sábado, 27 de dezembro de 2014

SALVEM A LITURGIA!

"Incorporados à Igreja pelo Batismo, os fiéis receberam o caráter sacramental que os consagra para o culto religioso cristão. O selo batismal capacita e compromete os cristãos a servirem a Deus em uma PARTICIPAÇÃO VIVA na SAGRADA LITURGIA da IGREJA e exercerem seu sacerdócio batismal pelo testemunho de uma vida santa e de uma caridade eficaz" (Catecismo § 1273)

Com tais palavras, irmãos, quero iniciar este artigo, o qual tenho orado e visto diversas coisas que estarão sendo colocadas aqui no presente artigo.
João 2, 17, fala que os Apóstolos se lembraram da Palavra do Profeta: "O zelo pela Tua casa me consome."
Neste parágrafo do Artigo, deixo claro, irmãos, que esta palavra lembrada pelos Apóstolos diante do gesto de Jesus diante da bagunça que estava o Templo, com as pessoas desvirtuando o sentido do culto,  é o mesmo sentimento que permeia o meu coração de profeta e servo de Deus, além de Paroquiano, dentro de uma comunidade da Arquidiocese a qual faço parte hoje.
Atos 2, 42 vai dizer que após a efusão do Espírito Santo, tudo mudou no coração e na vida daqueles homens. Sua postura, seu comportamento, sua forma de falar e ver como as coisas realmente eram, tudo isso passou a ter outra perspectiva aos olhos daqueles homens!
Assiduidade na escuta do ensinamento apostólico é a primeira qualidade.
Solidariedade na fração do pão - Eucaristia - e nas orações é a segunda qualidade registrada por São Lucas...
Estavam no Templo DIARIAMENTE... Portanto todos tinham vida Eclesial constante.
Uma pergunta permeia e insiste em queimar meu coração neste exato momento do artigo:

QUAL ERA A POSTURA DESSES HOMENS E DESSAS MULHERES NESTES MOMENTOS LITÚRGICOS E ECLESIAIS DAS PRIMEIRAS COMUNIDADES?

Por inúmeras vezes, irmãos, o Catecismo vem lembrar da Tradição Apostólica.
Penso, irmãos, que o zelo desses homens e mulheres era tão grande que não se fazia necessário tantas regras de liturgia, a não ser a DIDAQUÊ, tão simples catecismo dos Apóstolos, deixado como primeiro ensinamento deles oficial.
O Catecismo também diz:

"NO SENTIDO DA SAGRADA ESCRITURA, O MEMORIAL NÃO É SOMENTE A LEMBRANÇA DOS ACONTECIMENTOS DO PASSADO, MAS A PROCLAMAÇÃO DAS MARAVILHAS QUE DEUS REALIZOU POR TODOS OS HOMENS. A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA DESSES ACONTECIMENTOS TORNA-OS DE CERTO MODO PRESENTES E ATUAIS..."  § 1363

Portanto, atualizamos os acontecimentos, de forma especial, no Santo Sacrifício da Missa, sua liturgia, atualiza o Calvário, o Sacrifício da Cruz é deixado de forma atual no momento da elevação do Cálice com o Sangue e a Patena com o Corpo do Senhor... Vemos em nossa frente o Calvário, o Gólgota atualizados em frente aos nossos olhos.
Neste Blog você encontrará um artigo de uma entrevista com S. Padre Pio de Pietrelcina sobre a Santa Missa.
São Leonardo de Porto Maurício vai ensinar: "Quando ides à Santa Missa, tendes os mesmos sentimentos
de entrares no Calvário." (Excelências da Santa Missa)
Portanto, irmãos, não estamos indo a uma reunião fraterna, não vamos a um encontro entre amigos - ainda que estas coisas sejam consequência, não é este o fundamento da Santa Missa que a Igreja nos ensina com Zelo.
A Santa Missa, Sacramento dos Sacramentos, atualiza o Calvário para nós! Naquele Calvário ninguém comungou, mas contemplou - exceto os Apóstolos que comungaram na Santa Ceia - como quando adoramos o Senhor Sacramentado. O Véu do Sacramento esconde a divindade de Nosso Senhor, mas não pode encerrar a fé que nos faz enxergar Jesus ali, Vivo! Ressuscitado!
No Calvário ninguém batia palmas! Batiam no peito se lamentando!(cf. Lc 23, 27)
Não havia barulho no Calvário como se vê em várias Igrejas um barulho incômodo - para não dizer outra coisa - no ato da Consagração, na Homilia, no Ato Penitencial, enfim, em vários momentos do Santo Sacrifício da Missa, coordenadores, catequistas, JOVENS, lideranças de comunidade, ministros extraordinários, músicos, pessoas envolvidas (ou não) na liturgia, conversando, batendo papo, rindo, quando, na verdade, precisariam estar adentrando o mistério! Com uma participação VIVA como nos pede a Igreja no parágrafo que transcrevi seu trecho no início do artigo.
A falta de zelo é evidente:

*  Muitas vezes não se separa um dia para organizar o "esqueleto" da Liturgia, pois o catecismo também ensina que muita coisa na liturgia é IMUTÁVEL! Por ser algo imutável, precisa-se de preparo, zelo, cuidado com o que se prepara, pois é manifestação do próprio Deus entre nós atualizando o ÚNICO E VERDADEIRO SACRIFÍCIO DO CALVÁRIO PARA NÓS QUE CREMOS! Se houvesse este zelo preparatório, não se veria gente tentando arrumar alguém para FAZER  A PRIMEIRA OU SEGUNDA LEITURA OU ORAÇÃO DOS FIÉIS, mas LEITORES PREPARADOS E ANIMADORES PREPARADOS QUE CELEBRAM O QUE SABEM ESTAREM CELEBRANDO: JESUS CRISTO!

* Por esta falta de preparo, a sacralidade do que se faz no altar fica em segundo plano, dando lugar ao cumprimento de preceito, com gestos mecanizados e sem amor profundo, olhar sem brilho como se contemplasse um quadro antigo e sem vida, quando, na verdade estamos celebrando a atualização do Sacrifício que nos devolveu a vida! É um relaxo na postura, no falar e gesticular de forma viva o que se celebra!

* Sem sacralidade, não se vive o mistério, portanto, não se recolhe a graça da intimidade Eucarística proporcionada pela Santa Missa bem participada! Todos saem da mesma forma que entraram, ou até pior! Saem sem a consciência de quem receberam!

* Por falta da sacralidade, querem inventar coisas dentro da liturgia que não cabem... Diz o documento Sacrosanctum Concilium 23: "Para conservar a sã tradição e abrir ao mesmo tempo o caminho a um progresso legítimo, faça-se uma acurada investigação teológica, histórica e pastoral acerca de cada uma das partes da Liturgia que devem ser revistas. Tenham-se ainda em consideração às leis gerais da estrutura e do espírito da Liturgia, a experiência adquirida nas recentes reformas litúrgicas e nos indultos aqui e além concedidos. Finalmente, não se introduzam inovações, a não ser que uma utilidade autêntica e certa da Igreja o exija, e com a preocupação de que as novas formas como que surjam a partir das já existentes.
Evitem-se também, na medida do possível, diferenças notáveis de ritos entre regiões confinantes." 
Tem coisas que podem ser evitadas... Se atrai as pessoas na medida em que o Sagrado aparece mais que o profano, pois, profano por profano, melhor ficar onde a responsabilidade é menor!

* Sem o sentido do Sagrado, na Homilia, o Sacerdote é um mero detalhe... Se fala de tudo durante a
Homilia, menos se sabe - quando muito - o Evangelho proclamado, pois até isso tiraram a sacralidade: NÃO É PROCLAMADO, É LIDO!
Absurdos assim têm se repetido com frequência em quase todos os lugares e percebe-se que, nas localidades interioranas, onde as pessoas são mais simples e mais maduras, a Santa Missa e qualquer outra liturgia sacramental, a hora da Palavra é a hora de se andar, conversar, contar as últimas... Enfim, uma falta de educação, respeito e zelo sem tamanho, e isso a partir de quem até é liderança dentro de suas respectivas comunidade, pois se há um preparo, não haveria necessidade de improvisar um conserto naquilo que já estivesse preparado com zelo!

