quinta-feira, 31 de outubro de 2024

O MAL DA HIPOCRISIA

P
az e fogo, irmãos.
Este novo artigo vem trazer um assunto chato, delicado para alguns, fatal para outros, mas o fato é que, lamentavelmente, é que vem se alastrando em todas as áreas da sociedade, mas de modo inquietante e incômodo, dentro e fora da Igreja.
E já deixo bem claro que me dirijo a católicos, pois eu sou católico, o blog é católico, então, os assuntos serão sempre direcionados ao povo católico, com o qual eu convivo e interajo.
Assim sendo, irmãos, não trago um conteúdo adocicado e calmo, mas incômodo e amargo para muitos que, talvez, estejam envolvidos ou mesmo vivendo as situações que serão aqui relatados.
Bem, vamos lá: A palavra “hipocrisia” tem sua origem no grego HYPOKHRINESTHAI, que significa “fingir”. Esta palavra é composta por outras duas: HYPÓS, “abaixo” e KRINEIN, “separar”. Este termo em grego foi evoluindo com o tempo e o que significava “separar gradualmente” passou a ser “representar um papel, fingir”.
O hipócrita, portanto, é uma pessoa falsa, fingida, que vive - ou não - veladamente segundo as mesmas normas de conduta que ela mesma condena.

Jesus diz algo a respeito da hipocrisia e da pessoa hipócrita, no mínimo, com gravidade extrema no sermão da montanha: 

"Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu. Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão." (Mateus 7, 3-5)

Como podemos notar e, com certeza, já vimos esta passagem por diversas vezes, quer em pregações em Grupos de Oração, Santa Missa, reflexão bíblica, enfim, já passamos por este texto, com certeza!

Hoje, porém, escrevendo este artigo que, por meses estava ensaiando e orando para escrevê-lo, ganhou outra conotação.

Jesus está falando direto à assembléia sentado num monte, não em cadeiras; povo simples e não estudado, povo que era injustiçado pelo Império Romano que imperava naquele local, portanto viam sempre uma hipocrisia por parte de suas lideranças políticas, a saber, partindo de Herodes Antipas até chegar no alto escalão romano de Pôncio Pilatos. Portanto, eles conviviam com a hipocrisia política. Não muito diferente de nosso país.

Havia também um grupo de religioso, os fariseus. Seu nome, em hebreu perushim, significa "os segregados". Dedicavam sua maior atenção às questões relativas à observância das leis de pureza ritual, inclusive fora do templo. Além destes, havia também Os saduceus, que eram pessoas da alta sociedade, membros de famílias sacerdotais, cultos, ricos e aristocratas. Dentre eles haviam saído desde o início da ocupação romana os sumos sacerdotes que, nesse momento, eram os representantes judeus diante do poder imperial. Faziam uma interpretação muito sóbria da Torah, sem cair nas numerosas questões casuísticas dos fariseus, e portanto subestimavam o que esses consideravam como sendo a Torah oral. Em oposição aos fariseus, não acreditavam na vida após a morte, nem compartilhavam suas esperanças escatológicas. Não gozavam de popularidade nem do afeto popular, dos quais desfrutavam os fariseus, mas tinham poder religioso e político, pelo que eram muito influentes.

Podemos deduzir, a partir destas informações, que a hipocrisia religiosa era uma constante, afinal, com o tempo, sabemos que alguns dos fariseus se corromperam a partir da influência dos saduceus e acabou na crucificação de Jesus.

Podemos também afirmar, diante de algumas passagens que a hipocrisia também invadia o convívio familiar. Basta olharmos a passagem de João 4, onde Jesus encontra a samaritana em situação de adultério. Então, como vivia a esposa traída? Como era o marido? Um mentiroso, claro, pois afinal, tinha que fingir uma situação para cometer o delito. Hipocrisia, portanto.

João 8: Uma mulher é pega em flagrante adultério. O que o homem que foi flagrado com ela durante o ato alegou para estar naquele momento com aquela mulher? A bíblia não nos conta, mas, com certeza, ele não disse: "Estarei com outra mulher para ser pego em flagrante adultério e ver o que Jesus dirá..." Claro que não! Uma mentira, portanto, hipocrisia!

Na verdade, irmãos, não existe um “manual” que nos diga que atitudes são hipócritas, mas existe um famoso ditado popular: “faça o que eu falo; não faça o que eu faço” que relata muito bem a realidade de nossos dias.
            Se nos aprofundarmos um pouco nas questões psicológicas, podemos dizer que, normalmente, as atitudes hipócritas nascem de uma falta de coragem que o indivíduo tem de assumir certas posturas diante da sociedade em que vive; por vezes, essa falta de coragem está alojada num nível subconsciente bastante profundo e a pessoa é hipócrita sem nem se dar conta disso. Outras vezes, diz-se que a pessoa leva uma “vida dupla”, pois para o mundo afirma certos valores, mas secretamente age de forma contrária. Em ambos os casos, o resultado não é outro senão uma existência medíocre. O hipócrita é medíocre porque não pode dedicar 100% de sua energia para se tornar o indivíduo que deseja (consciente ou inconscientemente) ser e vive pela metade, podendo no máximo, obter resultados medianos em todas as atividades que empreende. (Fonte: https://www.significadosbr.com.br/hipocrita)
            Na nossa sociedade, a hipocrisia é muito presente e, na maior parte dos casos, nós não nos damos conta disso. Não apenas indivíduos caem na armadilha da hipocrisia; empresas, sindicatos, governos, instâncias jurídicas, organizações mundiais, todo o tipo de associação de seres humanos costuma conter boa parte de hipocrisia, bastante velada. Cabe a cada um de nós manter os olhos abertos, voltados para nós mesmos primeiramente (porque podemos ser hipócritas em alguns âmbitos sem nem saber) e voltados também para o mundo, como uma forma de prevenção contra erros, preconceitos, julgamentos e tantas outras atitudes que não trazem nenhum bem a ninguém.(Fonte: https://www.significadosbr.com.br/hipocrita)

Partindo das informações do site supra citado, podemos enxergar a hipocrisia espalhada em nossa sociedade aos montes, mas irei me ater na hipocrisia religiosa, visto que nesta área, é gritante e revoltante o tamanho da hipocrisia e de quem ela parte.

Irmãos, muitos ao lerem a partir daqui, poderão alegar: "Ah, mas ninguém é perfeito", "somos todos pecadores", "somos fracos" e por aí vai o hall de desculpas esfarrapadas de gente irresponsável, indiferente, apóstata e rebelde, religiosamente falando. Poderão até falar que "Ah, mas todo mundo faz isso ou aquilo", porém, irmãos, meu nome não é "todo mundo".

Eu preciso ser fiel àquilo que professo como fé e não ir no embalo daquilo que virou moda entre a sociedade, escravizando-me a ponto de pôr a perder minha fidelidade a Deus.

