua viva através dos séculos na Igreja, que não é mera sociedade humana, e sim o Corpo de Cristo prolongado; a este o Senhor concede sua assistência infalível desde que se guarde a sucessão apostólica (cf. Mt 28,18/20).

A autoridade da Igreja, portanto, credenciada pelas Escrituras não derroga à autoridade da Bíblia, mas serve a esta. Mais: é autoridade não apenas para ensinar, pois a Palavra de Deus não ensina apenas (como numa escola), mas é autoridade também para transformar o homem, comunicando-lhe a vida de Deus, pois a finalidade da obra de Cristo não é simplesmente ensinar, e sim levar à comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo (cf. lJo 1,1/3). Por isto, o Senhor dizia aos Apóstolos: ´´Fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo´´ (Mt 28,19). Nem a palavra da pregação vale sem o rito sacramental, nem o sacramento sem a pregação...

Em consequência, a Igreja, na qual Cristo vive e atua, tem a missão de oferecer aos homens não só a Palavra audível, mas também a Palavra visível de Deus ou a Palavra cujo significado é corroborado por sinais sagrados, de modo a transmitir através destes a vida de Deus; tais são os sacramentos. Sem estes, estaria incompleta a obra de Cristo e da Igreja; seria truncada a eficácia da Palavra de Deus.

Quem aceita a Igreja como Corpo Místico de Cristo dotada de autoridade doutrinal e eficácia santificadora garantidas por Cristo, aceitará consequentemente tudo o que daí decorre ou tudo o que a Igreja ensina como verdades de fé deduzidas da Palavra de Deus: o purgatório, a veneração dos santos e das suas imagens, o Papado, as indulgências, a Confissão auricular, etc. Cada um destes temas se prende à Palavra de Deus escrita, lida e explicitada pela Tradição oral.

Assim se vê que o protestantismo parte de afirmações positivas, às quais ele não deve renunciar; importa-lhe, porém, renunciar a princípios filosóficos que os séculos XV e seguintes lhe comunicaram, deturpando sua intuição inicial. Oxalá isto possa acontecer nesta época, em que o diálogo ecumênico vem sendo carinhosamente cultivado! Para tanto, toca grande responsabilidade aos fiéis católicos: requer/se que se despojem não só de toda imperfeição moral, mas também de toda mescla de doutrinas e atitudes heterogêneas, que empalideçam o brilho do Cristianismo tal como nos foi entregue através dos séculos pela Palavra de Deus escrita e oral.

Notas:

1. O Anglicanismo ou Episcopalianismo apresenta dois ramos: a ´´High Church´´ (Alta Igreja), próxima do Catolicismo, e a ´´Low Church´´ (Baixa Igreja), mais sujeita às influências dos Reformadores do século XVI... Os anglícanos descontentes com a índole ´´católica´´ da Igreja oficial, emigraram para os Estados Unidos, onde têm sido vítimas de subjetivismo crescente, que vai esfacelando o bloco protestante: multiplicam/se os fundadores de ´´igrejas´´ na base de intuições pessoais; essas diversas ´´igrejas´´ têm sua ascensão e seu declínío, dando lugar a um reavivamento (´revival´), que por sua vez declina e, conseqüentemente, ocasiona outro reavivamento...

2. As objeções dos protestantes contra as imagens e os Santos, o purgatório, a S. Escritura, o Santo Sacrifício da Missa, o Papado... decorrem da posição assumida por eles no tocante à Palavra, à Igreja e aos sacramentos. Feito o acordo sobre estes três pontos, os demais deixarão de causar dificuldades.

´´A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor, já que, principalmente na Sagrada Liturgia, sem cessar toma da mesa tanto da Palavra de Deus quanto do Corpo de Cristo o pão da vida, e o distribui aos fiéis´´ (Constituição Dei Verbum no 21). Ver Presbyterorum Ordinís no 18, Perfectae Caritatis nº 6.

3. Podemos lembrar que, durante as disputas políticas que se seguiram ao brado reformador de Lutero, ficou estabelecido que cada território alemão teria oficialmente a religião do seu governante: ´´Cuius regio, eius refigio´´.

4. Quando se diz que a Igreja é ´´una, santa, católica e apostólica´´, não se entende diretamente a índole missionária da Igreja, mas o fato de que ela está fundada sobre Cristo e, necessariamente mediante os Apóstolos, chega até nós... Em conseqüência, percebe/se que a Igreja fundada por Cristo não pode ser recomeçada, por mais evidente que seja a fragilidade dos seus membros. Quem rompe com a Igreja de Cristo e funda
´´sua Igreja´´ (luterana, calvinista, wesleyana... adventista, batista...) perde a garantia da presença indefectível do Senhor prometida aos Apóstolos e seus sucessores até o fim dos tempos (cf. Mt 28,18/20). Institui uma sociedade que só tem o valor e a eficácia dos homens que a compõem e que, portanto, está sujeita a ser substituída por outra sociedade humana, devida a outro ´fundador´, sempre em condições muito precárias. São tantas e tantas as ´´igrejas´´ protestantes, umas derivadas das outras!


