terça-feira, 12 de novembro de 2024

AMADURECENDO NA CAMINHADA COM DEUS

Caríssimos irmãos, paz e fogo.

É com grande alegria que estou escrevendo este artigo, pois faz parte de um assunto que sempre me intrigou e mexeu comigo dentro da Igreja, principalmente no âmbito ao qual eu pertenço e caminho: RCC.

Lendo um livro sobre ascética e mística, o autor dizia que o cristão tem por obrigação progredir em seu caminho, principalmente espiritual:

"TODO TIPO DE VIDA DEVE APERFEIÇOAR-SE, MAS, SOBRETUDO, A VIDA CRISTÃ, QUE POR NATUREZA É ESSENCIALMENTE PROGRESSIVA E SOMENTE ATINGIRÁ SEU TERMO NO CÉU." (Compêndio de teologia Ascética e Mística, de Adolphe Tanquerey, 1ª edição de fevereiro de 2018, editora Ecclesiae, página 161)

Esta frase é de arrepiar qualquer pessoa que almeje - pelo menos - uma vida séria com Deus.

Depois de 23 anos de experiência com Deus mediante o Batismo no Espírito Santo, percebo o quanto minha forma de pensar e agir mudou.

Ainda muita coisa necessita ser aperfeiçoada e transformada por Deus interiormente, como necessito de conversão, Jesus!

E reconheço isso sem nenhuma vergonha de admitir que preciso, urgentemente de conversão constante e sincera.

O fato é que, de uns tempos para cá, percebo a necessidade de amadurecimento em muitos pontos e áreas (a começar de mim), em diversos setores onde as pessoas precisam de um "cair em si" para perceberem que necessitam de amadurecimento na vida para transformar de forma concreta seu proceder.

"Se vivemos pelo Espírito, sigamos o Espírito..." (Gálatas 5, 25 - Tradução da Bíblia do Peregrino)

Ora, existe uma regra espiritual de que se dizemos viver pelo Espírito Santo, devemos segui-Lo!

São Paulo vai além e diz que devemos imitar a Deus (Efésios 5, 1).

O mesmo São Paulo fala da necessidade de amadurecer na fé:

"... Até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e sejamos homens perfeitos, e alcancemos a idade de uma maturidade cristã..." (Efésios 4, 13 - Tradução da Bíblia do Peregrino)

E Paulo diz isso à comunidade de Éfeso num âmbito de formação para a obra que fora confiada a eles (Cf. Efésios 5, 12).

Nenhum fruto é bom enquanto não amadurece, ainda que algumas pessoas gostem de degustar alguns nessa condição, é preciso que o fruto amadureça para, então, experimentar a sua forma saborosa ao degustá-lo.

Assim é também com o ser humano. Nenhum ser humano - a não ser por deficiência patológica - precisa amadurecer. Não se é criança uma vida toda... O bebê cresce e se torna criança, que cresce e se torna adolescente, que cresce e se torna jovem, que cresce e se torna adulto, que cresce e se torna idoso, que percorre seu caminho até o fim de seus dias.

Aos cristãos, católicos, esse caminho de maturação também precisa ser trilhado.

Saindo da infantilidade espiritual (diferente da infância espiritual de Santa Teresinha do Menino Jesus), para chegar à maturidade cristã, como diz São Paulo.

A infantilidade espiritual poderia ser denotada no início de seu caminhar com Deus, quando se faz a primeira experiência pessoal com Jesus Ressuscitado, mediante o Batismo no Espírito Santo (no caso da RCC), ou outra forma que, Deus, em Sua liberdade, resolve se revelar em Sua bondade a algum (a) pecador (a) que esteja buscando (ou não, Deus tem Suas formas), acaba descobrindo que existe um Deus por Ele (a). Que não está sozinho(a)! Deus é real e está presente! Eis a descoberta!

Na verdade, Deus sempre esteve ali, porém, não era enxergado por nós. Éramos alheios à vida de Deus (Cf. Efésios 4, 18). Porém, Deus não era alheio à nossa vida, não era e não é indiferente. Nos amou primeiro (1 João 4, 19). Tomou a iniciativa sempre a nosso respeito. Enfim. Nos deixamos encontrar por Deus num dado momento de nossa história de formas particulares, onde cada qual teve uma experiência com o mesmo Deus, mas com intensidade e profundidades de diferem de pessoa pra pessoa.