Digo isso pelo fato de, geralmente, vermos irmãos(ãs) enfiados em situações que contradizem o que é pregado - até por eles mesmos! - fazendo que estes atos contraditórios se transformem em contratestemunho, fazendo cair em descrédito todo um trabalho de evangelização que se faz para tirar um pai de família do alcoolismo, por exemplo. Trabalha-se para tirar um homem ou uma mulher desta situação enquanto o agente pastoral ou mesmo o evangelizador(a), se envereda pela mesma vida do "beber
socialmente", e quando aquele indivíduo(a) decaído no alcoolismo é levado para ser evangelizado e liberto do vício, a vergonha daquele familiar ou amigo, preocupado com a situação, escuta este dizendo que conhece aquele que prega ou é agente pastoral, pois vive se encontrando pelos bares, botecos, balcões de padaria com a maldita cachaça na mão bebendo junto e no outro dia, está lá, com a maior cara de pau dizendo que é preciso sair do vício!!! Ora essa! Um trabalho, muitas vezes, de uma vida toda sendo jogado num buraco da irresponsabilidade da falta de testemunho de alguém que deveria ser referência!
Pior é quando ainda ouvimos que "isso não tem nada a ver", "Cai quem quer"... Meu Deus!

Isso quando não encontramos pregadores, intercessores, ministros extraordinários, lideranças que, por debaixo dos panos cometem seus adultérios virtuais e físicos...

Conversas indecentes, perfis com fotos duvidosas revelando partes do corpo desnecessárias de serem mostradas, sem o menor pudor ou respeito de quem tem essas pessoas como referência. Os sites visitados quando ninguém está presente... As saidinhas  "só pra descontrair", mentindo situações, forjando mentiras contínuas que arrebentam o convívio familiar com as mais absurdas desculpas e mentiras, quando não ouvimos, desgraçadamente, a seguinte frase: "Deus não julga ninguém, quem é você para me julgar? Deus é misericórdia... Você não tem o direito de me julgar, só Deus..."

A Igreja nos ensina a Ver o fato, JULGAR o fato e agir diante do fato.

Tá na hora desse povo parar de "mimimi" e ser responsável com a conversão pessoal e fazer o favor de ser TESTEMUNHA e não entrar na fila dos necessitados, pois já tem habilitação batismal de ser TESTEMUNHA e não decaído!

Povo com a hipocrisia nos cursos de noivos falando mais de separação do que do valor do matrimônio! Dando os passos da nulidade ao invés de investirem na indissolubilidade sacramental!

Ministros extraordinários que fazem até pose de seriedade nas formações exigindo dos recém chegados uma fidelidade que nem eles têm! Conversam durante a liturgia, dando o péssimo exemplo de que o mais importante não é o Deus celebrado, mas a conversa "inadiável" com aquele "irmão(ã)"... Durante o momento em que todos observam esses a serviço do altar do Senhor!!!! Onde vamos chegar?

Catequistas que ensinam até como usar uma camisinha ao invés de falar sobre o valor e o dever da fidelidade ao 6º mandamento!

Agentes pastorais da dita "Pastoral da família ou Pastoral familiar" que defendem aborto! Controle de natalidade quando a Igreja fala de paternidade responsável!
 
Desculpem a dimensão desta colocação, mas Padres defendendo uma relação sexual ao invés da castidade em suas confissões!!! Quantos jovens já não vieram falar para mim que sacerdotes estão falando não ser pecado o sexo antes ou fora do casamento!!!!

Ei! Fornicação e adultério, senhores Padres, religiosos, religiosas, leigos e leigas, continuam sendo pecados graves que ferem o 6º mandamento, bem como outros se nos aprofundarmos dignamente na profundidade dos mandamentos.

Dizer o que dos pregadores que vivem vida dupla de exortações e ensinos que mais parecem fardos do que anúncio genuíno do Evangelho, que exige radicalidade, conversão e fidelidade, e os mesmos que pregam são os primeiros a caírem e dizerem que Deus é misericordioso, que é preciso reconhecer a fraqueza, que antes de mais nada são seres humanos... Onde foi que aprenderam que os mesmos seres humanos estão isentos de conversão e fidelidade e vivem numa hipocrisia desenfreada que jogam fardos nas costas dos outros enquanto eles vivem no comodismo hipócrita de que não têm de viver a mesma fidelidade pregada. Desde quando o Evangelho mudou?
Desde quando estes se arvoram maiores do que Deus, a ponto de se acharem no direito de descambarem nas veredas de impor sem viver a retidão de vida. Sem contar o descaso com a comunhão, comungando sem confissão, comungando sem o menor zelo... Desculpem, isso não é acusação, mas constatação de que a hipocrisia entrou de sola dentro da Igreja em todos os seus âmbitos.

Coordenadores de grupo de oração e ministério não fogem disso também com suas vidas duplas e sem autoridade dentro de suas casas onde os filhos fazem o que querem dentro e fora da Igreja, com a  desculpa de que "são crianças", esquecendo-se que os adultos de amanhã, aprendem a sê-lo ainda sendo as crianças de agora. Fazem, muitas vezes os filhos pensarem que a Igreja virou playground ou lanchonete, esquecendo-se que ali é casa de Deus e não da "mãe Joana".

Pessoas que fazem de tudo pelos "irmãos afastados" mas não fazem nada pelos de sua casa! Deixando a "Deus-dará" sua família, muitas vezes se escondendo dos problemas a serem resolvidos dentro de sua casa atrás do serviço à Igreja. Absurdo! Hipocrisia barata e descabida!

E essa "praga" tem se espalhado dentro da Igreja como um vírus contagiosos que tem
derrubado a muitos.
O mal da hipocrisia tem seu antídoto no bem da fidelidade e do testemunho.
Como é bonito ver famílias sendo restauradas pela mudança de seus membros, deixando a mentira e o fingimento de lado e passando a serem pessoas fiéis a Deus a seus familiares, deixando a hipocrisia de lado, abraçando a fidelidade e a verdade como companheiras de cada passo. E tenho visto muito isso!

Sermos evangelizadores coerentes com o Evangelho e lutarmos contra nossa debilidades e misérias, contando com a misericórdia e com a Graça de Deus para vencermos a nós mesmos sendo referências de luta e de fidelidade a quem nos enxerga como exemplos.

Todo o mal tem uma antítese. O da hipocrisia é o da verdade e testemunho, irmãos.

Vençamos a hipocrisia com nosso testemunho, irmãos. 

Deus já nos deu a capacidade de sermos fiéis com a força do Seu Espírito que nos foi dado no Batismo, confirmado no Crisma e alimentado a cada Eucaristia celebrada. Não sejamos nós a chamarmos Cristo de pecador através de nossa vida, pois Ele vive em nós!! Façamos Ele brilhar através de nossa vida virtuosa de busca de retidão. É possível. Deus espera isso de nós.