* O mesmo documento acima citado (Sacrosanctum Concilium), no número 30 diz: "Para fomentar a participação activa, promovam-se as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as acções, gestos e atitudes corporais. Não deve deixar de observar-se, a seu tempo, um silêncio sagrado." 
Portanto, as respostas às leituras e orações que cabem ao povo, precisam ser motivadas a serem dadas de forma efetiva e sólida, porém, na hora do silêncio, que se faça!
Já vi ministros extraordinários batendo papo durante a consagração! Já vi músicos afinando instrumentos durante a consagração! Já vi coordenadores de comunidade e grupos de oração até, num descaso com Jesus consagrado no Altar! E se falamos algo, Jesus! É indelicadeza, não se sabe corrigir o irmão com caridade! Que falta de caridade! Como se fosse a vítima da história! Ora, faça-me o favor!!!
Estamos falando de pessoas que estão a serviço e deduze-se que sabem o que estão fazendo e para quem o fazem! Pessoas melindrosas e sem zelo algum servindo o Altar de qualquer jeito e os fiéis, vendo tal atitude, praticam a mesma coisa, pois se quem está a serviço, podemos fazer o mesmo! Assim pensam os fiéis! Eu pensaria assim...

* O número 56 do mesmo documento diz: "Estão tão intimamente ligadas entre si as duas partes de que se compõe, de algum modo, a missa - a liturgia da Palavra e a liturgia eucarística - que formam um só acto de culto. Por isso, o sagrado Concilio exorta com veemência os pastores de almas a instruirem bem os fiéis, na catequese, sobre o dever de ouvir a missa inteira, especialmente nos domingos e festas de preceito."
Irmãos, aqui uma ressalva: O documento diz que os pastorem devem instruir BEM os fiéis. Pois senão, veremos o que vemos: Pessoas que antes do final da Santa Missa, saem... E aqui irmãos, uma exortação: Não interessa se o Padre "A", "B" ou "C", ou pessoa que dá o recado se alonga, fala demais (e isso tem mesmo!), isso é problema de quem o faz, quanto a mim, devo ter o zelo de permanecer firme até o fim, pois EU prestarei contas pessoalmente se vivi mal a liturgia, tanto quanto quem a celebra ou serve nela! Para bom entendedor, pingo no "i" é letra!

* O número 102 vem nos dizer de forma tão bela: "...Com esta recordação dos mistérios da Redenção, a Igreja oferece aos fiéis as riquezas das obras e merecimentos do seu Senhor, a ponto de os tornar como que presentes a todo o tempo, para que os fiéis, em contacto com eles, se encham de graça."
O documento conciliar nos diz sobre os tempos litúrgicos... É tão belo o zelo da Igreja em querer os fiéis cheios da graça a partir de um contato com o mistério.
Não tem como cobrar espiritualidade de quem não experimentou o toque no e do mistério!
A liturgia só pode ser experimentada em sua essência quando experimentamos o Senhor da essência: CRISTO. Sem tal experiência, tudo é muito relativizado, sem importância, feito de qualquer jeito, sem silêncio, sem interioridade... Só superficialmente se faz e experimenta, quando muito, um "analgésico espiritual de consolo", mas não a experiência transformadora com o mistério de Cristo!

* O que dizer dos que se dizem espirituais ao extremo? Bem, o n° 110 do documento supra citado, diz: "A penitência quaresmal deve ser também externa e social, que não só interna e individual. Estimule-se a prática da penitência, adaptada ao nosso tempo, às possibilidades das diversas regiões e à condição de cada um dos fiéis..."
Alguns querem impor certas formas de penitência aos recém chegados à vida da Igreja. O que acontece de resultado? A pessoa não aguenta. Desiste.
Outros fingem uma santidade e espiritualidade que não existe em suas vidas, com penitências enormes, mas sem mudanças na quaresma e o que a Igreja diz? 
A penitência quaresmal deve ser também externa e social, que não só interna e individual.
Portanto, penitência interior sem resultado exterior de conversão é algo intimista e sem muitos resultados para o primeiro chamado da Igreja: Resgatar almas. Querem mais?
"Mantenha-se religiosamente o jejum pascal, que se deve observar em toda a parte na Sexta-feira da Paixão e Morte do Senhor e, se oportuno, estender-se também ao Sábado santo, para que os fiéis possam chegar à alegria da Ressurreição do Senhor com elevação e largueza de espírito."
É preciso voltar à essência e vos apresento a mesma!
Garanto que 90% dos que lerem este artigo, sequer têm conhecimento da existência deste documento que cito com constância.
Pior é que este documento é que foi pioneiro de toda a liturgia que celebramos hoje, e muitos "carismáticos" sequer ouviram falar dele! Se dizem, muitas vezes, tão espirituais e cheios de "fogo", que queimaram toda a capacidade de conhecer verdadeiramente a Igreja em sua essência e suas diretrizes para se viver bem a espiritualidade católica em sua essência! Vivem uma suposta espiritualidade cheia de suposições e iluminações particulares e ainda se justificam dizendo que "Deus assim revelou e mostrou..."
Negar que Deus assim o faz? Negativo.
Mas entender no Espírito quem é o Deus que me revela e o que revela aos seus íntimos.