Não tem padrão essa experiência, porém, ela vem com uma marca: NECESSIDADE DE PROGRESSÃO, DE MATURIDADE na medida em que avança na vida em Deus.
Percebemos que isso está em falta em nossa sociedade e, infelizmente, dentro da Igreja.

Maturidade plena, só alcançaremos na eternidade, onde Deus será tudo em todos (Cf. 1 Coríntios 15, 28)
Eu estou fazendo questão de citar muito as cartas de São Paulo, irmãos, pelo seguinte:

Paulo tinha tudo para ser um "infantil espiritual" de carteirinha.

Era muito inteligente, formado na melhor escola religiosa da época, tinha respaldo das autoridades religiosas da época para perseguir e matar cristãos, presenciou o primeiro martírio de um dos 7 diáconos escolhidos no capítulo 6 dos Atos dos Apóstolos, Estevão; conhecia a Torá muito bem, era zeloso com a Lei, impecável na vivência do judaísmo, enfim, tinha tudo para ser um "mimado" entre os cristãos, já que possuía qualidades acima da média entre os cristãos da época, no que diz respeito a capacidades intelectivas (Cf. Gálatas 1, 11-14).

Quando teve sua experiência com Jesus a caminho de Damasco (Cf. Atos 9, 3ss), percebeu sua limitação sem a visão. Caiu na real e percebeu com o tempo que teria de se deixar transformar interiormente. E não foi pouco tempo! Gálatas 1, 18 até o capítulo 2, 1, nos dão um tempo de 17 anos!!!!

Não foi aceito no início de seu ministério, pois tinham medo da fama de Paulo. Mas ele não se fez de vítima! Uma das atitudes dos imaturos mais costumeiras entre muitos na Igreja, nos movimentos e Pastorais.

O vitimismo tem ganhado espaço dentro do âmbito eclesial (fora é monstruoso!), onde as pessoas tem se mostrado vítimas de tudo, menos da própria língua que é afiada para atacar a vida alheia, mas se vitimiza quando cobrada (o), colocando a culpa em pessoas, fraquezas, limitações pessoais sem se preocupar em sair dessa vitimização ridícula e buscar olhar para Cristo! Nosso sentido e motivo de querermos ser VERDADEIROS, no mínimo, aceitando e sendo paciente com as fraquezas e limitações pessoais, mas buscando caminhar na direção da maturidade!

Maturidade também implica saber enxergar, reconhecer e consertar as próprias imperfeições.

Em Lucas 19, 1-10, Lucas nos mostra a pessoa de Zaqueu, chefe de uma coletoria de impostos que, ao ouvir falar de Jesus, que Ele iria passar por um determinado caminho, se apressou em querer vê-Lo, movido pela curiosidade (?), sobe num pé de sicômoro e espera Jesus passar. Ao vê-lo, Jesus dá uma palavra de ordem para que Zaqueu desça, saia da condição de querer estar acima das pessoas. Claro que o que o moveu Zaqueu até o sicômoro, foi sua estatura, que era baixa. O detalhe que quero atentar com você são as palavras de Jesus a ele: "Zaqueu, desce depressa, pois hoje tenho de hospedar-me em tua casa" (Lucas 19, 5).

Como que se quisesse dizer: "Zaqueu, não se coloque acima das pessoas, se esconder, manter-se à distância, escondendo suas fragilidades em posturas superficiais de distância ou indiferença, pretendo ser maior que os outros ou melhor que as pessoas, enxergando-as de cima para baixo sem enxergar suas limitações e feridas que te fazem frágil, pequeno e mesquinho."

E sua descida precisava ser depressa! Jesus tem pressa de nossa maturação! A condição de Jesus para HOSPEDAR-SE, morar na "casa" de Zaqueu, era sua descida do sicômoro, de se achar num patamar mais alto que as pessoas por orgulho e posição pessoal. 

Além disso, Zaqueu descobre a alegria do exercício da virtude da generosidade, de parar de se autoprojetar nas pessoas, usando-as como objeto de sua desonesta riqueza.

Pessoas imaturas se usam de cargos para se usufruírem das pessoas, que, devido ao respeito humano, acabam se sujeitando a serem objetos de auto projeção dos "astutos" que assim agem dentro e fora da Igreja. 

Maturidade não é sinônimo de perfeição.

Pelo contrário! Revela nossa imperfeição sem querer ficar parado nela, mas superá-la para chegar na Estatura de Cristo. 