Estamos juntos nessa luta e sairemos vencedores se deixarmos essa hipocrisia de lado, pois em Cristo somos mais que vencedores! (Romanos 8, 37)

Façamos nossa parte. Deus já fez e continua fazendo a Dele muito bem e não quer a hipocrisia reinando, mas Ele tem de reinar, pois Ele é Senhor.

Deus nos faça fiéis a ponto de vencermos essa praga da hipocrisia que já envenenou a muitos, derrubou a outros e está tentando arrebentar com outros... Deus é mais! Ele vive! Ele é o Sumo Bem! 

De seu servo e irmão em Cristo, Antonio Lucio

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

INTIMIDADE NO POÇO

Paz e fogo, irmãos.

Este artigo nasceu de uma experiência que tivemos na nossa extinta casa de missão FOME DE ALMAS.

Tivemos a graça de sentarmos no poço como fez a samaritana de João 4, 1-42 e termos nosso coração preenchido pela Água Viva que Ele oferece àquela mulher.

Este artigo foi escrito àqueles que querem alcançar uma intimidade com Jesus a ponto de perceberem que é possível ser amigo de Jesus de forma real.

Meio dia. Jesus cansado da caminhada que havia dado, senta-se num poço, denominado "Poço de Jacó". Ainda que não seja citado no Livro do Gênesis, o poço foi chamado assim e a Samaritana afirma categoricamente que Jacó havia deixado aquele poço.

João narra que uma mulher sai da cidade chamada Sicar.

Fazendo algo comum na época: Buscar água no poço. Para quê?

Para beber, cozinhar, talvez até um banho... Enfim, ela vai ao meio dia. Horário curioso, pois as mulheres deveriam fazer isso logo cedinho quando seus maridos saiam para o trabalho e chegariam para o almoço, precisando estar tudo pronto e, naquela hora, com certeza, se ela fosse casada, estaria - no mínimo - bem atrasada!

Jesus depois revela o motivo real: Ela era uma adúltera (cf. João 4, 17-18)

Uma mulher sedenta de amor como muitos de nós. Sedenta de ser olhada de forma diferente do que era olhada.

Sedenta de encontrar o amor verdadeiro, buscado talvez, durante toda a vida, mas sem sucesso.

A Bíblia não relata, mas, provavelmente, quantas experiência ela não deve ter tido de homens que se aproximaram dela desejando somente seu corpo, almejando um prazer desordenado, onde um momento era o que durava o interesse daqueles homens que se aproximavam dela, olhando-a com desejo, cobiça sexual.

Não se aproximavam dela para uma vida de intimidade, mas de superficialidade. Contanto que o atual dela nem era dela. Provavelmente passou a noite com aquele homem e para que ninguém notasse o que estava ocorrendo, o horário dela de sair de casa era esse.

Que situação absurda! Privada de carinho autêntico! Privada de olhar profundo! Privada de amor verdadeiro! Privada da felicidade de ser amada de forma verdadeira. Privada, enfim, de Deus.

Somente Aquele Deus feito homem sem deixar de ser Deus poderia dar o amor, o olhar profundo e ainda beber da vida daquela mulher desprovida de auto-estima.

Somente Jesus seria capaz de fazer daquela adúltera, uma evangelizadora em potencial.

E foi o que aconteceu.

Ela alcançou a graça de ter a intimidade no poço com Jesus.

Me atrevo aqui a utilizar-me da canção do Juninho Cassimiro que relata esse encontro na voz de um terceiro que convida aquela samaritana a este encontro com Jesus.

Vou me utilizando e discorrendo deste tema de intimidade no poço através da letra desta canção.

Agora, caríssimo(a) leitor(a), gostaria que vc entrasse na cena comigo e imaginasse que alguém (porque não seu anjo da guarda?) estivesse encontrando você e eu agora, na correria ordinária do dia a dia e de repente nos fizesse tal convite:

Quer se encontrar com o amor? 

Não encontrar um amor, mas O Amor. Cristo, Verbo Encarnado que traz a face do Deus que é amor. O Amor que nos amou primeiro, que tomou a inciativa sempre conosco. Amor que nunca se cansou de nos esperar na beira do poço de nossas idas e vindas. Amor que sempre aguardou tranquilamente que eu e você chegássemos para "tirar" água, amores, atenção, ternura, compreensão... Quer se encontrar com o Amor? Ele traz um olhar profundo...

Quer se deparar com um olhar mais profundo? 

Um olhar que me enxerga por dentro. Naquilo que trago de verdade dentro de mim, não a superficialidade dos olhares interesseiros, dos olhares cobiçosos do que trago exteriormente e que com o tempo se desgasta, mas um olhar que enxerga minha essência, quem eu sou por dentro, minhas necessidades mais gritantes da minha alma.
Tão próximo... Esperando para me encontrar com Seu olhar que arranca de mim mesmo para estar Nele. Ahhhh, esse olhar que me acompanhou desde sempre... Ahhh esse olhar que nunca deixou de me acompanhar por onde andasse... Ahhh, um olhar mais profundo que me encontra na minha essência. Sentado ali, aqui na minha frente quando me deixo olhar por Ele.

Ele está sentado logo ali, Na beira de um poço com uma sede de amar

Logo ali, no próximo passo que darei ou estou dando na direção que somente eu e Deus - que me olha - sabemos. Na beira do poço da minha existência, na beira do poço da minha história, que nem sempre tinha água limpa, mas água parada de meus desânimos, água poluída de meus pecados, de minhas escolhas adulteradas... Eu tinha sede daquelas águas turvas que eu havia deixado brotar naquele poço... E, na verdade, quem tinha sede da minha essência e do que eu trazia no balde ou vasilha vazia de meu coração, era Ele.

Que tal sentar naquele poço? E dar de beber ao Deus sedento?

O convite de sentar naquele poço implica a dependência da resposta e atitude livres de sentar-me ali, naquele poço onde cotidianamente sempre escolhi o errado, o que machucava, o que poluía meus passos... Mas para que sentar ali de novo, sendo que nas vezes que ali eu permanecia, só encontrava a tristeza posterior, o desgosto pelo erro, a decepção pela "quebrada de cara", para quê?

Para dar de beber ao Deus sedento... Garganta seca pela minha vida... Pela minha história, independente da desgraça que foi plantada nela. Sede incondicional de um Deus que me ama incondicionalmente. Um Deus sedento da minha vida sedenta, mesmo com a sensação do poço ser fundo.

Parece que o poço é fundo

Sim, a impressão que se tem é que o poço é fundo demais... Dá medo de reencontrar a água suja que nós bebíamos. Dá medo, pois parece que o poço é bem fundo, sem fim.
Mas só parece.

A impressão é que estamos diante de algo impossível de se enfrentar, de olhar frente a frente. O que falta pra essa sensação passar?