Dom Estevão Bettencourt

(Fonte: Editora Cléofas)

segunda-feira, 20 de maio de 2024

VIDA DE LOUVOR e A experiência do Louvor

O louvor deve tomar conta de todo o nosso ser.

1. "Judá" significa "Louvor" Gn 29, 35Jacó transmite a Judá a maior benção e este terá autoridade real e legal, além de trazer o Messias ao mundo.

2. O louvor cura os "tempos secos" . Nm 21, 16-17Em tempos de pressão, ansiedade ou depressão, junte-se ao povo de Deus em louvor.

3. Poder da unidade do louvor. 2 Cr 5, 13Há poder no louvor, na gratidão e na música.

4. O Louvor gera vitória. 2 Cr 20, 15-22Quando estavam diante dos inimigos, os levitas respondiam à Palavra com um louvor exuberante; a vitória vinha em seguida.

5. O louvor interrompe o avanço da iniqüidade. Sl 7, 14-17O louvor voluntário, sincero, poderoso e audível terá a presença de Jesus, afastando o desejo de identificar-se com atos, pensamentos ou ações pecaminosas,

6. O Louvor leva-nos a olhar para Deus. Sl 18, 3O louvor dirigido a ele, que é digno, reflete Deus.

7. Louvor, o caminho para a presença de Deus. Sl 22, 3-4O louvor quanto parte de um coração puro, traz a presença de Deus.

8. Cante louvores com entendimento. Sl 47, 7Quando cantamos louvores com entendimento (inteligência, sabedoria), estamos testemunhando o amor de Deus por nós e o nosso amor a Deus.

9. O Louvor libera bênçãos e satisfação. Sl 63, 1-5O tipo de expressão de louvor que libera bênçãos está cheio de paixão e anseio por Deus.

10. Louvor Criativo. Sl 71, 14Deus deseja que sejamos criativos em nosso louvor e que evitemos o louvor descuidado.

11. Ensine seus filhos a louvar. Sl 145.4 - Devemos louvar continuamente a Deus e educar os filhos neste objetivo.

12. Um forte apelo para louvar. Sl 150, 1-6 Somos convidados a louvar a Deus pela sua majestade e atos poderosos em toda a sua criação.

13. O louvor abre as portas das prisões. At 16, 25,26 - O louvor dirigido a Deus abriu as portas da prisão e libertou um homem.

14. Animando uns aos outros no louvor. Ef 5, 18-19 - O culto é engrandecido quando nos reunimos aos outros, encorajando-nos mutuamente.

15. O sacrifício do louvor. Hb 13, 10-15 - O louvor confronta e exige que matemos os nossos orgulho e preguiça.

16. Caminha com Deus em adoração. 1 Pe 2, 9 - Como povo escolhido e eleitos de Deus, nós proclamamos o seu louvor e propagamos a sua benção por toda a terra.

Prezados Irmãos, desejo partilhar algo sobre o experiência do Louvor! Que Deus nos abençoe!

"Ainda que nossos louvores não Vos sejam necessários, Vós nos concedeis o dom de Vos louvor. Eles nada acrescentam ao que sois, mas nos aproximam de Vós, por Jesus Cristo Vosso Filho e Senhor Nosso" (Prefácio Comum IV).

O louvor nos aproxima de Deus. O louvor traz Deus a nós. 

Na apostila de nº1 da Escola Paulo Apóstolo lemos a definição de Unção como
sendo 
"senso da presença de Deus". Quando a presença de Deus se faz manifesta a nossa percepção de algum modo nós denominamos esta experiência "unção", dentro da dinâmica da oração carismática. Não se trata, contudo, da unção sacramental, mas da unção como "carisma", que se nos apresenta pelos sentidos. Sentimos a presença de Deus, sentimos a Unção!

No Prefácio, vemos estampada uma verdade que a RCC palpou e ainda palpa (pelo menos em muitos grupos de oração): O Louvor traz a presença de Deus para o meio da assembléia de oração, ou seja, o Louvor traz Unção!

Louvar é reconhecer a Grandeza, a Soberania, a Bondade, a Justiça, a Força, a Fidelidade, a Misericórdia, a Honra, a Dignidade, a Majestade e a Santidade de nosso Deus. As canções retamente bíblicas são cheias do verdadeiro louvor. Uma canção poeticamente bem feita é sempre bem-vinda, mas nunca se comparará a uma canção retamente bíblica, dado que a Sagrada Escritura, juntamente com a Tradição, constituem os pilares de sustentação do Depósito de Fé da Igreja Católica.