Quantas pessoas dentro e fora da Igreja acham que o tempo de caminhada (muitas vezes de forma infantil, desobediente e descomprometida), acham-se maduras o suficiente para se pretenderem "perfeitas" diante das pessoas, quando, na verdade, são pessoas cheias de feridas interiores, de mágoas enraizadas no decorrer de seu caminhar, situações mal resolvidas e não trabalhadas que geraram traumas que não foram curados, deixaram as feridas se alastrarem com maior rigor ao invés de lidar com maturidade e barrarem os efeitos negativos do trauma. Não buscaram cura interior...

Mimados espiritualmente, não aceitam as mudanças de maturação dentro da Igreja em seus respectivos movimentos ou pastorais, brigam até por um fio de cabelo fora do lugar, mas são capazes de ignorar sua vida manchada pelo contra testemunho dentro e fora de suas casas e da Igreja, mantendo uma vida, na maioria das vezes, dupla, ostentando uma santidade que não existe na verdade de suas vidas.

A maturidade nos ajuda a tirar as máscaras que colocamos durante nossa vida!
Quando experimentamos a Deus, começamos a mudar por dentro. É o tão falado processo de conversão que se inicia em nós. Mesmo neste processo, as coisas não estão transformadas por completo em nós, pois estamos em processo... Significa que muita coisa ainda continua com as marcas e atitudes da vida velha, antes de Deus, fazendo-nos, muitas vezes, mascarar certos pecados, colocar máscaras de santidade que não existem ainda, ostentando uma perfeição imperfeita, manchada com contra testemunhos, quedas por "debaixo dos panos", mascaramos a nossa verdade para expor uma mentira, como aconteceu com a Samaritana de João 4, quando é questionada por Jesus a trazer seu marido, o qual não existia.

Ela tira as máscaras da mentira e assume seu pecado diante de Jesus sem mascarar nada.

A pessoa, quando amadurece espiritualmente, percebe que a vida tem que perder as máscaras diante de Jesus e das pessoas. Tirando as máscaras mentirosas que escondem uma vida às avessas sem trazer a verdade de Jesus que nos liberta (cf. João 8, 32).

A maturidade espiritual nos faz evitar justificar nossos pecados ou erros diante de Deus e das pessoas.

João 8, 1-11 nos apresenta uma mulher pega em flagrante adultério e, os que a flagraram, questionam Jesus de forma tendenciosa, até que o Senhor devolve o questionamento com uma palavra de sabedoria que provoca a atitude de deixar o local, envergonhados, pois haviam sido desmascarados pela verdade de suas más condutas. 

Ao ficar a sós com Jesus, Ele questiona a mulher se ela havia sido condenada por algum de seus acusadores. A mulher (sem nome), não se justifica. Simplesmente diz: "Ninguém, Senhor." (cf. João 8, 11 - tradução da Bíblia da Ave Maria).

Costumo dizer que quem muito se justifica pelo pecado, semeia no inferno.

O pecado, a queda não exigem justificativas, mas mudança de conduta, conversão.

Quem muito se justifica perde a noção do pecado e suas consequências, apelando a uma falsa misericórdia que, na linguagem dos que se justificam, é um atestado para continuarem no erro, na má conduta, nos falsos testemunhos de conversão e santidade, quando na verdade, a justificativa imatura teria de dar lugar à verdade autêntica de uma vida diante de Deus e dos homens.

Maturidade não implica um "ser bonzinho" a todo o momento.

Aprendemos a dosar e saber a hora de uma atitude mais enérgica, a forma de manifestar esse atitude, a quem nos dirigimos, como nos dirigimos, enfim, enérgicos sem agressividade.

Jesus mostrou muito bem isso em João 2, 13-19, o apóstolo nos mostra um Jesus enérgico e consciente diante da falta de zelo para com o Templo.

Uma atitude completamente consciente de Jesus, que TECE/FAZ o chicote!

O desleixo do comportamento das pessoas diante da sacralidade do Templo, provocam uma atitude enérgica de Jesus. Muitas vezes, o desleixo faz isso conosco também.

Desvios de conduta, falsos testemunhos, hipocrisias, mentiras, relaxo espiritual, são algumas das coisas que presenciamos hoje das pessoas dentro e fora da Igreja que provocam esses mesmos sentimentos de indignação em nós... Não significa que não podemos ser enérgicos e nem indiferentes ou mesmo condizentes com esse tipo de postura, mas devemos ter zelo pela casa e presença de Deus! Daí as atitudes enérgicas... Mas ENÉRGICAS, não com doses cavalares de agressividade e violência, mas diante do mal, precisa haver em nós um desejo violento, recheado de zelo apostólico pelo céu, pela salvação, pela eternidade, pois "o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam.". (Mateus 11, 12 - Tradução da Bíblia da Ave Maria)

Maturidade espiritual também implica no fazer o bem a todos, sem olhar a quem.