Mas se conhecesses o dom do Deus sedento, do Deus sedento

Falta conhecer o dom do Deus sedento! Conhecer experimentando e não conhecer de saber! Experimentar Deus como dom e como Deus que doa o dom. Deus Pessoa/Dom

Sede de ganhar teu coração, Sede de que tenha sede dele, 

Sede de ganhar teu coração, Deus que tem sede do ser humano! Sede de que o ser humano tenha sede Dele, de buscá-Lo, encontrá-Lo, senti-Lo... Sede de ganhar nosso coração de forma dupla! Ganhar nosso coração quando nos apaixonamos por Ele e sede que permaneçamos com Ele e Nele!
Sede de ter sede de saciar nossa sede Dele Nele! Mas...

mas Quer fugir e mentir, se esconder, se isolar

Mas nossa pequenez, mesquinhez, teimosia e machucaduras nos fazem fugir da presença de Deus, nos fazem mentir dizendo estar tudo bem quando não está, mentir que estamos felizes, quando na verdade estamos mendigando amor e infelizes, mascarando em falsos sorrisos a verdade do nosso interior triste e covarde, com medo de que Deus tire tudo de nós, quando, na verdade Ele nos quer da forma que nos encontra para nos transformar no que de melhor fomos criados a ser.

Mas, quando fujo e minto, me escondo ou pretendo me esconder de Deus, como fez Adão, me isolando de tudo e de todos, muitas vezes desejando ser paparicado e não amado! Lisonjeado e não reconhecido! Bajulado e não testemunhado! Me escondo de mim mesmo, me isolo para que ninguém tenha acesso aos meus limites, onde poderiam descobrir que tenho medo da bondade e do amor de Deus por mim.

Mas no fundo o poço é fundo, tem medo de enfrentar

Mas meu medo de enfrentar a profundidade do poço é tamanha, que me paraliso em minhas limitações e esqueço que Deus pode me fazer sair dos meus limites e, ilimitadamente, ser amado por Ele, encorajado por Ele, retomando a coragem de ir até Ele sem medo de perdas mas com certezas de ganhos.

Vai lá, chama tua verdade, vem aqui.

Com a coragem recobrada, é hora de se deparar com a minha verdade e ir até Ele, perto Dele que conhece a minha verdade e não me exclui por causa dela, mas me acolhe com esta verdade. Transforma a minha verdade numa conversão para a verdade Dele!

Vai lá, rasga o teu coração e vem aqui.

É preciso ir até Ele com o coração rasgado para não ficar retida nenhuma parcela de mentira que foi me arrastando até esse momento em que não tinha nada no balde de minha história. Rasgo o meu coração diante Dele, para Ele! Pois Ele sabe transformar corações rasgados em corações restaurados e refeitos conforme o Coração Dele. Não adianta trazer a verdade com o coração fechado...

Conta para ele como está.

Contar para Ele como estou, de que jeito fiquei, ser livre diante Dele para falar da minha verdade, rasgar meu coração a Ele e não a outros que nem sequer me entenderiam ou me levariam a alguma solução... Contar como estou realmente, sem querer me esconder atrás de imagens que fizeram de mim ou atrás da vergonha de ser descoberto na minha fragilidade e impotência de ter sido melhor.

Deixa ele falar quem você é

Não só falar de mim, mas deixar que Ele fale quem eu sou e não me deixar definir pelo que os outros pensam e almejam que eu seja, mas me deixar definir e ser enxergado por Deus! Deixar que Ele fale quem eu sou para ser transformado no que Ele deseja que eu me torne Nele! Não ser definido ou rotulado pelas pessoas, mas enxergado na verdade de quem realmente eu sou e no que posso me tornar Nele!

O seu amor é tudo que você precisa ter

Quando ouvir Dele quem sou, reconhecer que tudo o que preciso ter é Seu divino amor.
Amor que me sacia, que me transforma, me completa e me restaura... Me cura e liberta das amarras do desamor que tive por mim mesmo na minha falta de limites, na minha falta de regras, na minha falta de Deus... Seu amor é tudo o que eu preciso ter para alcançar o equilíbrio perdido na minha ausência diante de Deus... Seu amor é tudo o que eu preciso ter, sentir, experimentar e me abandonar.

O amor desse Deus só quer te libertar

Enquanto os falsos amores me escravizavam, o Seu amor só me libertou da escravidão em que vivi. O desejo desse Deus é nos libertar pelo Seu amor infinito, incomensurável e por isso, tem poder de me libertar dos desamores que me escravizaram até aqui, me prenderam em meu egoísmo egocêntrico de centrar-me em mim mesmo, algemando minha liberdade que Tu me deste. Seu amor não escraviza, mas liberta! Seu amor não me priva de nada, mas me torna livre para o que realmente vale a pena! Seu amor não quer nada de mim a não ser que me deixe amar e ser tomado por ele...

Você precisa ter coragem e o levar/Ao lugar sagrado que tu tens/Onde estão segredos que ninguém vê/Onde está o sonho de ser livre, livre

Agora, preciso tomar coragem e levar este amor, primeiro, onde sempre foi o lugar desse amor: DENTRO DE MIM MESMO!

Ao lugar sagrado que somente eu e Ele sabemos onde está e que eu sempre tive, onde meus segredos não lhe eram velados, mas por habitares nele, Você os contemplava, desejando concretizá-los em minha vida, pois, na verdade, eu queria ser livre com este amor, mas tinha medo, achando que este amor me privaria daquilo que eu tinha por felicidade, e por isso, este lugar sagrado era vazio do essencial, vazio do Seu amor.

Este lugar é sagrado porque Tu estavas lá! Habitavas ali! Sozinho, me esperando para neste dia reencontrar meus segredos e sonhos de liberdade e felicidade que ficaram inertes na minha ganância insensata de me achar dono de mim mesmo e pretender saber, idiotamente, o que me fazia feliz e livre... Ahhhh, Senhor... Tu eras íntimo de mim e eu Te ignorava no lugar sagrado que Você tinha acesso e somente Tu és capaz de plenificar com Tua presença e amor infinitos...

A verdade te libertará

Neste lugar sagrado onde Tu estás desde sempre é onde Você traz a verdade libertadora de Tua Onipotência. A verdade que me liberta da mentira em que vivi e me alimentei até aqui! A verdade de um Deus que se fez homem sem deixar de ser Deus e não bastando isso, fez questão de ser tão pequeno em Sua grandeza que quis caber em mim, no lugar sagrado que sempre tive, mas eu dessacralizei, tornei um lugar vazio ao Te colocar num canto escondido e me esquecer que jamais Tu sairias daí.

O amor não vai te condenar

Este mesmo amor que me traz a plenitude da verdade, é o mesmo amor que me liberta e que não me condena pelo que fui, pelo que fiz, mas me absolve para não ser mais o que fui e nem fazer o que fiz, mas ser renovado no que sou e no que faço em todos os aspectos, em todas as dimensões...

Um amor que foi tão decepcionado por mim, mas que não me condena por isso. Um amor que foi tão desprezado por mim, mas que não me condena! Que amor é esse? Que amor absurdo de um Deus perfeito que não condena minha imperfeição, mas faz questão que eu procure converter minha imperfeição na Sua divina perfeição passo por passo...

