sexta-feira, 1 de novembro de 2024

DEUS DIVIDIDO

Paz e fogo, irmãos...

Este é um daqueles artigos que me incomodaram para ser escrito em 2019 e eu protelei ao máximo.

Já adianto, irmãos, que certas coisas desse artigo serão como que uma flecha em muitos ao lerem estas linhas.

Já aviso de antemão que escrevo a católicos. Não a protestantes, com todo o respeito que tenho para com todos, mas este artigo vai falar coisas católicas para católicos, portanto, sem serventia a outras denominações, a não ser se houver interesse no assunto, simples leitura ou até para própria serventia, caso assim lhe sirva, mas fica difícil servir para quem não acredita no que professamos enquanto fé.

Enfim, vamos lá.

21Que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.22 Eu lhes dei a glória que tu me deste, para que sejam um, como somos nós.23Eu neles e tu em mim, para que sejam plenamente um; para que o mundo conheça que Tu me enviaste e os amaste, como me amaste. (João 17, 21-23)

Todos conhecemos esta passagem como a oração sacerdotal de Jesus. Já finalizando, Jesus faz alguns pedidos, no mínimo, curiosos:

1) Todos sejam um
2) Também eles sejam um em nós

"Que todos sejam um..."
Como assim? De que jeito?

"Como Tu, Pai estás em mim e eu em Ti."

Filipe fez Jesus dar uma pista de como é isso: "- Há tanto tempo estou convosco e não me conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai: Como pedes que te mostre o Pai?" (João 14, 9)

Então, o Pai estava em Jesus e Jesus no Pai.

Ambos eram um só como o é a Santíssima Trindade: Um só Deus em 3 pessoas distintas. A perfeita comunhão, segundo o Catecismo da Igreja Católica:

§258. Toda a economia divina é obra comum das três pessoas divinas. Assim como não tem senão uma e a mesma natureza, a Trindade não tem senão uma e a mesma operação (II Concílio de Constantinopla (ano 553), Anathematismi de tribus Capitulis, 1: DS 421). «O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três princípios das criaturas, mas um só princípio» (Concílio de Florença, Decretum pro Incobitis (ano 1442): DS 1331). No entanto, cada pessoa divina realiza a obra comum segundo a sua propriedade pessoal. É assim que a Igreja confessa, na sequência do Novo Testamento (Cf. 1 Cor 8, 6), «um só Deus e Pai, de Quem são todas as coisas; um só Senhor Jesus Cristo, para Quem são todas as coisas; e um só Espírito Santo, em Quem são todas as coisas» (II Concílio de Constantinopla (ano 553). Anathematismi de tribus Capitulis, 1: DS 421). São sobretudo as missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo que manifestam as propriedades das pessoas divinas. (Obs.: Os grifos são de responsabilidade minha)

Se toda a economia divina é obra comum das 3 pessoas Divinas, logo, há uma comunhão perfeita entre elas, fazendo então que essa comunhão se torne uma comunidade perfeita.

Jesus diz em Mateus 12, 25 que "Um reino dividido internamente vai para a ruína; uma cidade ou casa dividida internamente não se mantém em pé." (Tradução da Bíblia Peregrino)

Ou seja, se a Santíssima Trindade fosse dividida, não seria um Deus, mas 3 deuses!

Uma dessas Pessoas, o Filho, Jesus Cristo, Verbo encarnado, em Mateus 16, 18, "CONSTRÓI" a SUA Igreja sobre um dos apóstolos (Pedro), que Ele, Jesus, dá o nome novo de Pedra, Rocha onde, SOBRE ESSA ROCHA/PEDRA se dará esta construção, visto que o Evangelho coloca o verbo no tempo futuro, portanto, Jesus constrói, através do caminhar de Pedro no decorrer de sua maturação como príncipe dos Apóstolos e portador das chaves do Reino (Cf. Mateus 16, 19), na medida em que reconhece onde "as chaves" se encaixam e quais portas elas abrem, a Igreja vai se tornando o Corpo do próprio Cristo, conforme nos diz São Paulo em Romanos 12, 4-5, 1 Coríntios 12, 13-27 e Efésios 5, 23.29b-30. Todas estas passagens falam de Cristo Cabeça da Igreja e nós os membros de seu corpo, que é a Igreja. Mostrando as funções dos membros como num corpo que, se é dividido, é automutilação, caso o dono do corpo arranque um membro próprio.

Jesus não se automutila! Isso nem precisaria ser escrito pois é uma questão bem lógica.

Como Jesus poderia, sendo Ele Deus, dividir-se em si mesmo, sendo que em Mateus 12, 25, ele dizia que o reino dividido internamente não conseguiria se manter? Ele estaria se desdizendo.

Quem tem dividido o Corpo Místico de Cristo são seus membros!