 A pessoa madura age sempre em consonância com seus valores morais de forma imparcial conforme sua fonte interior e sua consciência.

Não é ser bobo dos outros. É fazer o bem em qualquer circunstância, revertendo em benefício à pessoa a qual se dispensa o ato de bondade, ainda que seja uma correção.

Estamos numa onda ridícula de gente exigindo amor ao próximo (fugindo da regra segundo Jesus, mas formulando sua própria regra no mandamento Divino - Cf. João 15, 12), sem porém, fazendo o bem ao próximo! Um antagonismo inaceitável. Ainda mais quando se é exigido por gente imatura, sem atitudes de bondade que traduzam sua exigência, até correta, mas descabida pela parte de quem veio...

O auge da maturidade cristã, maturidade espiritual que se traduz na vida cotidiana, é apresentado pelo próprio Jesus, quando nos apresenta as credenciais que nos identificam como Seu discípulo: O Amor ao outro.

Que tipo de amor? Isso não foi falado já?

Sim, foi citado, mas não falado.

O amor ao próximo referido acima, foi o mandamento dado pelo próprio Cristo (cf. João 15, 12). Mas que tipo de amor é esse? Um amor como a sociedade tem "pregado", que nos torna cúmplices do erro dos outros que devemos amar? Não.

Um amor que vai até as últimas consequências dele, como disse Jesus, "... Como eu vos amei...". E como foi esse amor?

"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos" (João 15, 13)

"Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros." (João 13, 34-35)

Ahhhh... Existe um critério desse amor que Jesus nos manda exercer! COMO ELE NOS AMOU.

Como? Dando a vida!

Amor que nos faz nos consumir pela conversão do outro, pela dignidade do outro, pelo bem do outro, respeitando suas opções, escolhas e decisões, sem porém abrir mão das recomendações do Mestre!

Se o maior bem que podemos desejar para as pessoas em Deus é a sua salvação, então nosso amor tem que visar este bem maior!

Quem ama assim??? 

A pessoa que está na trilha da maturidade espiritual em Deus pela força do Espírito Santo que dirigiu Jesus e hoje, está à disposição de quem O pede para ser guiado por Ele também.

Esses são somente alguns exemplos de atitudes ou condutas que nos sinalizam uma pessoa madura na fé, no caminhar e espiritualmente. Existem outros que poderiam ser citados, como equilíbrio e constância.

É muito triste conferir dentro e fora da Igreja, mas principalmente dentro dela, pessoas de potencial, com estrutura a ser trabalhada e promissora dentro do caminhar com Deus e em Deus, essas pessoas, demonstram uma imaturidade, por vezes, que nos escandaliza!

Demonstram uma infantilidade desnecessária e não condizente com o papel a ser desenvolvido em seu chamado ou no ambiente ao qual Deus escolheu (ou não) para fazer e ser a diferença, ser sal da terra e luz do mundo.

Desde brincadeiras inconvenientes com a desculpa de ter de ser divertido, até más interpretações de falas, textos, da Igreja e de irmãos na fé, passando pelas demonstrações de ciúmes imbecis, birras descabidas, fugas, frases impensadas e incoerentes... e por aí vai o crescimento da lista...

Está na hora dos verdadeiros adoradores aparecerem, mostrarem que adoram a Deus de verdade numa maturação constante a ser buscada de forma séria, não fingida, mas com constância e não conveniência acomodada de gente descompromissada e descomprometida com o Céu.

Adoradores verdadeiros amadurecem diante do Amado Adorado, pois recolhem Dele a capacidade de crescer de forma reta na graça e na espiritualidade que nos faz fiéis e nos conduzem na trilha da santidade testemunhada com a própria vida.

Deus nos amadureça, já que é o  Agricultor por excelência (cf. João 15, 1), e nos mantenha na Videira verdadeira, que é Cristo, crescendo com a Seiva do Espírito Santo que nos dirige no amadurecimento em Deus.

Paz e fogo. Muita unção e sede de santidade.

Seu irmão e servo em Cristo, Antonio Lucio, ministério de pregação

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