E no fim de tudo é ele quem te saciará/Te saciará, é ele quem te saciará

E no fim de tudo, descobrir que somente Ele me sacia com esse amor.

Me saciará se eu beber Dele! Me saciará se eu buscá-lo na fonte: Jesus!

Me saciará de minhas insatisfações, de minhas carências, das minhas desilusões, decepções e frustrações que roubaram minha essência, roubaram minha verdade, roubaram o caminho deste lugar sagrado que eu evitava entrar e preferia esquecer para não me deparar com minhas impotências e teimosias ineficazes que me levaram a descobrir o quão longe deste poço eu estava... O poço da minha vida Contigo...

Minha intimidade Contigo que deixei esquecida no tempo de minha rebeldia...

Havia me tornado um desconhecido de mim mesmo, já que estavas dentro de mim o tempo todo e Tu fizeste questão de continuar comigo, por isso me conhece! Me criaste! Fizeste questão de andar onde andei, contemplar o que fiz e mesmo assim se dispõe a me saciar com esse amor!!!

A intimidade no poço é alcançada por aqueles que um dia se acharam muito maiores do que Jesus, ainda que inconscientemente - ou não! - e perceberam que Ele desejou se fazer pequeno por ser Infinito para caber dentro de nós e jamais nos deixar indiferentes a Ele.

Ele sempre foi íntimo nosso no poço de nossa vida. Nós é que deixamos esta intimidade arrefecer, esfriar, paralisar...

É preciso se deixar voltar ao poço, no lugar sagrado que temos e que é sagrado pelo fato Dele habitar aí, mesmo tentando bani-Lo, Ele fez questão de permanecer conosco e em nós.

Ahhh, Senhor... Desejo ardentemente Te encontrar de novo e não só, mas Te conhecer ainda mais, caminhar Contigo, voltar à intimidade deste poço em que evitava, mas que se tornou irresistível por causa da Tua presença.

Não tem como ser íntimo longe. É preciso estar perto, conviver, criar vínculos que aproximam...

Eu quero voltar à intimidade no poço de minha vida Contigo.

Receba-me na beira deste poço!

Eu me deixo olhar e encontrar por Ti...

Entrego a minha verdade a Ti, porque não serei condenado pelo amor que leva à verdade... Sacia a minha sede de amor verdadeiro capaz de me salvar e transformar, sacia a minha sede de intimidade Contigo.

Quero encontrar Teu olhar e me deparar com o Amor de um Deus que é o próprio amor e preferiu vestir a roupagem humana para mostrar a divindade...

Ensina-me a ir até o poço e encontrar a quem preciso ser íntimo: Você, Jesus.

Do seu servo em Cristo, Antonio Lucio

terça-feira, 29 de outubro de 2024

SÃO VICENTE PALLOTTI

Meu Deus!

Não o entendimento e, sim, Deus.

Não a vontade e, sim, Deus.

Não a alma e, sim Deus.

Não a visão e, sim, Deus.

Não a audição e, sim, Deus.

Não o olfato e, sim, Deus.

Não o gosto e a linguagem e, sim, Deus.

Não a respiração e, sim Deus.

Não o sentimento, e, sim Deus.

Não o coração e, sim, Deus.

Não o corpo, e sim, Deus.

Não a comida e bebida e, sim, Deus.

Não as vestes, e sim, Deus.

Não as coisas temporais, e sim, Deus.

Não a riqueza, e sim, Deus.

Não a glória e, sim, Deus.

Não as distinções e, sim, Deus.

Não as honrarias e, sim, Deus.

Não as promoções e, sim, Deus.

Deus em tudo e sempre.(p.80)

(São Vicente Pallotti)


 São Vicente Pallotti (1795-1850) foi um sacerdote romano que com a sua profunda vida espiritual, suas múltiplas atividades apostólicas e a realização profética do apostolado, influiu de modo relevante na história da Igreja no século XIX. Ele viveu num tempo em que foram impostos fundamentos do mundo moderno e de uma nova ordem sócio-política. As idéias do iluminismo, as turbulências do período napoleônico, o surgimento da questão operária, que culminou no “manifesto comunista”, as tendências liberais, os movimentos nacionalistas na Europa e o desenvolvimento da imprensa são algumas vozes que caracterizaram os tempos de São Vicente Pallotti. Ao mesmo tempo operaram Adolf Kolpng na Alemanha, Frederic Ozanam na França e Antonio Rosmini na Itália.
Pallotti confrontava-se com os problemas que dificultavam a vivência da fé e o crescimento das tarefas ligadas ao anúncio do Evangelho nas terras de missão. Diante de tais problemas que a Igreja devia afrontar, Pallotti voltava sua atenção sobre a necessidade urgente de reavivar a fé e de reacender a caridade entre os católicos para anunciar a todos os homens a boa notícia da salvação.
No território da cidade de Roma ele, com um grupo de colaboradores, desenvolveu uma notável célula de atividades apostólicas e ao mesmo tempo ocupou-se em unir e coordenar tais atividades. Disto nasceu a idéia de fundar uma nova instituição, ou seja, a “União do Apostolado Católico”, para unir todas as iniciativas apostólicas.
Nos múltiplos escritos Pallotti desenvolveu a visão global da obra na Igreja, a fim que a boa notícia pudesse ser levada a todos os homens de maneira ordenada e sistemática.
São Vicente Pallotti morreu no dia 22 de janeiro de 1850 sem ter visto o pleno desenvolvimento da sua obra. Seus colaboradores mais próximos continuaram sua missão, assegurando à Sociedade um posterior desenvolvimento. Vicente Pallotti foi beatificado em 1950 e canonizado em 1963 durante o Concílio Vaticano II.
 São Vicente Pallotti afirma: “A regra fundamental da nossa mínima Congregação é a vida de nosso Senhor Jesus Cristo, para a imitar com toda a perfeição possível” (cf. Obras completas, II, 541-546; VIII, 63, 67, 253, 254 e 466).