Celebramos, a pouco, o sínodo sobre a Palavra de Deus. 

É interessante a relação, mas percebam: Quem não conhece a palavra de Deus geralmente não sabe orar, não sabe louvar. Não conhece as promessas de Deus, contidas nos textos bíblicos, nem mesmo Seus atributos, vindos da história de Deus com seu povo... Como vão se relacionar com quem não conhecem? A Bíblia é caminho privilegiado para conhecer o Senhor. 

Constato com tristeza que "temos roubado a glória de Deus" em muitos de nossos Grupos. As "palavras de sabedoria", os "discernimentos", "profetadas", "visagens", "canções poéticas", "pregações retoricamente bem feitas" têm roubado o espaço do louvor e da adoração. Existem certos servos e coordenadores que precisam aparacer em todos os Grupos, precisam dar sempre o "ar da graça". Com um tom místico, roubam o espaço do louvor.

Devolvamos o Trono da Glória ao Senhor!

O Verdadeiro Louvor traz a presença de Deus para o lugar onde nos reunimos. O Verdadeiro Louvor Cura, Liberta, Batiza no Espírito Santo, Converte! Se, ao invés de querermos ditar ao Espírito Santo o que Ele deve fazer (agora é momento de cura, agora é momento de libertação, agora é momento de perdão, agora é momento de imposição de mãos, e assim por diante), nós trouxéssemos Unção às nossas reuniões mediante o Louvor... Veríamos a realidade de um Deus que dá aos que ama enquanto eles ainda dormem, um Deus que perscruta o mais íntimo de nós e sabe o que precisamos antes de abrirmos nossos lábios para dizê-lo. Se trouxermos Unção, ou seja, se trouxermos Deus para dentro do lugar da Reunião, veremos a corrente da graça do Batismo no Espírito Santo renovando vidas!

Nosso povo não sabe mais louvar e adorar. É apático na oração. Não conhece a Bíblia. Isso, na verdade, é fruto de péssimos dirigentes de oração e péssimos ministros de música, que não cantam músicas de com conteúdo bíblico e que não sabem dirigir uma oração citando os textos bíblicos e ajudando o povo a tomar posse das promessas de Deus expressas nos mesmos. O Músico quer cativar o povo com sua simpatia, suas brincadeiras, suas dinamicazinhas. .. O povo, as vezes, é exposto ao ridículo (puxa o cabelo do seu irmão, aperta o narizinho do seu irmão, empurra o seu irmão, olha nos olhinhos do seu irmão, e por aí vai). Nosso povo não sabe orar, não sabe louvar porque não lhes é ensinado pelos dirigentes e ministros. Não conhecem os textos bíblicos porque não se ministra mais a oração mediante as promessas contidas na Palavra de Deus!

É trágico ver ministros que não sabem orar. A oração em língüas, graça que se dá em meio a nós quando o Espírito Santo se manifesta poderosamente, foi banalizada. Terminam a canção, não sabem orar e disparam em "grunhidos" (porque isso não é glossolalia de jeito nenhum!)

Considero, portanto, vital para a RCC que se retorne a pensar no Louvor. Hoje se fala de fazer casas para Formar Missionários. Isso é desejo de Deus! Creio que precisamos criar algo para formar Ministros de Louvor e Adoração também. 

Nossa expressão "Grupo de Oração, Eu participo" precisa gerar uma série de cuidados para com nossos Grupos de Oração: Acolhida, Louvor, Adoração, Pregação, Batismo no Espírito Santo, Carismas, Vivência Comunitária e por aí vai. São elementos de um Grupo de Oração que precisam ser cuidados com esmero. Só assim o Grupo de Oração vai se tornar um "trampolim missionário"!

O ser humano foi criado para viver e respirar numa atmosfera de adoração e louvor ao seu Criador. O influxo permanente do poder divino deveria ser mantido pela expressão permanente dum alegre e humilde louvor ao seu Criador. O Vínculo da benção através da obediência foi quebrado pelo pecado e silenciou a comunhão cheia de louvor existente entre o ser humano e Deus, introduzindo o egocentrismo, a auto compaixão e a insatisfação (Gn 3.9-12). Porém agora há salvação e vida em Cristo e, depois de receber a Jesus como Salvador, a vida diária nos convida à oração e a Palavra nos
direciona à comunhão e à sabedoria no viver. Porém o nosso apresentar-se diário diante de Deus deve ser com louvor: "Entrai pelas portas dele, com louvor e em seus átrios, com hinos." Sl 100.4

(Ricardo Nascimento - Ministério Jovem RCC Brasil)

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