É uma monstruosidade, pois, a medicina diz que o cérebro, a cabeça dá sinal ao restante do corpo, e então a cabeça da Igreja, Jesus, estaria dando sinais para seus membros se dividirem? Não poderia eu acreditar nisso, pois o pedido de Jesus ao Pai em João 17 supra citado é que todos sejam UM.

Então, irmãos, chegamos ao cerne deste artigo.

Os membros, - nós - temos dividido a Deus! "Não, Lucio, isso seria de forma indireta, pois isso é uma linguagem figurada", poderiam dizer alguns. O problema é que em Atos 9, na conversão de São Paulo, quando Saulo cai de sua montaria a caminho de Damasco, uma voz se identifica como sendo o próprio Jesus questionando o porquê Saulo estaria perseguindo a Ele... Mas eram os cristãos que Saulo estava perseguindo... "O rei lhes responderá: Eu vos asseguro: o que fizestes a estes meus irmãos menores, a mim o fizestes." (Cf. Mateus 25, 40)

Ora, então, o que fazemos a qualquer instância da Igreja que envolva o outro, e toda a Igreja em suas pastorais, movimentos envolve o outro, pois somos mantidos e movidos pela vida comunitária como Jesus assim ensinou aos apóstolos. Pois somos seus membros!!!! Membros de um corpo que pertence à cabeça que é Cristo!

O que temos visto dentro da Igreja é essa monstruosidade: Pessoas dividindo Deus dentro de seu corpo místico em muitas de suas instâncias (senão em todas).

Alguns têm dado uma prova imensa que o que dizem, muitas vezes, ser inspiração divina, na verdade, é uma vaidade medonha que pretende ser contentora do poder Divino, onde a vontade de Deus é a meta e esta, acaba contradizendo o que dizem formações de movimentos e/ou pastorais, comunidades e etc....

O que dizer sobre um grupo que é convocado a uma formação a nível diocesano e lá, levam uma exortada, justa, pelas recomendações de algum movimento ou pastoral, ligado fielmente à Igreja em todas as suas instâncias, em função de correções necessárias para o bom andamento do mesmo - movimento e/ou pastoral - e as próprias lideranças formadoras, dão o péssimo exemplo de fazerem exatamente o contrário do que foi exortado nessa formação, o que dizer?

O que dizer de pessoas com autoridade espiritual sobre a vida das pessoas, ensinar algo para o melhor andamento ou solução de alguma determinada situação de problema agudo, exortar sobre o que fazer acerca deste problema/situação, quando esta pessoa que deveria ser a primeira a demonstrar pelo seu testemunho a vivência daquilo que está exortando a pessoa com problema a fazer, faz exatamente o contrário... O que dizer?

Daremos a desculpa estapafúrdia de fraqueza? A Bíblia diz que é exatamente na fraqueza é que somos fortes. (Cf. 2 Coríntios 12, 10)

Não estou querendo dizer aqui que não temos quedas ou que isso é impossível, pois somos passivos de quedas
de erros, não isentos, mas devemos evitá-los a todo custo e isso é possível! (Cf. Romanos 6, 1-2).

Eclesiástico 21, 1-2 vai dizer que devemos fugir do pecado como se foge da serpente!

Romanos 6, 23 nos diz que o salário do pecado é a morte!

2 Coríntios 5, 17 vai dizer que aquele que está em Cristo é uma nova criatura, que tudo, tudo se fez novo em Deus.

Processo? Sim, claro, mas um processo que não retrocede nos erros de outrora ou empaca na incompetência de se comprometer com a própria conversão.

Estamos falando de algo sério!

Estamos falando de uma controvérsia acerca do que Santo Agostinho dizia: "Não existe lição mais desleal do que falar bem e viver mal."

Muita gente ensinando, exigindo, exortando, impondo regras que nem sempre são inspiradas por Deus, onde as regras se resumem em 10 e depois a plenitude delas com 8 Bem Aventuranças que são o receituário de como ser feliz em Deus. (Cf. Mateus 5, 1-12)

Desrespeitam orientações de movimentos, que, apesar de em sua maioria, serem administrados por homens passíveis de erro, alguns fazem questão em se colocarem aos pés de Jesus, se retiram para discernirem através de escuta o que Deus tem para um povo todo, em nível de país e, porque não dizer, nível mundial! Por exemplo: A RCC tem seu escritório internacional No Vaticano, portanto, junto à cátedra de Pedro e tem a responsabilidade das diretrizes do movimento segundo o olhar da Igreja. Descemos um degrau e chegamos a nível nacional, onde algumas pessoas formam um núcleo de discernimento Nacional, para orientar o movimento em seus passos um ano todo com um direcionamento que foi discernido em dias de oração profunda e escuta para chegar em nossas mãos os cuidados de Deus para com o movimento e alguns, até lideranças, lamentavelmente, ao receberem tais orientações, desgraçadamente, vão DISCERNIR O QUE JÁ FOI DISCERNIDO! 