 PONTIFÍCIO CONSELHO PARA OS LEIGOS

 Decreto de ereção e de aprovação do Estatuto Geral da “União do Apostolado Católico”
 As origens da União do Apostolado Católico remontam ao dia 9 de Janeiro de 1835, data em que, por inspiração divina, São Vicente Pallotti (1795-1850) decidiu fundar uma obra em que todos os membros do Povo de Deus pudessem participar unidos na missão evangelizadora da Igreja. São Vicente Pallotti estava imbuído da ideia de que todos os baptizados, em resposta ao “mandamento novo” da caridade (cf. Jo 15, 12-15), são chamados a empenhar-se activamente em prol salvação do próximo e de si mesmos, e considerava também que as iniciativas apostólicas pessoais seriam mais eficazes, se fossem realizadas de forma associada e orientadas para a tarefa comum de vida e de propagação conjunta do Evangelho.
 Desde o início, a União do Apostolado Católico foi composta por leigos, clérigos e religiosos, com um desenvolvimento constante ao longo dos anos, e subdividiu-se em várias comunidades de fiéis de todos os estados de vida e condições, desejosos de plasmar a sua vocação em conformidade com os ideais apostólicos do Fundador. Esta partilha do mesmo carisma pressupõe a distinção e a complementaridade necessárias entre os diversos estados de vida na comunhão eclesial.
Ao longo da sua história, a União do Apostolado Católico recebeu diversas demonstrações de estima da parte da autoridade eclesiástica. Com um rescrito datado de 4 de Abril de 1835, o então Vigário de Roma, Cardeal Carlos Odescalchi, concedeu toda a bênção aos membros da recém-nascida Pia União do Apostolado Católico. Sucessivamente, com o rescrito de 11 de Julho desse mesmo ano, o Papa Gregório XVI concedeu “mil bênçãos” à mesma associação (cf. São Vicente Pallotti, Obras Completas, IV, pp. 3 e 9).
 Como se lê no art. 1º do Estatuto Geral, “a União do Apostolado Católico, dom do Espírito Santo, é uma comunhão de fiéis que, segundo o carisma de São Vicente Pallotti, promovem a co-responsabilidade de todos os baptizados, a reavivar a fé, a reacender a caridade na Igreja e no mundo e a levar todos à unidade de Cristo”.
Na homilia proferida na igreja romana de São Salvador “in Onda”, a 22 de Junho de 1986, Sua Santidade o Papa João Paulo II pôde frisar os pontos fulcrais do carisma recebido por São Vicente Pallotti. Olhando para o futuro, nessa ocasião o Pontífice Romano houve por bem dizer “Continuai a multiplicar o vosso compromisso, para que aquilo que Vicente de Paulo anunciou profeticamente, e que o Concílio Vaticano II confirmou de modo autorizado, se torne uma feliz realidade, e todos os cristãos sejam autênticos apóstolos de Cristo na Igreja e no mundo!” (Insegnamenti di Giovanni Paolo II, 9 de Janeiro de 1986, pág. 1899).
 O Concílio Vaticano II, assim como o Magistério pós-conciliar, prestou atenção especial às formas agregativas de participação na vida da Igreja, manifestando no que se lhes refere a sua profunda consideração (cf. Decreto sobre o apostolado dos leigos Apostolicam actuositatem, 18-19 e 21; Exortação Apostólica pós-sinodal Christifideles laici, 29).
Neste mesmo sentido, no início do novo milénio o Papa João Paulo II escreveu que reveste uma grande importância “promover as várias realidades agregativas que, tanto nas suas formas mais tradicionais como nas mais recentes dos movimentos eclesiais, continuam a dar à Igreja uma grande vitalidade que é dom de Deus e constitui uma autêntica “primavera do Espírito”” (Carta Apostólica Novo millennio ineunte, 46).
Por tudo o que se disse antes, considerando a instância apresentada em nome de todos os componentes da Família Palotina, pelo Rev.do Pe. Séamus Freeman, S.A.C., Presidente do Conselho de Coordenação Geral da União do Apostolado Católico, em que se pede a erecção desta agregação a associação pública internacional de fiéis, e também a aprovação do seu Estatuto Geral; considerando a oportunidade de proceder nesta direcção, para cumprir plenamente os ideais da fundação de São Vicente Pallotti e para oferecer um novo impulso à difusão do carisma próprio da União do Apostolado Católico na Igreja e no mundo; considerando os artigos 131-134 da Constituição Apostólica Pastor bonus, sobre a Cúria Romana, e o cânone 312 1, 1º do Código de Direito Canónico, o Pontifício Conselho para os Leigos decreta
1) a erecção da União do Apostolado Católico a associação pública internacional de fiéis, de direito pontifício e com personalidade jurídica, segundo as normas dos cânones 298-320 e 327-329 do Código de Direito Canónico;
2) a aprovação do Estatuto Geral, devidamente autenticado e depositado, com cópia, nos arquivos do Pontifício Conselho, para um período ad experimentum de cinco anos.
Dado no Vaticano, em 28 de Outubro de 2003, Festa dos Santos Apóstolos Simão e Judas Tadeu.
D. Stanislaw RYLKO - Presidente
Guzmán CARRIQUIRY - Subsecretário

  Biografia


 Vicente Pallotti nasceu em Roma no dia 21/04/1795. No dia seguinte foi Batizado na Igreja de São Lourenço, em Damasco, com o nome de Vicente Luiz Francisco.

 Pedro Paulo não se casou jovem. Tinha trinta e três anos…A esposa de Pedro Paulo chamava-se Maria Madalena Rossi…Provinha de uma família religiosa, sem pretensões, mas rica em virtudes. Vicente…nos traça o perfil espiritual e humano da própria mãe:
 Uma mulher de profunda abnegação; mulher piedosa; forte diante do sofrimento; mulher de profunda fé que sabia ser grata a Deus dizendo que o próprio Deus a visitara através da doença; mulher, esposa e mãe exemplar; mulher que soube educar seus filhos na fé, no temor de Deus e educá-los através de seu próprio testemunho. Tanto que nunca quis ter empregados, para que não tivessem modelos negativos; mulher de muita oração, ocupava seus filhos nos estudos e na oração. 
 “Deu-me Deus pais santos. Que conta lhe deverei dar, se não aproveitar dos seus ensinamentos!"
 Pedro Paulo realizou em pleno centro de Roma um matrimônio feliz: 10 filhos. Cinco morreram na infância. Os que sobreviveram eram homens. Nenhum se casou. Por isso a família Pallotti não teve descendência.
 “Quem se coloca com toda a alma no caminho do amor de Deus, não pode falir."
 Era 1807. Vicente tinha apenas 12 anos. No seu tempo livre corria à casa do Padre Bernardino para conversar, pedir conselhos e ajudá-lo no que precisasse. Entre os dois estabeleceu-se uma profunda e longa amizade que foi amadurecendo….Amigo não se cansa. Amigo descansa, anima, é força no caminho da vida…Fazzini era um sacerdote sábio, soube comunicar ao pequeno Vicente os valores fundamentais da vida cristã. Nos longos diálogos com o cego Fazzini, aprendeu a enxergar mais com o coração que com os olhos….Fazzini e Vicente foram amigos por 30 anos. E o sacerdote morreu em 1838 aos 80 anos de idade.

 Ser santo no ordinário

 Santidade não tem nada a ver com ações extraordinárias. Nem a extravagância de vida e, muito menos, o dom dos milagres são sinais que passam desapercebidos pela terra, os quais, com grande surpresa iremos encontrar no paraíso, em um lugar tão belo quanto o ocupado pelos santos mais famosos. São Vicente Pallotti.