* E a música? Ficaria de fora deste artigo? Não, claro que não.O n° 112 do documento diz: "A música
sacra será, por isso, tanto mais santa quanto mais intimamente unida estiver à acção litúrgica, quer como expressão delicada da oração, quer como factor de comunhão, quer como elemento de maior solenidade nas funções sagradas. A Igreja aprova e aceita no culto divino todas as formas autênticas de arte, desde que dotadas das qualidades requeridas."
A Igreja não rejeita os artistas. A Igreja não rejeita as artes! Pelo contrário, dá espaço a estes e a estas com um direcionamento claro. A música que se toca na liturgia, não é para espetáculo, cansa-se de falar isso em diversas formações que tive a graça de estar. por isso vejo algumas bandas e ministérios sem muita mídia, mas com zelo! Vejo tantos ministérios talentosos, cheios de possibilidades diante do caminho que trilham, mas se perdem na estrela que brilha diante de seus olhos ao perderem o rumo de sua primeira missão que é CANTAR A MISSA e não CANTAR NA MISSA. Por isso que o Sagrado acaba se perdendo no coração e na fé dos fiéis.
Em muitos lugares já não se preserva o silêncio e nisso, os ministérios e bandas, deveriam ser os protagonistas de tal exemplo com zelo filial à essência litúrgica que a Igreja tanto recomenda e zela.
Querem mais? Eis:

"Os textos destinados ao canto sacro devem estar de acordo com a doutrina católica e inspirar-se sobretudo na Sagrada Escritura e nas fontes litúrgicas."

Isto está no §121 do referido documento.É necessário argumentação?
Cito ainda alguns trechos de documentos da CNBB a esse respeito:
- Continua-se cantando “na” liturgia qualquer música religiosa, catequética ou de mensagem, em vez de cantar “a” liturgia. Este mesmo erro ocorre também quando alguns movimentos ou grupos propõem músicas que não estão de acordo com a ação ritual e os tempos litúrgicos. (Est. da CNBB 79, n°27)
Celebrações promovidas por movimentos religiosos, congregando frequentemente grande número de participantes, aqui e acolá, com ampla divulgação da mídia, pouco levam em conta os textos litúrgicos, substituindo-os facilmente por letras de grande pobreza existencial, poética e teológica. (CNBB 79, n°43)
Há dias atrás eu postei numa rede social a seguinte frase: CANTO E REZO AQUILO QUE CREIO.
Irmãos, é bem isso. E a Igreja nos pede esse zelo para com o que cantamos e levamos o povo a cantar.
Algo contra alguém ou algo? Não.
Apenas coerência com o que professo em cada atualização do mistério da nossa salvação e que creio piamente ser verdade. "Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna..." É o que professo, é o que creio e que faço questão de cantar. 
Quem faz outra opção, só merece meu respeito, apenas isso.

Quase ao final do documento, um apelo:

Sacrosanctum Concilium
§ 128 - "...Corrijam-se ou desapareçam as normas que parecem menos de acordo com a reforma da Liturgia; mantenham-se e introduzam-se as que forem julgadas aptas a promovê-la."

Ou seja: SALVEM A LITURGIA!
Resgatem seu verdadeiro sentido!
Testemunhem que ela é o centro de tudo o que fazemos na Igreja!
Zelemos pelo Santo Sacrifício da Missa!!!! 
Voltemos às origens com tudo o que hoje podemos usufruir nela sem perder seu real sentido e essência!
Temos uma origem a ser buscada, seguida e atualizada a cada momento dentro de cada liturgia dos sacramentos e a cada Santa Missa que celebramos!
Voltemos à essência!
Como já disse num dos artigos do blog:
VOLTEMOS AO ZELO DO QUE É SAGRADO!
E no nosso caso presente deste artigo:
SALVEM A LITURGIA!
Salvem-na dos abusos!
Salvem-na Dos relaxos!
Salvem-na Da Indiferença religiosa!
Salvem-na dos erros!
Ser Igreja significa aderir ao que ela ensina e obedecer tais ensinamentos para sugar deles a essência da graça reservada para nós!
Paz e fogo

Seu servo em Cristo, Antonio Lucio de Oliveira

Obs.: Sugiro aos irmãos a leitura integral e bem detalhada do referido documento: Sacrosanctum Concilium

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