Infelizmente, esses que pretendem discernir a unção dada aos que Deus derramou a inspiração, autoridade e missão de estar à frente de um movimento na Igreja do Brasil, ainda que em vasos de barro (Cf. 2 Coríntios 4, 7-12), limitados que somos, mas quem se esforça, alcança a bênção, pois São João Paulo II dizia na Fides et Ratio: "Deus abençoa o esforço da busca"

Sendo assim, aqueles que são responsáveis por direcionar o povo de Deus, seja qual for a instância, não digo todos, mas os que conheço, permanecem dias em oração, em ato de profunda escuta profética para direcionar um povo... Por coerência, nem me caberia o questionamento, pois não fui eu quem ficou dias em oração para escutar profeticamente o que Deus quer para aquele determinado movimento ou pastoral, congregação, comunidade, enfim, se eu não estou lá e não fiz o que eles fizeram, com que direito questionarei, até porque, se não vem com divergência doutrinária ou bíblica, quem sou eu para questionar?

Estão dividindo a Deus! 

Gente com picuinhas pessoais com outras pessoas em determinadas áreas da Igreja que acham estar fazendo algo contra outra pessoa, às vezes até por vingança ou inveja, e na verdade, está fazendo com o próprio Deus que tem seu corpo dividido.

Estão dividindo a Deus quando começam a denegrir a imagem dos outros e muitas vezes, sem nem 
mesmo conhecer a pessoa denegrida e pior! Outros que sabem se calam, se omitem, até concordam para "usar de discernimento para não causar discórdias ou intrigas maiores"! Pensa numa falta de misericórdia! Falta misericórdia para com quem é denegrido e a quem denigre, pois quem é denegrido não está, na maioria das vezes, presente para se defender ou mesmo mostrar o lado real do que estão falando, ou mesmo do que não foi constatado ou percebido antes de começarem a falácia desmedida e diabólica que será mascarada de "partilha". Sobre as pessoas?

Do outro não se fala nem bem... Quer falar do outro, ainda que bem, fale diretamente a ele (a)!

Falta de misericórdia com quem denigre, pois enquanto alguém não falar para essa pessoa que o que ela está fazendo é errado, ela(e) vai continuar fazendo isso! Vai continuar denegrindo os outros! Vai continuar fazendo futrica e fofoca, envenenando ambientes, equipes, pastorais, comunidades, paróquias! Ainda que não nos escutem, mas temos que alertar a pessoa a colocar um ponto final nessa palhaçada!

Estão dividindo a Deus quando afirmam categoricamente na euforia de um momento que determinada situação (faculdade, namoro, noivado, compra de bens, etc.), é vontade de Deus e depois que "Deus dá", começa a se distanciar da presença Dele...

Como Deus poderia nos dar algo que nos afastasse Dele?

"Vou ser um sinal de Deus com meu testemunho nesse lugar (faculdade, balada, emprego)"... E o que se vê na maioria das vezes?

Essas pessoas que disseram que dariam testemunho, se contagiaram com a euforia pagã destes ambientes e acabaram por sucumbir... Aqueles que eram assíduos no Grupo de Oração semanalmente, agora se vêem num barzinho tomando chopp, "descontraindo", pois você vive num mundo e tem que se enturmar, se socializar... Já não ora... Já deixou a Bíblia resumida num aplicativo que de vez em quando se acessa por alguns segundos, por curiosidade ou para analisar algo para dar uma de sábio numa rede social e expor a opinião em determinado assunto como se fosse letrado, doutorado nesse assunto e disfere seus dardos de orgulho ferido se fazendo dono(a) da verdade, quando na verdade, já deixou a condição de esforçado pela santidade para trocar pela condição de escravo da libertinagem que a sociedade impôs nessa "vontade de Deus" que foi escolhida... Merece aplauso? Não de mim.

Enquanto esses e outros tentam ou se pretendem dividir a Deus, prefiro fazer eco a muitos outros que têm gritado pelos 4 cantos e apontado para Deus como um ser indivisível! Perfeitíssimo! Que quer nossa conversão antes que definhemos na insistência de permanecermos na mediocridade que nossa teimosia e descomprometimento com Ele nos leva!

Atendamos ao pedido de Jesus de sermos um ao invés de lutarmos por nossos interesses, nossas tendências, teimosias, saudosismos... Quem divide é o diabo que se coloca entre. Vivamos a unidade na diversidade, a exemplo da Santíssima Trindade que tem o olhar fixo em nossa felicidade e espera a atitude de nossa busca do coração indiviso de Deus... Ele nos espera. Não vamos dar um bolo Nele.

A felicidade Nele é possível já aqui, mas a sua plenitude contemplaremos e viveremos na eternidade onde Deus é tudo em todos e tudo se converge para a maior glória Dele!

Deus os abençoe!

Testemunhe e comente abaixo.


Do seu servo em Cristo, Antonio Lucio

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário faz este instrumento crescer!

OS TOP 3 DA SEMANA!

Entre em contato comigo!

PASSARAM POR AQUI