 Sacerdócio

 Foram os encontros com o amigo Pe. Fazzini que levaram Vicente a tomar a decisão de ser sacerdote, realizando assim um desejo que sentia desde pequeno, quando disse a sua mãe: “Um dia você me verá celebrar a Missa no altar de São Felipe Néri”.

 Casa de Oração

 Aos 15 anos, foi impedido de entrar no seminário por causa das perseguições religiosas. Então transforma a casa num pequeno seminário, onde Pe. Fazzini o acompanha nos estudos e oração e já pensa no seu apostolado de amanhã.

“Minha intenção é, agora e sempre, rezar com muito fervor a Deus uno e trino, a nosso Senhor. O Esposo diletíssimo de minha alma, a minha mais enamoradíssima Mãe, aos anjos e santos e a todos os justos, para que Deus dê ao meu diretor espiritual abundantíssimas luzes por um caminho(direi assim) infinitamente santo, seguro, perfeito e oculto aos olhos dos homens.

Vocação sacerdotal

 Vicente Pallotti, na sua amizade com Bernardino Fazzini, foi descobrindo que Deus o chamava para o sacerdócio. Uma descoberta que lhe fez experimentar o amor de Deus…Toda manhã saía de casa para ir até o seminário para participar das aulas e retornava à família onde se dedicava ao estudo, ao trabalho e à oração.

 Pobreza

No tempo livre do estudo, encontramos o jovem Vicente no meio das crianças do seu bairro, atento aos pobres e doentes, pelos quais quer ser: “Quisera ser alimento para os famintos, veste para os nus, bebida para os sedentos, licor para o estômago débeis, plumas macias para repouso de membros quebrados e cansados, medicamento e saúde para os doentes e sofredores, para os coxos, para os mutilados, para os surdos, para os mudos; luz para os cegos de corpo e de espírito; vida para ressurreição das criaturas todas que morreram para Deus e para os homens, a fim de que o retorno à vida as leve a realizar, até o dia do juízo, grandes coisas para a honra do meu Deus, do meu Criador, do meu bem, do meu tudo.

 Sensibilidade a dor alheia

 Quando vejo ou ouço falar em pessoas aflitas, angustiadas, atribuladas, cansadas, carregadas de pesos e fadigas, lavradores, carroceiros, pedreiros, pobres…pelas noites em que não dormem, porque eles mesmos estão doentes ou inquietos…o desprezo e o sofrimento dos pobrezinhos de Jesus Cristo…quando reflito sobre todas as outras misérias que não enumerei e nem sequer compreendo…se eu mesmo ou outra pessoa pudesse penetrar em todos os ângulos da terra e enxergar de uma só vez as misérias que atribulam a pobre humanidade, acredito que o coração humano não suportaria semelhante visão, mas todos morreríamos de dor.

 Renuncia às honras

 Padre Vicente era um ótimo aluno de Teologia, aplicado, inteligente, fiel, à doutrina da Igreja…Professor, amado pela sua compreensão e temido pela sua exigência. Despojou-se de toda autoridade e fez-se um aluno no meio dos outros, cativando a simpatia de todos.Não tardou em compreender que não era a sua vocação ser professor, embora tivesse capacidade. Sentia que o Senhor o queria no meio do povo.

 Evangelizava os carreteiros (caminhoneiros da época)

 Havia em Roma um grande albergue chamado Santa Galla, ponto de todos os migrantes e pobres que ali encontravam refúgio, pousada e um prato de comida. Naquele tempo não havia caminhões, todo o transporte era feito através de charretes. Os carreteiros reuniam-se perto do albergue para descansar, beber e depois retomar caminho. Uma vida dura e difícil, mal pagos e longe da própria família, corriam riscos da solidão e abandono. Padre Vicente era acompanhante espiritual destes excluídos da sociedade, para todos tinha uma palavra de ânimo e de coragem. Exercia a pastoral dos migrantes do tempo. Padre Vicente sabia fazer-se amar e pelo caminho do coração podia anunciar o Evangelho. Quando chegava ao acampamento, os carreteiros sentiam-se felizes porque viam nele um amigo sincero.

 Amor

 “A fim de acender o fogo do amor em todos os corações, a divina providência deixou os homens estes meios: orações, obras de serviço Evangélico e todas as demais obras que conduzem a este fim, bem como os meios temporais para isto necessários e adequados. São Vicente Pallotti”.
 “Procura a Deus e irás encontrá-lo Procura-o sempre, irás encontrá-lo em tudo.”(São Vicente de Paulo”).

 Entrega total da vida

 Uma das características da vida de Padre Vicente era não saber dizer não, e era sua alegria ir ao encontro de todos. Ajudar, doar seu tempo e amor com plena e total generosidade. Não pensava que o dia  tinha 24 horas, assumia compromisso para 48 horas diárias. Estando em apuros recorria aos amigos sacerdotes ou leigos para que o ajudassem…Padre Vicente era tão santo que não precisava dormir, diziam os amigos que o viam sempre trabalhando, estava disponível de dia e de noite para os irmãos. Durante a noite a luz do quarto ficava acesa, era Padre Vicente que depois das fadigas diárias, dedicava-se ao estudo.

 Dons extraordinários

 Previu a eleição do Cardeal Capellari como Papa, com o nome de Pio IX.
Ele tinha o dom de conhecer o coração das pessoas. Antes que elas apresentassem suas dificuldades, ele ia dizendo tudo o que se passava.

 Não tinha vergonha de pedir dinheiro

 Padre Vicente queria ajudar os missionários, e , desde o início do seu sacerdócio, foi procurando terços, medalhas, crucifixos para doá-los aos missionários que voltavam para a própria missão. ..Não se envergonhava de pedir, sabia que não era para ele e que tudo isso seria um meio para tornar-se missionário com os missionários. 

 Pia Sociedade do Apostolado Católico

 No dia 11 de julho de 1835, um dia calorento do verão italiano, o Papa assinou o documento de aprovação da Pia Sociedade do Apostolado Católico.

 Amor aos doentes

 “Vicente atuava com eles, como mãe solícita por seus filhos queridos. Administrava-lhes remédios, dava-lhes de beber, erguia-os na cama, quando era necessário, animava-os a suportar tudo com paciência, consolava-os de maneira mais afetuosa.”

 Instituto feminino

 Tem início o Instituto Feminino, no dia 25 de maio de 1838, primeiro dia da Novena de Pentecostes.

 Visita ao Papa Pio IX

 Um dia foi visitar o Papa Pio IX, já seu velho amigo. O Papa, olhando com carinho para Padre Vicente, lhe perguntou:
-Está contente, Padre Vicente?
E, notando que não estava plenamente feliz, diz a todos:
-Vocês vêem. Eu sabia que o Padre Vicente não estaria de modo algum satisfeito. Estar satisfeito é parar no caminho.

 Contra a preguiça

 “Não sejamos preguiçosos nem dorminhocos, nem entregues ás seduções do mundo”.

 Morte

 O médico diagnosticou uma pleurisia, doença grave, porque tinha os pulmões bem debilitados…O Padre Vaccari, o sucessor na direção do Apostolado Católico, disse-lhe apreensivo:
-Padre Vicente, se o senhor pedir a Deus que prolongue a sua vida, Deus escuta-lo-á. Vicente, olhando-o com muita bondade respondeu-lhe:
-Deixa-me ir para onde Deus me chama.
…Era o dia 22 de janeiro de 1850, às 21h45. Padre Vicente voltava feliz e rico em merecimentos para a Casa do Pai.

São Vicente Pallotti e a Devoção Mariana

“A devoção a Nossa Senhora consiste antes de tudo em imitar seu filho e dele aprender a imitá-lo. Promoverei com todos os meios a devoção a Maria, minha mais que enamoradíssima mãe.”
“Quando escrevo ou falo de Nossa Senhora, particularmente na minha pregação, quero dar à Santíssima virgem os títulos mais augustos. Sou indigno de amá-La, mas, pela misericórdia de Deus e os méritos de Jesus Cristo, desejo obter a graça de amá-La e desejo amá-La com o mesmo amor que Deus a ama.” 
“Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor. Cantarei eternamente as misericórdias de Maria. Meu Deus e meu Tudo!”
“Maria não é saudada com o título de rainha dos sacerdotes, dos bispos, do Papa, mas com o título de Rainha dos Apóstolos, porque está acima dos apóstolos. Ainda que não possua a jurisdição eclesiástica, concorreu mais que estes na propagação da fé e na dilatação do reino de Jesus Cristo: por isso, cada um no seu estado segundo as suas condições com confiança na graça pode cooperar na propagação da fé e merece o título de póstoilo. Tudo o que fizer para tal fim será apostolado.”
“Nossa padroeira, Maria, poderia vos falar, mais ou menos, o seguinte: Recordai-vos de que o meu Divino Filho vos recompensará no seu reino de glória, por cada pensamento, cada palavra, cada ação e cada pequena coisa com que tiverdes contribuído para a difusão da Santa Fé. Sim, Ele irá até vos coroar por toda a eternidade com a coroa gloriosa de seu apostolado, se, para este fim, fizerdes tudo quanto vos for possível. Decidi-vos a fazer o máximo possível para aumentar os meios adequados para a difusão da Santa Fé, sobretudo, por meio de jejuns e da oração humilde, confiante e perseverante. Estejai atentos para não esmorecer na decisão. Meus filhos, se Deus vos fez poderosos sobre esta terra, utilizai, então, este poder para a difusão, a conservação e o reavivamento da Santa Fé. Sois instruídos? Contribuí, então, o mais possível com o vosso conhecimento, a fim de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo, os mistérios da redenção e a lei do Evangelho se tornem conhecidos. Sois ricos em bens terrenos? Utilizai-os, então, tanto quanto puderes, para aumentar os meios para a difusão da fé. Aproveitai sem cessar, com todas as forças, até a vossa morte, tudo quanto vos recomendei e vossa recompensa será grande no reino da glória. Sim, Deus mesmo será vossa recompensa por toda eternidade.
1832/33 Em honra da Mãe de Deus escreve três livrinhos, chamados “Mês de Maio”, dedicados aos sacerdotes, aos religiosos e aos leigos.
1950 – No dia 22 de janeiro, Vicente Pallotti é beatificado pelo Papa Pio XII.
1963 – No dia 20 de janeiro, Vicente Pallotti é canonizado pelo Papa João XXIII, na Basílica de São Pedro, em Roma.  

 “A vida de Jesus Cristo seja a minha vida”.

 

Tratava bem os seus pais e falava bem sobre eles


Vicente…nos traça o perfil espiritual e humano da própria mãe:
Uma mulher de profunda abnegação; mulher piedosa; forte diante do sofrimento; mulher de profunda fé que sabia ser grata a Deus dizendo que o próprio Deus a visitara através da doença; mulher, esposa e mãe exemplar; mulher que soube educar seus filhos na fé, no temor de Deus e educá-los através de seu próprio testemunho. Tanto que nunca quis ter empregados, para que não tivessem modelos negativos; mulher de muita oração, ocupava seus filhos nos estudos e na oração. 

Fez da casa um pequeno seminário


 Aos 15 anos, foi impedido de entrar no seminário por causa das perseguições religiosas. Então transforma a casa num pequeno seminário, onde Pe. Fazzini o acompanha nos estudos e oração e já pensa no seu apostolado de amanhã. Minha intenção é, agora e sempre, rezar com muito fervor a Deus uno e trino, a nosso Senhor. O Esposo diletíssimo de minha alma, a minha mais enamoradíssima Mãe, aos anjos e santos e a todos os justos, para que Deus dê ao meu diretor espiritual abundantíssimas luzes por um caminho(direi assim) infinitamente santo, seguro, perfeito e oculto aos olhos dos homens.


Evangelizava os caminhoneiros


 Havia em Roma um grande albergue chamado Santa Galla, ponto de todos os migrantes e pobres que ali encontravam refúgio, pousada e um prato de comida. Naquele tempo não havia caminhões, todo o transporte era feito através de charretes. Os carreteiros reuniam-se perto do albergue para descansar, beber e depois retomar caminho. Uma vida dura e difícil, mal pagos e longe da própria família, corriam riscos da solidão e abandono. Padre Vicente era acompanhante espiritual destes excluídos da sociedade, para todos tinha uma palavra de ânimo e de coragem. Exercia a pastoral dos migrantes do tempo. Padre Vicente sabia fazer-se amar e pelo caminho do coração podia anunciar o Evangelho. Quando chegava ao acampamento, os carreteiros sentiam-se felizes porque viam nele um amigo sincero.

Uma das características da vida de Padre Vicente era não saber dizer não, e era sua alegria ir ao encontro de todos. Ajudar, doar seu tempo e amor com plena e total generosidade. Não pensava que o dia  tinha 24 horas, assumia compromisso para 48 horas diárias. Estando em apuros recorria aos amigos sacerdotes ou leigos para que o ajudassem…Padre Vicente era tão santo que não precisava dormir, diziam os amigos que o viam sempre trabalhando, estava disponível de dia e de noite para os irmãos. Durante a noite a luz do quarto ficava acesa, era Padre Vicente que depois das fadigas diárias, dedicava-se ao estudo. Entrega total da vida

Não tinha vergonha de pedir dinheiro

Não se envergonhava de pedir, sabia que não era para ele e que tudo isso seria um meio para tornar-se missionário com os missionários.
Padre Vicente queria ajudar os missionários, e , desde o início do seu sacerdócio, foi procurando terços, medalhas, crucifixos para doá-los aos missionários que voltavam para a própria missão.
(Fonte:São Vicente Pallotti – A Caridade de Cristo nos impulsiona-Frei Patrício Sciadini, Ocd – Edições Loyola. Coleção Os fundadores, 1995)

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